Nota da LSR sobre setores do PSOL que se Aproximam do Partido de Marina Silva
A crise capitalista mundial tem gerado uma lenta recomposição política no cenário internacional. O crescimento expressivo das lutas em alguns países como Grécia, África do Sul e Espanha têm mostrado o quanto há uma resistência política dos trabalhadores ganhando força, ainda que num patamar aquém das necessidades históricas colocadas para a classe trabalhadora.
A burguesia busca a todo custo reformular seus instrumentos políticos e seu discurso de modo a renovar as esperanças no capitalismo. Do fascismo ao liberalismo, cada um da sua forma, busca-se reafirmar o capitalismo como a grande solução. Neste contexto surgem movimentos e partidos da ordem capitalista dedicados à velha conciliação de classe, mas com ares de modernidade, ética e novidade.
No Brasil, mesmo tendo uma situação mais moderada das lutas sociais, podemos observar o desgaste do discurso tradicional de direita. O que tem gerado algumas mudanças no discurso de partidos políticos e grandes meios de comunicação. A mudança de nome do PFL (atual DEM), o surgimento do PSD, as tensões internas no PSDB são consequências deste desgaste do discurso tradicional de direita e de uma necessidade de se contrapor à hegemonia do PT.
Eis que surge a Rede Sustentabilidade ou, como chamam costumeiramente, o partido da Marina. Com a palidez do oportunismo, o partido se apresentou em sua convenção de fundação no dia 16 de fevereiro como nem um partido de oposição, nem governista; restrito quanto a financiamentos, não aceitando verbas de empresas de bebidas, agrotóxicos, armas e cigarros; adepto da transparência on line como demonstração de sua ética.
Apesar das supostas novidades, há muito pouco de novo. Os padrinhos do novo partido são expoentes do grande empresariado nacional. Guilherme Leal, o candidato a vice-presidente em 2010 pelo PV, segundo a revista Forbes é detentor de uma fortuna de US$ 1,6 bilhão. Reconhecido como fundador da empresa Natura pode se orgulhar da empresa que é acusada de biopirataria e precarização do trabalho. Outra fundadora é Maria Alice Setúbal, uma das herdeiras do banco Itaú, tida como a responsável pela campanha financeira da fundação partidária.
Não precisa ser muito esperto para concluir que não será um partido aliado do PSOL, que defende o socialismo. Diferente da Rede, o PSOL nasceu como uma alternativa ao fim da combatividade do PT, do abandono do seu caráter anti-imperialista, da perda de sua independência de classe, da sua adesão ao governismo da direita tradicional com o fisiologismo. Saímos e construímos algo de fato novo, que se propunha a de fato fazer diferente. Construir um instrumento dos movimentos sociais para a luta e construção do socialismo. Ainda que tenhamos falhas, temos uma construção com princípios.
Alguns militantes que participaram deste importante processo, agora se bandeiam pro outro lado. Sob o argumento da novidade, da ampliação para o grande eleitorado seguem o caminho do cinismo e do oportunismo. Heloísa Helena, Jefferson Moura, Martiniano Cavalcante, Elias Vaz e outros rompem com todos os princípios que tornaram o PSOL uma realidade e aderiram ao novo-direitismo-verde de Marina. Perderam o debate interno no partido e de forma autoritária, desconsiderando nosso acúmulo, lançaram-se em apoio ao novo partido de Marina utilizando-se de seus mandatos pelo PSOL.
Esta postura desses setores só nos mostra que mudaram. Abandonaram o caminho da luta pelos direitos dos trabalhadores para virar colegas de partido de empresários. Agora estamos em lados opostos. Que sigam o seu caminho. Sua saída do PSOL deve ser formalizada o quanto antes. Mas nós continuamos. Nosso PSOL é para construir o socialismo com liberdade, sem qualquer tipo de opressão. Nada mais insustentável que buscar humanizar ou dar ares de sustentável ao capitalismo.
Não devemos fazer aliança com este partido que é apenas mais um na lógica eleitoral. Que a direção do PSOL tire todas as conclusões desse episódio e reafirme a importância da Frente de Esquerda junto aos companheiros do PSTU e PCB e dos movimentos sociais combativos e classistas, que se somam a nós nas lutas pela construção do socialismo.
Em defesa do PSOL! Pelo socialismo e a liberdade!