Unifesp: a luta pela democracia e contra a precarização
No ano de 2006, o Governo Federal da Era Lula propôs o plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), agravando, na maioria das regiões, a total precarização das condições de estudo e trabalho no ensino superior. Não faltam exemplos: prédios alugados, bibliotecas mal equipadas, falta de trabalhadores administrativos e de professores, falta de moradias estudantis e restaurantes universitários. Fatos denunciados na greve nacional da educação em 2012.
Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), desde 2007, o processo de lutas contra a precarização da educação, causada pelo projeto Reuni do Governo Federal petista, foi intensificado e construído com os técnicos administrativos em educação, estudantes e professores que viram a universidade entrar num ciclo cada vez mais perverso. Obtivemos inúmeras vitórias políticas, enfrentando a burocracia universitária com estes setores do movimento.
Desfiando as chapas do PSDB e do PT
E, neste contexto, cansados das velhas promessas da grande ala conservadora que dizia sempre “estar encaminhando” as nossas pautas, propomos através da unificação das categorias o movimento chamado “Unifesp Plural e Democrática”. Este tinha como finalidade construir a candidatura das companheiras Soraya Smaili a reitora e de Valeria Petri a vice reitora da universidade, com um programa capaz de incorporar as pautas dos movimentos dos trabalhadores e estudantil da Unifesp.
Nisso, a Chapa de nossa companheira concorreu contra outras duas chapas: uma ligada ao PT, e outra chapa de direita, ligada ao PSDB, compostas por médicos ligados à reitoria, ao conservadorismo da velha Unifesp e aos Governos neoliberais de Lula, Dilma e Alckmin. Ambas sem trazer nenhuma proposta para os trabalhadores e pretendendo manter a mesma situação precária, os privilégios e a privatização.
Contudo, a Chapa 3 de Soraya Smaili, compunha propostas de criação de condições aos trabalhadores e estudantes para tirá-los da marginalidade que estão na Unifesp, pretendendo ser socialmente referenciada e contribuir para a transformação.
Nas eleições, na primeira fase, chamada de consulta à comunidade, Soraya obteve 51,3 % do total de votos. Essa votação ressaltou a insatisfação da comunidade e a rejeição à mesmice da direita. Na segunda fase, o resultado das eleições passou pelo Conselho Universitário da Unifesp, composto em sua maioria pela bancada conservadora e um vereador do PSDB como “membro da comunidade”.
Apesar disso, a chapa Plural e Democrática, saiu vitoriosa e teve 39 votos dos 66 membros, enquanto 22 votaram na chapa da situação e 5 votaram em branco. E, por fim, esta decisão, dando continuidade ao método antidemocrático, passará ainda pela Presidência da República, para sancionar a nova reitora da Unifesp.
A vitória está praticamente dada, um movimento para a transformação da Unifesp já está se formando e se estruturará para efetivar mais e mais lutas pelos direitos à educação e trabalho de qualidade.
Em nossa avaliação, a Chapa de Soraya traz elementos de transformação da universidade, mas é preciso que ela se mantenha progressiva e coerente com os movimentos que defendem uma universidade de qualidade e popular que apoiaram sua candidatura. A luta pela democracia está além da luta interna a Unifesp e a tantas outras universidades federais. A nova gestão tem que estar pautada numa perspectiva social da universidade, e não meramente gestora do caos que o capitalismo gera no setor público.
Projeto para a sociedade
Ela deve ser pautada na discussão acerca das condições dos trabalhadores da universidade, mas também como referência na luta pela transformação radical da sociedade. Necessitamos construir a universidade com os movimentos sociais combativos, avançar nas condições de acesso e permanência dos trabalhadores, e contribuir para que a educação corresponda com o projeto socialista revolucionário que temos.
A LSR atuará com firmeza e apoio crítico à companheira Soraya para continuarmos lutando pela transformação da sociedade e da educação.
Sigamos em frente e lutemos!