Contra gays, Bento 16!

A imagem debilitada e sofrida de João Paulo II não denunciava sua postura política retrógrada que impiedosamente condenou as lutas que propunham justiça social e a ampliação dos direitos civis.

Podemos dar alguns exemplos disso: a forma como contribuiu para o des-mantelamento dos regimes do leste europeu, trabalhando junto com a CIA para a restauração do capitalismo; a intervenção conservadora durante a revolução sandinista, exigindo que os padres entregassem os cargos no governo revolucionário; a legitimação das ditaduras da América Latina como a de Pinochet; a imposição de voto de silêncio aos teólogos da libertação que pregavam a luta social.

Com a intervenção conservadora nas lutas políticas pelo mundo, seu papado produziu uma maior centralização do poder na Igreja, e um apego aos valores morais retrógrados e discriminatórios.

Não foi à toa que o papado de João Paulo II tomou esse rumo. Sua eleição foi articulada pela Opus Dei que, na definição de Juan Tamayo Acosta na Folha de S. Paulo é “uma organização católica elitista implantada em todo o mundo, com uma estrutura hierárquica rígida, enorme poder econômico, disciplina férrea acompanhada de terminologia militar (…), forte componente proselitista e tendência ao doutri-namento.”

Em troca, o Papa sitiou os cargos altos com eclesiásticos próximos da Opus. Nessa reformulação estava o cardeal de Munique que se tornou o teólogo principal do papado, Joseph Ratzinger.

O novo papa Ratzinger, denominado Bento 16, já apontou que enfrentará a crise da Igreja, a perda de fiéis e de importância com o aprofundamento da política de conservadorismo moral, condenação dos homossexuais, do aborto e do uso da camisinha.

Todo o processo de sucessão papal que acompanhamos nos faz pensar que a Igreja está fechada em um tempo medieval. Mas infelizmente ela tem projeto para a sociedade atual e, com Ratzinger, certamente trata-se de um projeto conservador, preconceituoso e elitista.