PSOL-Campinas: Questão das alianças polariza encontro municipal
O Encontro Municipal do PSOL de Campinas ocorreu nos dias 16 e 17 de fevereiro, reunindo 59 delegados. O evento serviu para a regularização do PSOL nesta região e abriu algumas discussões cruciais sobre os rumos do partido nas lutas e nas eleições.
No entanto, o Encontro foi rea lizado em apenas um dia e o debate acabou ocorrendo de forma corrida, não permitindo um aprofundamento sobre questões de crucial importância para a militância do partido como: o processo de recomposição da esquerda, a construção de um novo instrumento sindical e popular de luta da classe trabalhadora, a intervenção do PSOL nas eleições de 2008, a posição dos socialistas em relação às políticas de ajuste fiscal nos municípios e um balanço crítico da experiência do PT.
Unidade na lutas
A pauta do encontro abordou conjuntura, eleições municipais e funcionamento e constituição do diretório municipal. O Socialismo Revolucionário interveio no congresso apontando para a necessidade de continuar a construir a unidade nas lutas, que começou no ano passado, e apontado como tarefa importante a construção de uma nova central sindical e popular.
Também levantamos a necessidade da intervenção do PSOL nas eleições municipais estar subordinada à meta de contribuir para a organização e fortalecimento das lutas da classe traba lhadora, apresentando um claro programa de ruptura com o capitalismo, sem criar quaisquer ilusões de que é possível mudar o mundo dentro dos marcos da institucionalidade burguesa.
Independência de classe
Por fim, colocamos a discussão sobre a importância de o PSOL manter sua independência de classe durante as eleições, aliando-se, em todo o país, apenas com os partidos que compuseram a Frente de Esquerda (PSOL, PSTU e PCB) em 2006. Com isso, descartamos qualquer possibilidade de fazer alianças com quaisquer outros partidos fora deste arco, tal como alguns setores do PSOL já estão construindo em algumas cidades no Brasil. Foi justamente sobre este ponto que existiu uma disputa apertada no encontro de Campinas.
Consideramos muito positivo o acordo existente entre todas as correntes que constroem o partido em Campinas de que nas eleições para prefeito e vereadores em nossa cidade priorizaremos a construção da Frente de Esquerda.
Mas também, por tudo o que foi colocado anteriormente, os delegados do SR defenderam que o Encontro deveria aprovar uma resolução que colocasse a necessidade do PSOL não extrapolar os limites da Frente de Es querda não apenas em Cam pinas, mas também nacionalmente, criticando os compa nheiros que em outras cidades estão buscando alianças com PV, PT, PCdoB ou outros partidos ditos de “centro-esquerda”.
Os setores majoritários do partido em Campinas (APS e Enlace) a proposta de que o Encontro deveria defender a Frente de Es querda apenas em Campinas e a proposta foi para votação.
Apesar deste Encontro ter mais ou menos a mesma correlação de forças que existiu no I Congresso Nacional e no I Congresso Estadual em São Paulo do PSOL, o resultado apertado da votação mostrou que há diversas dúvidas em amplos setores do partido quanto à política que vem sendo adotada pelos setores majoritários do partido nacionalmente. A votação resultou em 27 votos a favor de manter o texto defendendo a Frente de Esquerda apenas em Campinas contra 25 votos a favor de modificar o texto e colocar a defesa da Frente de Esquerda nacionalmente, além de 6 abstenções.
Aprender com os erros do PT
A defesa de uma política classista e socialista em que há uma clara subordinação das eleições à meta de organização e fortalecimento das lutas da classe trabalhadora, continua sendo um foco de importante disputa para o PSOL se construir enquanto uma alternativa realmente socialista para a classe trabalhadora no Brasil e não repetir os mesmos erros cometidos pelo PT no passado.
Dentre os vários problemas na base da degeneração do PT destacamos o foco eleitoralista e a redução dos limites da independência de classe. A importância de darmos uma resposta radicalmente socialista e revolucionária a estas questões continua sendo um desafio de grande importância para os militantes do PSOL. O resultado apertado da votação no Encontro mostra que há espaço para rebater as contradições das correntes majoritárias do partido.