Lições da greve dos professores estaduais de São Paulo

Os professores da rede estadual de ensino de São Paulo realizaram uma greve heroica por salário, emprego e melhores condições de trabalho. Foram 92 dias de paralisação. A categoria utilizou métodos radicalizados de luta para fazer com que a sua pauta de reivindicações fosse atendida.

Além das passeatas massivas, que tiveram a participação de milhares de pessoas, houve acampamentos, travamentos de rodovias e ocupações de diretorias regionais de ensino e da Assembleia Legislativa de São Paulo.

A categoria recebeu o apoio amplo de pais e alunos que, em diversas regiões do estado, realizaram atos e outros tipos de manifestações em apoio à greve dos professores.

Entretanto, mesmo com a utilização de métodos radicalizados de lutas e o apoio dos pais e dos alunos, a greve não obteve conquistas econômicas.

O Governo Alckmin tratou a greve com truculência, autoritarismo e mão de ferro. Não apresentou nenhuma proposta de reajuste salarial.

Esta postura do governo paulista é a mesma postura que têm assumido governadores e prefeitos em outras regiões do país, para fazer com que os custos do agravamento da crise econômica no país sejam jogados nas costas dos trabalhadores. Se Alckmin fizesse qualquer tipo de concessão neste momento, abriria um precedente para que outras categorias seguissem o exemplo dos professores estaduais de São Paulo.

Entretanto, o resultado econômico desta greve poderia ter sido outro, caso a CNTE e a CUT não tivessem sido omissas. Apesar de terem sido realizadas greves de professores em treze estados do país, a CNTE não teve a capacidade de unificar estas lutas e convocar uma greve geral da educação.

CUT nada fez para apoiar a greve

A CUT, por dirigir 90% dos sindicatos estaduais de professores, poderia ter convocado, também, um dia nacional de solidariedade à greve dos professores que foram e estão sendo realizadas em todo o país.

A greve dos professores estaduais paulistas, bem como de educadores em outros estados, poderia ter tido um outro desfecho, caso metalúrgicos, petroleiros, bancários e químicos paralisassem as suas atividades, por exemplo, por uma ou duas horas em solidariedade a estas greves.

Apesar da derrota econômica, há um aspecto político bastante positivo: o surgimento de uma nova vanguarda, com métodos radicalizados de luta e que não demorará muito para entrar em cena, novamente, no próximo período.

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