Nota de posicionamento da LSR sobre votação no DM PSOL-SP
No dia 13 de fevereiro ocorreu uma reunião do Diretório Municipal de São Paulo em que um setor apresentou uma proposta de adiamento da data de inscrição das pré-candidaturas para as prévias que deverão definir as candidaturas majoritárias do PSOL no município. Por essa proposta não haveria qualquer alteração nas datas e dinâmica das Plenárias, espaço onde ocorrerá o debate na base do partido. A primeira Plenária estaria mantida para o dia 15 de março.
A LSR entende que esse adiamento não prejudica em nenhum aspecto as prévias, sobretudo porque isso não impede que as chapas que já estão definidas se apresentem publicamente antes disso, se assim quiserem, como foi o caso do lançamento da pré-candidatura da companheira Sâmia no dia 08/02.
Infelizmente, uma parte dos membros do Diretório Municipal, encabeçada pelo MES, optou por se retirar da reunião alegando que se tratava de adiar ou mesmo impedir o debate das prévias. Mas, está evidente que não é esse o caso. A LSR sempre defendeu prévias internas no PSOL, considerando esse um processo democrático legítimo e necessário.
Em nossa opinião existe o risco de que o debate interno seja marcado pela retórica demagógica que simplifica as diferenças internas e o conteúdo real do debate. Isso só serve para fragilizar o partido diante da imensa tarefa que temos nessa conjuntura. Entendemos que a aproximação do MTST, APIB e outros movimentos em relação ao PSOL e o ingresso no partido de seus militantes e dirigentes é muito positiva e tem o potencial de ampliar o alcance do partido.
Entendemos também que, para que isso se concretize de fato, é preciso que o PSOL e seus representantes públicos assumam um perfil e um programa marcadamente antissistêmicos, anticapitalistas e que apontem para a necessidade de uma nova esquerda socialista capaz de superar a velha esquerda da conciliação de classes. Esse perfil e esse programa precisam ser assumidos pela futura chapa majoritária em São Paulo e em todo o país. Sem abrir mão da unidade nas ações de luta contra a direita e os governos, é preciso que tenhamos um perfil político próprio destacado.
Guilherme Boulos, Sâmia Bomfim e Carlos Giannazi são todos nomes forjados nas lutas e que podem cumprir esse papel como parte de um projeto coletivo, ancorado na participação da base militante do partido, nas suas ligações com as lutas concretas dos trabalhadores e do povo oprimido. Sobre essas bases poderemos construir referências políticas capazes de atrair as camadas dispostas a construir uma alternativa política ao bolsonarismo e ao tucanato paulista e superar os limites de uma esquerda vacilante, adaptada à ordem e incapaz de fazer frente à direita.
Nesse momento, lutamos centralmente pela realização de um debate programático que eleve o nível da discussão e permita que nos preparemos para que sejamos uma forte alternativa de esquerda, independentemente do nome escolhido. A escolha do nome que nos representará é uma decisão vital, mas não é a única e precisa ser feita sobre bases políticas mais sólidas. Buscaremos contribuir nesse debate, incluindo na relação dessa base política e programática com um nome concreto na disputa municipal de São Paulo. Referendamos, inclusive, a proposta de um debate com as pré-candidaturas para além das plenárias municipais. Este ano, as definições de tática eleitoral ocorrerão no mesmo período do processo de Congresso do PSOL. Preocupa-nos também, nesse sentido, que o debate das táticas eleitorais possa interditar o debate das tarefas do PSOL para o próximo período, não limitando-se às eleições. Construir uma alternativa de esquerda pra valer exige um PSOL à altura do momento histórico.