Organizando pela base: Coletivo Mulheres da Noroeste
O Coletivo de Mulheres da Noroeste é um movimento popular de mulheres que moram nessa região da cidade de São Paulo. Há quatro anos elas realizam intervenções no território, criando uma rede de enfrentamento às violações de direitos, principalmente no que compete às violências contra a mulher, como por exemplo violência física, patrimonial/econômica e de proteção à vida das mulheres e seus filhos.
Para conhecermos mais sobre as Mulheres da Noroeste que realizam esse trabalho tão relevante, conversamos com Kátia Marinho. Moradora da região noroeste, militante ativa pelos direitos sociais e que compõem o Coletivo de Mulheres da Noroeste.
Como vocês desenvolvem o trabalho de promover o conhecimento e reconhecimento das violências contra a mulher e a rede de proteção das mulheres que sofrem com as violências?
“Desenvolvemos essa atuação porque a gente sabe o que a prefeitura e o governo oferecem para as mulheres em situação de violência ou risco de morte são muito precárias, falta muita infraestrutura e pessoas treinadas adequadamente para o recebimento da demanda. Às vezes, nem dentro da própria família a mulher encontra apoio. A gente procura ser esse apoio. As mulheres que têm os nossos contatos, sabem que estamos ali quando precisarem. Inclusive somos chamadas mais aos finais de semana e até de madrugada. Quando os agressores estão em casa.
Temos uma boa rede de contatos. A gente se movimenta com essa rede e assim consegue organizar para trazer toda a segurança para a mulher e seus filhos. E isso inclui casa mobiliada, abastecida com alimentos, etc. Já passamos por situações mais complexas, em que para defender a vida da mulher foi necessário fazer a mudança de estado.
Também precisamos socorrer mulheres contra a violência durante a pandemia. O desenvolvimento das nossas ações dependem muito das doações.
A gente organizava muitos bazares beneficentes, mas com a pandemia a gente precisou mudar, porque vieram outras necessidades, de alimentos mesmo. Eu não sei nem a quantidade de cestas básicas que nós conseguimos para atender as famílias aqui da noroeste. A gente também continuou desenvolvendo o consultório solidário de psicologia, mas passaram para o atendimento remoto.”
Fala um pouco mais sobre esses atendimentos?
“Com a aproximação de uma psicóloga ao Coletivo de Mulheres da Noroeste é que começamos a pensar como essa ação poderia se desenvolver. Iniciou com as mulheres do coletivo em 2018, e foi se ampliando, com a aproximação de mais psicólogos e mais pessoas atendidas gratuitamente. Conseguimos um espaço para a realização dos atendimentos e com a pandemia ampliou muito a procura.”
Em março de 2020, com o isolamento social imposto pela pandemia, grande parte da população ficou sem renda e passou a ficar mais tempo em casa. Também houve o aumento dos preços de produtos alimentícios e limpeza. O que isso mudou nas atividades e articulações que vocês faziam?
“Então que na pandemia a gente buscou outras formas para fazer a arrecadação de verba e outras coisas através de lives, rifas, mas não foi a mesma coisa. Percebemos muito os impactos, principalmente nas doações. Sabemos que todos os coletivos que dependem de doações têm sentido os impactos, as quantidades, valores doados, quem conseguia doar agora não consegue mais, mudou muito. Até as cestas básicas, que no início da pandemia a gente conseguia com facilidade, porque as pessoas tinham condições para conseguir doar, hoje não tem.”
Como quem quer participar das atividades do coletivo ou fazer doações pode encontrar vocês?
“Temos a página do Facebook Coletivo de Mulheres da Noroeste. Também faremos uma em ação no dia 06 de março, 10h, na rua Silvio Bueno Peruche, 589, Jardim Ondina, em prol do 8M.”