Quando o caso é grave, a solução é greve!
Esta é uma frase de grande repercussão entre os grevistas, que sem dúvida, além de extremamente impactante, esta carregada de significado de luta diante da conjuntura que nos é colocada atualmente. Lutar por uma educação de qualidade, é um dos elementos importantes que nos mobiliza e nos indigna dentro de um cenário mais amplo de ataques sofridos pela classe trabalhadora no último período. Ataques orquestrados pelo cruel e nefasto sistema capitalista.
Comandante desse sistema em nosso país, a presidente Dilma, apresenta claramente à que propósito veio e a quem está servindo, quando privilegia o pagamento da dívida pública e passa a encarar o setor público como gasto secundário, onde na divisão do bolo orçamentário do país, fica somente com a “raspa do tacho”! Não é difícil perceber o reflexo social que advêm dessas medidas arbitrárias: uma intensificação massiva e crescente das lutas em diversos setores que abarcam os trabalhadores brasileiros. Estes respondem através das greves que não topam o acordo de um só ganhador, de pagarmos nós, pela crise econômica.
Sucateamento do ensino superior
O processo de sucateamento que vêm sofrendo os IFES é mais um peixe nesse oceano de medidas contrárias ao interesse do povo. Seguindo a linha mercadológica e privatista, o plano do governo Lula/Dilma para reestruturação do Ensino Superior se mostrou mais como descendente proporcional da era FHC, do que uma real modificação positiva para a popularização do Ensino no Brasil.
Este plano impõe péssimas condições de trabalho aos docentes, acarretando em precárias condições de ensino, pesquisa e extensão. Diante destas condições adversas a categoria só poderia anunciar estado de emergência e clamar pela unificação das lutas: servidores, estudantes e professores. Que juntos numa greve nacional, forte e combativa, não tem aceitado as migalhas, realizando a pressão necessária para arrancar a custo de muitas lutas, algumas vitórias concretas.
Foi nesse contexto que a juventude da LSR, atuando no coletivo nacional Construção, percebeu a necessidade não somente de uma organização, mas de uma unificação dos campos da esquerda do movimento estudantil nesse momento tão adverso. Garantimos o máximo de participação e construção das atividades de greve e reuniões dos comandos locais por onde atuamos.
Entendemos a importância de ocupar todos os espaços do movimento estudantil, tanto organizado num contexto mais amplo de luta em defesa de uma educação publica de qualidade para todos e todas, através do coletivo Construção, como nos CA’s e DA’s, tratando das demandas mais específicas dos cursos no combate contra a precarização do ensino público.
No período de greve não é diferente. Trata-se de um processo chave, onde temos tido papel importante nas universidades que estamos, como a UFPB, UFG, Unifesp. Outro importante pólo de nossa inserção tem sido a UFF, onde participamos ativamente nos Comandos Locais, propondo atividades com o objetivo de não perder o caráter mobilizatório crescente, desde a ocupação da reitoria no mesmo período do ano passado. Temos contribuído significativamente na interação entre os campi do interior, construindo assembleias conjuntas e formulando calendários de lutas. Além disso, conseguimos garantir representatividade no Comando Nacional de Greve dos Estudantes (CNGE), que se instalou em Brasília.
Nesse espaço, a partir da conjuntura de negociações com o governo federal, propúnhamos atividades e indicativos de posicionamentos a serem colocados nas assembleias locais, bem como trazíamos essas pautas vindas de diversas universidades do país, para serem incluídas no documento geral de reivindicações, que foi, repetidas vezes, apresentado em reuniões com o MEC (Ministério da Educação e Cultura) e MPOG (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão). Que em uma degenerada política de ignorar os movimentos sociais, postergou e dificultou ao máximo os processos de negociação.
O CNGE construiu atos na esplanada com o objetivo de dar visibilidade ao movimento para um melhor diálogo com a população, pressionamento para que conseguíssemos um canal de diálogo aberto e democrático para expor nossas inquietações.
Construir a unidade nas lutas
Sem sombras de dúvida este momento se configura como histórico pra nossa juventude, não somente por se tratar da greve mais forte e representativa dos últimos dez anos, mas pelo potencial de unificação que ela tem revelado. Além da atuação conjunta entre os setores da comunidade acadêmica, o CNGE proporcionou o espaço pontual que precisávamos, no sentido de dar uma injeção de ânimo aos que já desacreditavam na possibilidade da construção de um espaço conjunto do movimento estudantil.
Espaço este que abarcasse todos os tipos de organizados e independentes, atuando em torno de um objetivo comum, superando a velha lógica da auto-construção. A greve tem nos mostrado que é possível propormos um Fórum Nacional de Mobilização Estudantil, que fuja da lógica burocratizada ou pelega das entidades, e tenha como meta conjunta, a valorização imediata do ensino público como alternativa à barbárie.