Apesar das dificuldades, vitória política para os servidores federais em sua greve histórica!

Em uma das maiores greves de servidores públicos federais da história do Brasil, estes trabalhadores mostraram ao governo e ao capital financeiro e especulativo que não vão aceitar pagar pela crise econômica. Resultado: vitórias econômicas parciais, mas uma vitória política gigantesca.

Os servidores públicos federais realizaram a maior greve desde 2003, primeiro ano de governo do primeiro mandato de Lula. Foram quatro meses de paralisação, com aproximadamente 350 mil servidores e mais de 30 categorias paralisadas que mostraram não aceitar as perdas salariais e o sucateamento do serviço público executado pelo governo Dilma.

Os professores das universidades federais puxaram este grande movimento, por ter uma direção independente do governo federal. O ANDES-SN sempre teve um papel crítico, independente e combativo, o que é fundamental para a construção de alternativas de luta para os trabalhadores. E mostrou isto mais uma vez. Assim como o Sinasefe, que representa os servidores dos Institutos Federais.

Essas entidades vem construindo a CSP-Conlutas como uma alternativa de organização dos sindicatos e movimentos sociais que não aceitam abaixar a cabeça para o governo federal e para o capital. Estes sindicatos mostraram que não têm compromisso com a burocracia estatal, e sim com a base das categorias.

Por outro lado, a CUT, através da sua direção, que representa a grande maioria dos servidores em greve, segurou até onde pôde a insatisfação de categorias que têm salários muito defasados e que trabalham no dia-a-dia com condições precárias. Os 15,8% de reajuste parcelados em 3 anos, apresentados pelo governo Dilma, apesar de ser uma proposta rebaixada, foram aceitos de forma imediata pela maioria dos sindicatos dirigidos pela CUT. Esse reajuste sequer cobrirá, provavelmente, a inflação dos próximos 3 anos.

Será que não era a hora de encostar o governo contra a parede e aproveitar essa luta histórica para revolucionar o paradigma de falta de investimento e respeito no serviço público e sobre seus trabalhadores? Mas alguns compromissos orgânicos com setores do governo, ainda impedem que surja uma alternativa para os trabalhadores como um todo.

No caso dos professores das universidades federais, o Proifes, sindicato paralelo formado pelo PT e pelo PCdoB, militou contra a greve e impediu que o movimento avançasse ao assinar um acordo com o governo que, em parte, reajusta os salários, mas aprofunda a desestruturação da carreira.

De fato, vivemos uma época difícil para conquistas dos trabalhadores. Ainda vivemos sob ataque constante do capital, arrochando salários, demitindo, terceirizando, acabando com as aposentadorias, privatizando a previdência e demais serviços.

No início das greves, Dilma afirmou que não negociaria com trabalhadores parados. O governo chegou a propor a PLP 549/09, que pode impedir reajustes e concursos para servidores públicos em 10 anos! Um momento histórico desses, em que os centenas de milhares de servidores se levantam para resistir, conseguimos fazer o governo recuar e conceder reajustes.

Mas este processo deveria ter sido mais bem aproveitado. Temos ainda grandes embates, como a PLS 710/11, conhecida como “lei anti-greve” e vários outros ataques reservados aos servidores públicos. A única saída é fazer crescer a luta, derrotar esses planos e avançar para conquista de direitos. Estamos assistindo, nos últimos anos, uma crescente mobilização e reorganização dos trabalhadores, e unificar e dar conseqüência a essas lutas é imprescindível para conseguirmos construir um novo futuro.

Devemos aproveitar os saldos positivos desta grande greve unificada para construir um movimento de servidores federais que consiga maiores vitórias no futuro. E é esta a maior vitória desse movimento grevista: reconstruir toda luta dos trabalhadores pelos seus direitos, baseados na luta e organização independente, classista e pela base. Nossa grande tarefa é contaminar os demais trabalhadores para que se ergam, junto com os servidores públicos, para resistir aos ataques do capital.

Para isso, nós do Bloco de Resistência Socialista e da LSR temos proposto a realização de um Encontro Nacional dos Trabalhadores que unifique os  indignados, os sindicatos organizados na CSP-Conlutas, na Intersindical, da base da CUT e demais organizações dos trabalhadores para reorganizar a luta.

Se o governo e os milionários estão se preparando para a crise econômica, os trabalhadores devem se unir para resistir e criar organizações que construam alternativas econômicas, políticas e sociais para que o nosso futuro e de nossos filhos seja justo, igualitário, libertário e socialista!

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