Exemplo de unidade na luta pelo direito à água e contra as demissões na Sabesp
A demissão de mais de 700 trabalhadores da Sabesp, em meio à mais grave crise de abastecimento de água da história do estado de São Paulo, é uma das marcas mais nefastas da política do governo Geraldo Alckmin e da direção da Sabesp.
As demissões são parte da reestruturação da empresa visando garantir seu nível de lucros e a valorização de suas ações negociadas em bolsa. Além das demissões a empresa tem promovido arrocho no salário dos trabalhadores, redução no pagamento do programa de participação nos lucros e resultados e retirada de direitos duramente conquistados, como as limitações ao acesso ao plano de saúde da Sabesprev.
Nenhum desses ataques encontrou uma resposta à altura por parte da direção do sindicato da categoria, o Sintaema, dirigido pela CTB/PCdoB. Diante de cada uma dessas medidas tomadas contra os trabalhadores, a direção do sindicato chamava Assembleias, falava grosso e depois recuava aceitando qualquer coisa que a empresa impusesse. Não houve um único dia de paralisação ou greve, nem uma única manifestação efetiva chamada pelo sindicato contra esses ataques.
Mas, no dia 1º de outubro, vimos um exemplo do que é possível ser feito para enfrentar a direção da Sabesp e o governo Alckmin. Uma manifestação com cerca de mil pessoas, convocada totalmente por fora da estrutura do sindicato, paralisou a Avenida do Estado e Nações Unidas no horário de rush e deixou um recado em alto e bom som diante da unidade administrativa da Sabesp na Ponte Pequena.
O Ato foi organizado pelo coletivo “Água Sim! Lucro Não!” em conjunto com o MTST e contou com o apoio de vários outros movimentos de juventude (Construção, Juntos, Rua) e também dos trabalhadores metroviários, além da própria CSP-Conlutas e o setorial ecossocialista do PSOL.
A manifestação tomou posição clara contra as demissões e foi a ação mais efetiva da campanha pela readmissão dos demitidos já tomada até agora. Trata-se apenas do início de uma campanha que pretende unificar a luta contra as demissões e pelos direitos dos trabalhadores da Sabesp com a luta da população de São Paulo pelo direito à água.
A crise da água em São Paulo tende a se agravar até o final do ano e mais e mais trabalhadores serão afetados, principalmente nas periferias. Nenhuma das obras iniciadas pelo governo oferece qualquer saída efetiva para a crise. Trata-se de um problema crônico que pode ter momentos agudos que beiram a catástrofe social e ambiental.
A unidade dos trabalhadores da Sabesp com os trabalhadores afetados pela crise da água é o caminho da vitória contra a política que vê a água apenas como mercadoria e não um direito. Da mesma forma, o Ato de 1º de outubro mostrou o caminho ao unificar movimentos combativos como o MTST e a CSP-Conlutas em torno a uma pauta concreta de luta.
O coletivo “Água Sim! Lucro Não!” continuará a organizar a luta pelo direito à água e pelos direitos dos trabalhadores da Sabesp, sempre buscando a unidade com o demais setores combativos do movimento.