Unifesp Baixada Santista – estudantes em construção, campus em obras

16 de fevereiro de 2012. Estão reunidos na Unifesp Baixada Santista o prefeito de Santos João Paulo Tavares Papa, o reitor da universidade Walter Albertoni, a diretora do campus Regina Célia Spadari e o ministro da educação, Aloísio Mercadante, além de diversas autoridades locais. Motivo: inauguração do campus definitivo da Unifesp Baixada Santista. Porém, o que para as autoridades presentes era um “sonho realizado”, para os demais presentes não passava de um canteiro de obras. Sim, todas essas autoridades foram inaugurar um prédio ainda em obras e com quatro anos de atraso na entrega.

O campus Baixada Santista da Unifesp foi o primeiro campus da expansão desta universidade, que por muito tempo teve apenas o campus São Paulo e hoje conta com mais quatro campi, além dos já citados. Se por um lado, o número de vagas cresceu, a esperada qualidade não acompanhou este crescimento. De início, foram utilizados prédios alugados para viabilizar as atividades. Estes prédios não ofereciam a infraestrutura básica para uma educação de qualidade. Sem restaurante universitário, sem moradia, sem laboratórios adequados, sem complexo esportivo para o curso de Educação Física, com problemas graves como goteiras e infestação de pombos nos forros.

Greve de 2010 arrancou promessas

Em meio às lutas dos estudantes, como a que culminou na queda do ex-reitor Ulysses Fagundes Neto, envolvido em casos de corrupção, e na greve de 2010 que teve início na Campanha Unifesp pela permanência estudantil, as autoridades universitárias acabaram prometendo a entrega de um campus definitivo com infraestrutura adequada às atividades acadêmicas. A primeira promessa indicava a conclusão das obras em 2008!

A luta da comunidade acadêmica pela viabilização deste campus foi intensa. No projeto inicial, havia a previsão de desapropriação de cerca de cem famílias da região para a construção do campus. Durante a greve de 2010, estudantes, técnicos e docentes declaram apoio à luta dos moradores que protestavam contra essa possibilidade e, juntos, conseguimos que a desapropriação das famílias não ocorresse, mudando o projeto e desapropriando galpões comerciais.

Em 10 de junho de 2011, quando houve mais um atraso na entrega do prédio, os estudantes puxaram um ato, fazendo uma irônica inauguração do prédio, com direito a aula inaugural na calçada. Em 20 de janeiro de 2012, antes da inauguração e com o prédio visivelmente sem condições de utilização, ocorreu a colação de grau das turmas que concluíram seus cursos em 2011. Por motivo de segurança e como protesto, comparecemos de capacete à colação de grau!

“Melamos” a festa

Finalmente, no dia 16 de fevereiro deste ano, ocorre a situação citada no início deste texto. Autoridades presentes, após quatro anos de atrasos, inaugurando um prédio em obras. Mais uma vez, os estudantes mostraram a sua força. Com um manifesto em mãos, negociaram durante uma hora pelo direito de lê-lo na solenidade. Todas as autoridades disseram o mesmo: não! Os estudantes mostraram a autoridade dos que lutam e, gritando incessantemente palavras de ordem, conseguiram colocar o ministro da educação numa saia justa. Conseguimos ler o manifesto e “melar” a festa do governo, lembrando-o que se existem conquistas, elas vinham da luta das categorias.

Quatro anos depois de vencido o primeiro prazo de entrega, o prédio ainda está em obras. E pior: com estudantes, técnicos e docentes desenvolvendo suas atividades em meio a buracos não sinalizados e poças d’água. Estudantes de Ciências do Mar – curso novo criado para atender às demandas de empresas petrolíferas da região – ainda terão suas aulas num dos prédios alugados. Estudantes de Educação Física, ainda não têm seu Complexo Esportivo. Também ainda não está em atividade o bandejão. Dessa forma, os estudantes seguirão construindo a luta na Unifesp em obras. 

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