Belo Horizonte: retomar a cidade para os trabalhadores

Na capital mineira, a Frente de Esquerda BH Socialista, composta pelos partidos PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e PCB (Partido Comunista Brasileiro) lançou a companheira Maria Consolação, nº 50, como candidata a Prefeita. Seu vice é Antônio de Almeida Lima, antigo militante do “partidão”.

A Frente questiona a forma como os governos do PT e PSB vêm governando a cidade há duas décadas.

Os espaços públicos de manifestação vem se reduzindo cada dia mais, a cidade não pertence mais ao povo e aos movimentos sociais. A Polícia, a mando do Prefeito Lacerda, junto com o governo estadual do PSDB, ataca os movimentos sociais e retira trabalhadores acampados em luta pela casa própria, como aconteceu na Ocupação Eliane Silva e como tem se tentado sistematicamente contra a Ocupação Dandara, onde mais de 1000 famílias resistem em terreno particular na Zona Norte.

Lacerda, do PSB, atual prefeito, é ex-dirigente da Federação das Indústrias de MG, ex-secretário de Aécio Neves, e foi eleito com o apoio do PT, que tem o atual vice. Até três dias antes da eleição, era certo que repetiria a dobradinha com o PT, mas os desarranjos da coligação levaram ao rompimento, e então foi anunciado o ex-Ministro Patrus Ananias, do Partido dos Trabalhadores, que tem o apoio do PMDB e PC do B.

Na primeira semana de campanha, Lacerda declarou ter arrecadado mais de 1 milhão de reais, enquanto Patrus quase o mesmo valor. Assim, é a campanha dos milionários contra a campanha do tostão.

Infelizmente, a esquerda socialista também saiu dividida. Não soube romper suas dificuldades internas e, ao mesmo tempo, aproveitar o racha das candidaturas da elite empresarial, e, assim, o PSTU também acabou lançando candidatura própria.

Por trás da campanha de Lacerda, estão o PSDB e mais uma lista de 19 pequenos partidos, entre eles o DEM, PTB, PSD. Não há consistência ideológica, apenas interesses de cargos, que se dividem nas diversas secretarias e nas obras da Copa que paralisam a cidade.

Homem de negócios

Lacerda é homem de negócios e como tal dirige a cidade. As principais avenidas estão sendo cavadas para instalar o ônibus chamado BRT, enquanto a ampliação do metrô fica para as calendas, mais uma vez. Isto tem explicação: os donos do transporte coletivo não permitem abrir mão da boquinha e a população sofre e continuará sofrendo.

A política do PSB-PT-PSDB em BH chega ao absurdo de privatizar até ruas. Recentemente, o prefeito autorizou a venda de uma rua para uma imobiliária construir prédios. Arranha-céus são erguidos sem respeitar as leis ambientais, gerando mais problemas urbanos como o congestionamento de veículos, a poluição, a insegurança pública.Os discursos dos candidatos majoritários não trazem qualquer novidade. Patrus reivindica o Governo Dilma e Lula, enquanto Lacerda faz referências elogiosas a Aécio Neves e Anastasia. Por outro lado, não se ouve nada  a respeito das lutas dos servidores públicos federais, ou dos gastos excessivos do PSDB para fazer o novo Centro Administrativo, que custou quase 2 bilhões de reais, enquanto o povo pobre continua sem moradia e apinhado nos ônibus superlotados.

Também nada falam a respeito da situação precária da saúde pública. Na propaganda está tudo bem, mas na fila do SUS é que a população sente o drama, não se consegue marcar consultas e exames, cirurgias nem se fala.

Maria Consolação, do PSOL, é professora da rede pública municipal, militante socialista bastante reconhecida nas categorias de trabalhadores e no momento social, pretende fazer uma campanha focada na denúncia da situação que vivem os trabalhadores e a população mais pobre da cidade. Os gastos de sua campanha serão modestos, previstos para R$50 mil. Enquanto isso, Lacerda declarou R$35 milhões, e Patrus R$20 milhões junto ao TRE-MG.

As eleições deste ano acontecem em um momento que a crise econômica começa a apertar o bolso da população, diminuindo o acesso aos bens de consumo, aumento do endividamento, e também do desemprego. É um momento importante para se discutir que tipo de projeto as cidades precisam. E como não há cidade isolada do resto do País, é preciso discutir a economia, o emprego, o transporte, a saúde, a educação.

Uma boa oportunidade para a Frente de Esquerda BH Socialista dialogar com o povo, fortalecendo as opções de esquerda e construindo um projeto diferente do que a burguesia tem oferecido aos trabalhadores.