Crise hídrica se agrava em São Paulo
Depois de um ano e meio do início da crise hídrica em São Paulo, podemos ver que o problema está longe de ser resolvido. Rodízio mascarados e torneiras secas são uma realidade no cotidiano da maior parte da população, principalmente nas periferias. Hoje a situação está muito mais grave do que no mesmo período do ano passado.
O Sistema Cantareira, maior reservatório do Estado, está em total colapso. Mesmo que chova muito no próximo período, serão necessários mais de cinco anos para a situação se normalizar. A bacia do Alto Tietê, que abastece cinco milhões de pessoas, foi decretada oficialmente pela primeira vez em situação crítica. Ambos os reservatórios estão no negativo, captando a chamada reserva técnica – o famoso “volume morto”. Se a seca se prolongar, a água tem dias contados.
As principais apostas do Geraldo Alckmin foram pelo ralo abaixo. As obras emergenciais, conseguidas sem licença ambiental e sem as devidas licitações, estão atrasadas. A transposição do Rio Guaió para o Alto Tietê, que teve um gasto de quase 30 milhões, foi um fracasso, como já havíamos previsto, a obra acabou interligando duas represas secas. E é no momento de crise que a lógica privatista do saneamento se mostra mais danosa do que nunca. Em nome do lucro acima de tudo, a Sabesp demitiu mais de 600 trabalhadores desde o início do ano e há previsão de novas demissões. A empresa está substituindo os trabalhadores com qualificação por terceirizados que não têm treinamento suficiente para executar as tarefas.
Novas demissões e aumento da tarifa
O próprio Ministério Público entrou com ação contra as terceirizações na Sabesp, por identificar precarização do trabalho e irregularidade nas contratações. A empresa foi proibida de fazer novos contratos de terceirização de atividade-fim, além de realizar concurso para suprir a mão de obra irregular.
Tivemos aumento na cobrança de água por duas vezes consecutivas. Na capital, o aumento foi de 22,75% e há previsão de mais reajustes, em um momento que sequer a água é garantia.
Estamos consumindo uma água de qualidade duvidosa. Não é por acaso que, desde que começou a crise hídrica, casos de doenças como diarreia e hepatite se multiplicaram. Quando fecham a rede, a pressão diminui, resultado, o esgoto e a sujeira entram no encanamento. Para suprir a seca dos reservatórios, estão captando água da represa Billings, que tem um alto índice de esgoto e poluentes. Mesmo com tratamento, o consumo traz vários riscos à saúde.
Não podemos pagar a conta e sofrer as consequências por esses desmandos do governo do PSDB, que nesses 20 anos no poder não construiu nenhum reservatório. Mesmo sabendo que a crise era iminente, não investiu o suficiente em tratamento de esgoto ou na preservação de mananciais. O governo federal também tem sua responsabilidade pela atual situação hídrica. Os desmatamentos na Amazônia afetam diretamente na quantidade de chuvas na região sudeste. Além disso, graças ao código florestal e às políticas com o agronegócio, o que vemos é um incentivo e impunidade para quem destrói a floresta e planta soja.
Os trabalhadores e a população não podem pagar pela crise hídrica!
Precisamos ter acesso às informações, não aceitamos mais mentiras por parte do Geraldo Alckmin. A população precisa saber o estado atual dos reservatórios e assumir o controle sobre o abastecimento. Queremos nós decidir, de forma democrática e coletiva, quem vai ter sua água racionada e quem não vai.
- Prioridade para o consumo das pessoas e não aos negócios de um punhado de ricaços! Em época de crise, o fornecimento deve ser garantido para o atendimento essencial nos bairros, hospitais e escolas.
- Basta de demissão de trabalhadores na Sabesp! Recontratação dos profissionais demitidos, fim das privatizações do abastecimento de água.
- Por uma Sabesp 100% pública e com controle social dos trabalhadores do setor e das comunidades.
- Por um plano de recuperação e proteção dos mananciais que, ao mesmo tempo, garanta moradia a quem necessita.