De volta às aulas nas federais: mais recursos para a educação, já!
Estamos finalmente retornando às aulas presenciais depois das universidades federais terem ficado fechadas por dois anos por conta da pandemia da Covid, que intensificou as crises social, econômica, e ambiental que vivemos hoje. Mas essa volta será um desafio, não só por conta da pandemia, mas também pelos ataques e cortes que as universidades federais sofreram ao longo dos anos e que se intensificaram no governo Bolsonaro.
A redução do orçamento das universidades públicas começou no segundo mandato de Dilma, mas acelerou com o governo Temer e a eleição de Bolsonaro. Esse projeto de desmonte da educação no Brasil continua e hoje a universidade só sobrevive (ironicamente) porque funcionou em formato de aulas remotas. Um exemplo disso é a UFRJ, que já disse que só conseguiria voltar às aulas presenciais em sua totalidade em abril de 2022 com “necessidade de recebimento de recursos financeiros por parte da União”, além do dinheiro já previsto. Hoje estamos com menos recursos do que antes da pandemia com o orçamento aprovado de R$5,3 bilhões para este ano, sendo que o de 2019 foi R$6,1 bilhões. Ou seja, as universidades não estão preparadas para o retorno às aulas presenciais
Estes cortes também estão impactando a pesquisa e a ciência nas universidades. Recentemente, o Ministério da Ciência e Tecnologia teve 87% de sua verba cortada, fazendo com que o orçamento da pasta científica caísse de R$690 milhões para apenas R$89 milhões! Isso significa que bolsas de pesquisas são cortadas e pesquisas terão que ser deixadas de lado. Issoé um crime, especialmente diante da pandemia! Sem a ciência e a dedicação dos pesquisadores não seria possível desenvolver vacinas, sendo que no Brasil são as universidades públicas que assumem esse papel.
Falta infraestrutura e equipamentos
A falta de recursos é evidente nos campi. Muitos se encontram com infraestruturas precárias e falta de equipamentos. O novo campus leste da UNIFESP em São Paulo está previsto para abrir sem um restaurante universitário, por exemplo. Muitas universidades não têm moradia para os estudantes.O auxílio estudantil e demais modalidades de bolsas , que já não contemplava a todos, serão cortados, ameaçando a permanência estudantil de muita gente.
Nos últimos anos mais jovens trabalhadores, negros e negras, indígenas, quilombolas e lgbtqia+, periféricos e estudantes de escola pública têm ingressado no ensino superior através das cotas. Mas vamos voltar às aulas com a ameaça de que essa política afirmativa pode acabar este ano. A lei será rediscutida no congresso nacional e tem chances de ser alterada ou até mesmo encerrada! Esta lei é a principal porta para que exista diversidade dentro das universidades e precisamos defendê-la!
Além disso, esses grupos são os que mais enfrentam dificuldades para se manter nas universidades. A crise e a pandemia têm um impacto maior nesses jovens que se veem excluídos e sem esperança no futuro. Para voltar à universidade eles vão precisar de auxílio estudantil, bolsas e outras medidas para sua permanência. E sabemos que a demanda vai ser alta porque a pandemia escancarou as desigualdades e o sistema capitalista é incapaz de atender as necessidades da população.
Condições de permanência
Vamos ter que lutar para garantir que os jovens possam estudar sem se preocuparem com o que vão comer amanhã, ou se vai ter a passagem do ônibus, entre outras coisas. A evasão nas universidades pode ser alta por conta da crise. Um exemplo disso é o de Matheus Henrique, 18 anos, que passou na Ufscar, mas teve que abrir mão da sua vaga “Por questões financeiras, não dava. Foi difícil. Meus pais ficaram desempregados, minha mãe engravidou, e tive que procurar emprego para ajudar em casa”. São inúmeras situações parecidas que estão acontecendo agora.
Isso tudo causa uma pressão enorme e afeta a saúde mental de muitos jovens. Muitos sentem que estão à beira do abismo devido a precariedade crescente que nos afeta. A assistência psicológica deve ser uma prioridade dentro das universidades,sendo disponibilizada gratuitamente. Temos que lutar para que isso seja garantido a todos, todas e todes!
A reabertura das universidades deve ser acompanhada de perto e com um investimento público concreto na educação para permitir a aplicação de medidas sanitárias.
Preparar a luta por mais recursos
Devemos exigir que o retorno das aulas presenciais seja seguro e devemos buscar estratégias para lutar por condições melhores para todos os estudantes e sua permanência nas universidades. Para isso é necessário lutar por mais verbas para o ensino público, rumo aos 10% do PIB para a educação! A única forma de garantir tudo isso será organizando a luta e a juventude tem que estar à frente disso. Devemos ir além e construir essa luta junto com a classe trabalhadora, os movimentos sociais e os sindicatos.
Se nós jovens estamos sem perspectiva de futuro, devemos entender que é porque esse sistema e governos não tem nada a nos oferecer. Cabe a nós criar um futuro através da luta. Só seremos vitoriosos organizados e com um programa socialista para transformar essa sociedade, onde as nossas vidas, histórias, cor de pele, identidade, e saberes não serão esmagados pelo sistema capitalista.
Junte-se a nós jovens universitários e vamos construir essa luta já!