Preparar o terceiro turno das lutas!

O ano de 2014 está chegando ao fim. Ele será lembrado, com certeza, pelas diversas lutas realizadas pela juventude e pelos trabalhadores e por sinais mais concretos de esgotamento econômico e político do Lulismo. Uma das expressões desse esgotamento tem sido a estagnação da economia e a vitória apertada de Dilma Roussef no segundo turno das eleições presidenciais.

O primeiro semestre de 2014 foi marcado por várias lutas importantes: as greves dos garis do Rio de Janeiro, dos rodoviários, dos trabalhadores e professores da educação básica em diversos estados, dos professores, estudantes e funcionários das universidades públicas paulistas, diversas categorias do funcionalismo federal, metroviários de São Paulo e pelas lutas do MTST e outros movimentos populares por moradia. Além dessas lutas, foram realizadas diversas manifestações contra os gastos da Copa do Mundo e contra a criminalização dos movimentos populares.

A maioria dessas lutas, apesar de não terem sido unificadas, acabaram sendo vitoriosas, expressando a correlação de forças que foi estabelecida a partir das jornadas de junho de 2013.

As lutas do primeiro semestre, não foram massivas como as de 2013, mas tiverem um aspecto bastante progressivo: as ações organizadas da juventude e dos trabalhadores através das suas entidades e movimentos. Em muitas dessas lutas, as direções pelegas dos sindicatos foram ultrapassadas pela base de suas categorias.

Já no segundo semestre, apesar de termos greves importantes, com destaque para a dos trabalhadores dos correios, dos bancários e a continuidade da greve das três universidades paulistas, as eleições gerais do país acabaram recebendo maior atenção da população.

O resultado das eleições mostraram um aumento do descrédito da população em relação às instituições políticas. No segundo turno, mais de 44 milhões de pessoas deixaram de votar ou votaram em branco ou nulo. O grande responsável pelo aumento dessa descrença na política foram os 12 anos de governos do PT. Nesse período, Lula e Dilma deram sequência e aperfeiçoaram as políticas neoliberais, bem como os métodos corruptos dos tucanos que, no caso do PT, se expressaram no “mensalão” e, mais recentemente, no “petrolão”, o escândalo de corrupção na Petrobras.

Apesar de ter ocorrido um crescimento eleitoral importante do PSOL, mesmo sem uma frente de esquerda socialista a nível nacional, é inegável que o setor majoritário da população, principalmente o da juventude, acabou enxergando Marina Silva e Aécio Neves como alternativas de mudança.

Entretanto, nem mesmo durante a campanha eleitoral, Marina Silva e Aécio Neves chegaram a apresentar alguma diferença fundamental em relação à política econômica implementada por Dilma Rousseff. Os tucanos, quando estiveram na presidência do país, implementaram uma política de ataques expressa pelas privatizações, contrarreformas neoliberais, arrocho salarial, corte de gastos nos setores sociais e de repressão e criminalização dos movimentos sociais.

Como havia mais semelhanças entre Dilma e Aécio, os marqueteiros foram obrigadas a realizar, no segundo turno, uma campanha mais forte de “desconstrução” baseada em ataques de ordem pessoal.

Passado o segundo turno, em virtude do agravamento da situação econômica do país, Dilma já sinalizou que vai implementar tudo aquilo que acusou que Marina Silva e Aécio Neves fariam caso fossem eleitos. A primeira medida foi aumentar a taxar de juros e tudo leva crer que o novo Ministro da Fazenda será indicado pelos banqueiros.

Além disso, a atual equipe econômica informou que alguns reajustes de tarifas e preços são necessários ainda neste ano, como é caso da energia e gasolina. Mas as previsões de ataques não param por aí. Para 2015, o governo pretende aumentar o corte de gastos e retomar as privatizações de rodovias, portos e aeroportos e as contrarreformas neoliberais trabalhistas e previdenciárias.

Não bastassem estes ataques, há uma crise hídrica atingindo estados importantes, como é caso de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

No caso específico de São Paulo, mais de 75% da população já teve a sua vida prejudicada pela falta de água. O governo Alckmin, apesar de negar que há racionamento, poderá ser obrigado a antecipar, o término das aulas na rede estadual de ensino.

Alguns setores industriais, como é o caso de bebidas, têxtil e químico, já informaram que serão obrigados a demitir trabalhadores. Apesar de reconhecermos que vivemos uma das maiores estiagens da história no estado de São de Paulo, é inegável que o grande responsável por essa crise são os sucessivos governos tucanos que, nos últimos vinte anos, não construíram um único reservatório para a captação e tratamento de água.

Para garantir água para a população dos estados do país em que há crise hídrica, bem como barrar os novos ataques do governo Dilma, é necessário que ocorra em 2015 o que faltou em 2013 e 2014: a construção de um espaço amplo, democrático e construído pela base que permita coordenar e unificar todas essas lutas. Para nós, da LSR, essa construção passa pela realização de um Encontro Nacional dos Movimentos Sociais.

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