Resistência dos estudantes garante vitória na ocupação da reitoria da Unicamp
Quatro dias de ocupação e estudantes conquistam suas pautas de reivindicações
Na terça feira, 27 de março, estudantes da Unicamp ocupam, as 7 horas, a reitoria desta universidade para protestar contra o descaso com a Moradia Estudantil, pela autonomia para escolher seus representantes e contra os ataques a educação dos Decretos do Serra.
As reivindicações foram construídas em assembléias de estudantes e eram:
• FORA KÁTIA! Coordenadora do Programa de Moradia Estudantil (PME).
• Reforma imediata do bloco B da moradia que está, literalmente, caindo. Vale lembrar que o bloco já foi interditado.
• Que a Unicamp seja locatária de casas e seja responsável pelas despesas de aluguel, água, energia elétrica, manutenção e transporte dos desalojados do Bloco B.
• Ampliação de 500 vagas no Programa de Moradia Estudantil.
• Posicionamento oficial do Reitor contra os Decretos do Serra.
• Homologação, pelo CONSU, dos Representantes Discentes eleitos em processo organizado pelo movimento estudantil com mais de 4.000 votos em detrimento dos representantes eleitos no processo da reitoria com praticamente 200 votos.
Na terça feira a tarde recebemos o oficial de justiça com pedido de Reintegração de posse pedido pela reitoria, com prazo para desocupação até as 17h15 daquele dia. Em assembléia, instância na qual se deliberava todos os passos do movimento, decidimos resistir até que as reivindicações fossem atendidas. Cerca de 400 estudantes ocupavam a reitoria da Unicamp todos os dias. Para viabilizar a ocupação foram criadas comissões.
As primeiras medidas da reitoria para enfraquecer a mobilização foi efetuar o corte de energia elétrica, água e posteriormente telefone. Ainda assim continuamos a resistência.
Nas rodadas de negociações, feitas por estudantes, eleitos em assembléia para este fim, juntamente com pró-reitores, a reitoria inviabilizou a demissão da coordenadora a Moradia Kátia Stancato e a ampliação de vagas no programa de moradia. O reitor pronunciou que não seria um movimento de estudantes que faria com que ele afastasse a Kátia. A coordenadora havia pedido afastamento que foi negado pela reitoria.
A resistência continua!
A fachada da reitoria foi praticamente forrada por faixas onde palavras de ordem e reivindicações eram colocadas. ….
Para ampliar a ocupação e dialogar com estudantes da Unicamp que ainda não haviam se somado a luta, foi composta uma comissão de mobilização externa que trazia cada vez mais estudantes para a ocupação.
Na quarta feira, 28 de março, novo prazo foi dado para a desocupação: 17 horas. Após esse horário a reitoria poderia solicitar a desocupação pela Policia Militar.
No segundo dia de ocupação, mesmo com a reintegração de posse expedida, os estudantes ocupam mais um espaço da reitoria, a sala do CONSU,, como pressão política e demonstração de resistência.
Na sexta feira, quarto dia de ocupação, a reitoria abre nova rodada de negociações onde aceita boa parte das reivindicações e as demais havia sido flexibilizadas, porem contemplava nossas reivindicações.
1. Sobre a Moradia Estudantil, a Reitoria aceitou ser locatária de casas para os estudantes desalojados do Bloco B, bem como financiar os gastos relacionados (água, luz, transporte e manutenção). Aceitou também dar início às reformas do bloco condenado, realizar uma vistoria geral da moradia estudantil seguida das reformas necessárias. Partindo da necessidade da ampliação de vagas da moradia e de seu projeto inicial de 1.500 vagas, será criado um grupo de trabalho que indicará como se dará essa ampliação. É importante ressaltar que conquistamos a saída da agora ex-administradora do Programa de Moradia Estudantil, Kátia Stancato.
2. A questão referente à homologação dos Representantes Discentes (RD’s) voltará à pauta do próximo CONSU e serão retomadas as atividades do grupo de trabalho que avalia a questão.
3. O reitor fará seu posicionamento público crítico aos decretos do governo Serra em artigo a ser apresentado em breve no jornal O Estado de São Paulo.
4. A reitoria garantiu que não haverá punições ou medidas disciplinares contra os estudantes que participaram da manifestação.
A luta não acaba com o fim da ocupação. Para garantir que o compromisso assumido pela reitoria saia do papel teremos que estar numa luta constante. A luta vai muito além, o movimento estudantil tem o compromisso de organizar e construir a cada dia a luta contra os ataques a educação, em todos os níveis, efetuados pelos governo Lula e Serra.
A ocupação da Unicamp é vitoriosa não só pela conquista das reivindicações, mas porque mostrou ao país que o movimento estudantil organizado vai a luta e tem um comprometimento na defesa da educação pública, gratuita e de qualidade em todos os níveis.
Nossa tarefa agora é organizar e construir a greve indicada para 17/04, e mobilizações para barrar a Reforma Universitária.