Nota Zero para o ENEM!

Muitas são as trapalhadas do MEC com a implementação do novo ENEM. Com a adoção, em 2009, do SiSu (Sistema de Seleção unificada), primeiramente o governo tentou divulgar na mídia e nas universidades um falso discurso que não existiria o vestibular, mas haveria um outro sistema no qual também se criava uma seletividade entre o público que quer entrar na universidade pública.

A política de padronização das provas no Brasil inteiro, além de desconsiderar o princípio constitucional de autonomia universitária à produção do conhecimento, também não leva em conta as particularidades regionais e culturais no processo de formulação de uma prova.

Embora o discurso do governo seja de colocar a classe trabalhadora para dentro da universidade, com a possibilidade de mobilidade estudantil, quem efetivamente poderá se locomover de um estado para outro, a fim de encontrar a melhor universidade que atenda os seus requisitos, se a política de assistência estudantil não garante a permanência do estudante na universidade? Cadê a moradia estudantil, bolsas sócio-econômicas, de pesquisa e extensão, transporte e passe livre universitário? Os níveis de evasão são altíssimos e a expansão da universidade com o REUNI não vão baixar esses números sem que se garanta condições mínimas de sobrevivência do estudante nas universidades. Bem, como estamos vendo, o SiSu já nasceu sendo uma farsa.

E como se não bastasse o caráter autoritário das políticas educacionais do governo Lula, que se deram através de medidas provisórias, pacote de leis, decretos e pressões, assim como o REUNI, PROUNI, Fundações ditas de apoio, Lei de Inovação Tecnológica, ENADE/SINAES, parcerias público-privadas, o Novo ENEM também foi aprovado dessa maneira: rápida, sem qualquer debate e por meio de pressões às universidades.

Além dessas questões levantadas, que constituem uma prova contraditória, os estudantes foram ultimamente surpreendidos, por vários escândalos. Já houve episódios de vazamento de prova, divulgação de gabaritos errados, cancelamento do exame do meio do ano e alunos retirados da lista de aprovados. E agora, o que mais poderemos esperar deste governo?

Política do governo favorece privatização

Está claro que a política do governo favorece a privatização, mercantilização e precarização da educação. O MEC coloca o ENEM na mão de empresas terceirizadas, que detém interesses financeiros particulares, para elaboração, impressão e realização da prova. Incentiva as parcerias público-privadas e vem demonstrando um descaso deste governo com a educação brasileira. Ao mesmo tempo em que os estudantes se sentem indignados e enganados, na busca por explicações, os grandes empresários da educação saem felizes, pois quem não passa na prova do novo ENEM para as públicas, terão que encher os bolsos dos donos de faculdades privadas. Com isso, sobrará aos trabalhadores a possibilidade de estudar nas ‘unisquinas’ e nos EAD’s (ensino à distância).

Sendo assim, o ‘novo’, ou melhor, o ‘velho’ ENEM está fadado ao fracasso, pois não se configura como alternativa para a democratização do acesso às universidades públicas, gratuitas e de qualidade. 

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