Universidades privadas na luta
A situação dos alunos e alunas das universidades privadas está cada vez pior. A falta de vagas nas universidades públicas abre uma brecha gigantesca para o crescimento das universidades privadas, muitas incentivadas pelos governos. Ou seja, a falta de investimento no ensino público e gratuito, que nos deveria ser dado por direito, passa a ser uma fonte de lucro para empresários do ramo.
Esses empresários e suas empresas são os chamados tubarões do ensino. A Kroton Anhanguera, por exemplo, é a maior empresa educacional do mundo, com mais de 1,5 milhões de alunos, abrangendo cursinhos pré-vestibular, cursos técnicos, ensino básico, além de universidades, etc. Ela lucrou quase 400 milhões de reais apenas no último trimestre. Ou seja, é uma verdadeira sanguessuga do ensino, incentivada pelo Governo Federal que, com programas como FIES (adquirido por mais de 250 mil alunos dessa empresa em 2014) e Prouni, já é responsável direto por cerca de 30% do seu lucro.
Os ajustes nas mensalidades chegam a ser anuais ou até semestrais, aumentando cada vez mais e muitas vezes irregularmente. O ensino à distância (EAD) também tem crescido, entrando no lugar de aulas presenciais o que, além de ser péssimo para o/a aluno/a que não tem acesso direto ao professor, abre margem para a demissão de vários profissionais qualificados.
O FIES, programa do Governo Federal que possibilita o financiamento parcial ou integral dessas mensalidades, tinha no início do ano 1,8 milhão de alunos matriculados. Porém, o programa sofreu diversos cortes no início do ano, fazendo inúmeros estudantes deixarem a faculdade. Muitos continuaram, mas foram obrigados a pagar as mensalidades integralmente, tendo que recorrer a emprestimos com juros altíssimos, oferecidos pelos bancos em parcerias com as universidades para que elas lucrassem mais ainda.
Falta política de permanência
A lógica do ensino pago reafirma a falta de políticas de permanência, impossibilitando que muitos estudantes concluam suas graduações. Muitos necessitam trabalhar e acabam por desistir de estudar para poder se sustentar. Outro grande problema é a falta de creches, fazendo muitas mulheres deixarem a universidade. Não há políticas de moradia. Preços dos bandejões, livros, xerox e materiais, todo o custo contabilizado no final do mês é extremamente alto na maioria das privadas, se tornando uma grande lacuna para quem sonha em ter o ensino superior.
A falta de espaços políticos (CAs, DCEs ou mesmo salas para discussões), ou até mesmo perseguição política e proibição de panfletar, abrem espaço para a falta de organização dos estudantes e de democracia na universidade.
O machismo, racismo e LGBTfobia são invisibilizados por não haverem espaços de denúncia, formação e discussão desses temas. A reitoria/diretoria, geralmente decide ações na base da canetada, sem ao menos consultar os/as estudantes, professores e funcionários.
Hoje, há dados que nos mostram que o dinheiro investido num aluno do Prouni ou FIES numa universidade privada abriria até três vagas na universidade pública, dependendo do curso.
Desde o início do ano, o Governo Federal cortou bilhões na educação. Esse governo tem mostrado cada vez mais de qual lado está governando: não é dos trabalhadores e da juventude e sim dos empresários. A lógica do PT em investir mais nas universidades privadas com seus programas é a de um contrato implícito: essas empresas apoiam seu governo e fazem doações nas campanhas, ajudando na mercantilização da educação.
Não é só o PT que vem precarizando ainda mais a educação. Essa lógica vem desde o governo federal do PSDB e todos governos estaduais, sejam do PT, PSDB, PMDB, DEM, etc. sucateiam o ensino superior público em prol do privado.
Unidade e luta!
O contexto para a juventude pobre é de caos e deve ser enfrentado com unidade e luta! Nesse contexto, é importante lembrar que universidades privadas têm suas pautas secundarizadas, com um movimento estudantil totalmente desarticulado, até por conta da falta de espaço e do forte assédio moral e limitações que a própria universidade impõe.
Contra isso e na tentativa de articular esse movimento muitas vezes até inexistente, está ocorrendo uma mobilização para um ato das universidades privadas de São Paulo, que ocorrerá no dia 02/09, quarta, na praça Liberdade (prox. ao metrô Liberdade) às 18h00. Haverá uma aula pública e a presença de professores e funcionários que somarão à luta e ajudarão a denunciar esses ataques que tanto eles quanto a juventude das universidades privadas vêm sofrendo.
Várias forças estão se articulando para garantir o ato, mas apenas com a unidade e a presença de toda a juventude mobilizada é que conseguiremos pressionar e barrar os cortes do governo e garantir mais investimentos na nossa educação.
Venha compor o ato conosco!