Fora Cabral! Vá com Paes!
Cabral foi um dos mais bem votados governadores do país na última eleição (reeleito com 66% dos votos), mas atualmente é o governador que possui o menor índice de aprovação, com 12%.Ele foi desmascarado, pelo favorecimento de empresas e empresários como Eike Batista; os abusos de poder como o uso do helicóptero público para transportar sua família; os desmandos violentos e autoritários através da criminalização da pobreza; e o sucateamento dos serviços públicos de educação e saúde.
Todos esses ataques à população feitos pelo governo Cabral foram canalizadas pelas jornadas de mobilização de junho, estenderam-se para julho e agosto, colocando-o contra a parede e o obrigando a rever algumas de suas políticas anteriores.
A crise política do governo Cabral e da polícia militar se agravou principalmente após o aumento da repressão aos manifestantes. A resposta do governador às lutas foi de reprimir para intimidar, e impedir a organização da juventude. Armamentos cada vez mais pesados da polícia, centenas de jovens sendo indiciados, como formação de quadrilha, perseguição às lideranças e sequestros relâmpagos. Uma postura clara de criminalização dos movimentos sociais.
Manifestações diárias
As manifestações são quase diárias exigindo o Fora Cabral. Manifestantes permanecem ocupados na frente da casa do Governador há semanas. Estas lutas obrigaram Cabral a desistir de derrubar a Escola Friedenreich, o Estádio de Atletismo Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio de Lamaree, que ficavam no em torno do Maracanã. Cabral devolveu a Aldeia Maracanã para os índios e está discutindo voltar atrás na privatização do Estádio do Maracanã, além disso, reintegrou os 14 bombeiros que haviam sido expulsos da corporação por causa de suas manifestações por melhores salários em 2011, por fim declarou que não haverá mais a remoção dos moradores da Vila Autódromo.
Esses recuos não serão suficientes para parar as mobilizações, pois o que a população do Rio de Janeiro quer é a renuncia do governador. As jornadas de junho, de modo pedagógico, ensinou ao povo que o que muda a vida é a luta, as ruas, e que portanto, o processo de mobilizações deve prosseguir.
Como reflexo destas lutas houve, em agosto, a ocupação da câmara municipal do Rio de Janeiro. Eliomar Coelho, vereador do PSOL, propôs a instauração de uma CPI dos transportes, diante da impossibilidade de recuo, o PMDB deu um golpe.
Os vereadores da base do governo de Eduardo Paes colocaram na presidência e na comissão, vereadores que haviam votado contra a instauração da CPI. A ocupação exige a anulação desta comissão golpista e a instauração de uma nova.
Bancado por empresas
O Rio de Janeiro se transformou na cidade que obedece diretamente o grande capital, ou seja, os interesses dos empresários e conglomerados financeiros se sobrepõe aos interesses dos trabalhadores. Isso ocorre porque tanto o prefeito quanto o governador obtiveram com esses mesmos grupos financiamento de campanha eleitoral. O RJ tem vários “donos”, mas a figura de Eike Batista se destacou nesse sentido, pois ficou evidente para a população sua relação quase patronal com Sérgio Cabral.
Em meio a tudo isso os profissionais da educação do Estado e munícipio entram em greve, por uma educação de qualidade, por maiores salários e melhores condições de trabalho.
Como vemos, o domínio do PMDB no estado e na prefeitura do Rio de Janeiro, base do governo Dilma, esta chegando ao fim. Sergio Cabral deverá renunciar no começo do ano que vem, segundo Picciani (presidente do PMDB-RJ), para tentar salvar a candidatura a governador do Estado de seu vice, Luiz Fernando Pezão. A antecipação da renúncia seria mais uma vitória importante das lutas e por isso as mobilizações nas ruas continuaram até o Cabral cair.
Contra a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais!
O RJ agora global produz o novo Porto Maravilha e exclui e desloca espacial e socialmente pobres para a periferia metropolitana, gerando uma cidade auto-segregada. O governo produziu áreas centrais renovadas, expulsando um grande número de moradores através de remoções sem garantia de nova moradia digna para os removidos.
As favelas abrigam um terço da população total da capital carioca e a polícia do RJ é a que mais mata no mundo principalmente neste território. A violência policial aumentou significativamente no governo Sergio Cabral que mata jovens inocentes geralmente pobres, negros, favelados, oficializando a criminalização da pobreza através de uma política de segurança pública que prioriza o extermínio.
A política de ocupações policiais nos morros para instaurar as UPPs é questionada por vários moradores que tiveram suas casas destruídas e invadidas, tanto pelos traficantes em guerra entre si, como pelos policiais. A polícia há meses está ameaçando entrar no complexo de favelas da Maré para instalar a UPP, gerando medo e terror psicológico nos moradores.
Cadê o Amarildo?
Em uma operação policial na Maré em junho morreram 12 pessoas, o que desencadeou um ato de mais de 2000 pessoas criticando essa ação da polícia, graças ao assenso de lutas que vivemos.
Sabemos que operações policiais que matam moradores nas favelas são frequentes, como no caso conhecido como cadê o Amarildo?, mas o que é novidade é que hoje as pessoas não aceitam mais isso e estão lutando nas ruas para denunciar essa triste realidade. O cadê o Amarildo? se tornou o exemplo emblemático, internacional, desta impossibilidade de silêncio.
E tudo isso é só o começo!
As lutas que aconteceram durante a Copa das Confederações de 2013, as jornadas de luta iniciadas em junho, são uma prévia para o que irá ocorrer durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Os Megaeventos acentuaram as contradições entre a ilusão “do Brasil grande e próspero” e a realidade da qualidade de vida precária dos trabalhadores.
Essa contradição potencializa as lutas e por isso a repressão às manifestações durante a Copa do Mundo deverá ser ainda maior. O Rio de Janeiro no próximo período se apresenta como o principal foco da luta de classes no Brasil.