Vamos com Boulos e Guajajara! Por um projeto de país para os 99%!
Este deve ser o tom da campanha eleitoral que começou no dia 16 de agosto: Somos a cara do novo, do povo, só assim disputaremos um projeto de país para os 99%.
A entrevista no Roda Viva, assim como o debate na Band, mostraram que estamos bem localizados para a disputa com os candidatos dos 1% – dos banqueiros, empresários, militares. E que temos condições com nossa chapa de ir para o enfrentamento contra candidatos e candidata que representam os “50 tons de Temer”, como foi bem dito por Guilherme Boulos no debate.
Sem dúvida esta é uma das eleições mais difíceis, numa conjuntura de golpe institucional, crise política e econômica, e com uma ampla gama de candidatos do sistema buscando se diferenciar com o uso de narrativas que vão de posições extremistas de direita à velha discussão de responsabilidade e experiência administrativa.
Temos a chance de disputar os votos do PT, assim como reencantar os que pretendem hoje votar nulo ou se absterem. Mas isso só será possível se levarmos até às últimas consequências os eixos da radicalização democrática, da política antissistêmica e popular.
Discutir sem temer a pauta da legalização do aborto, assim como colocar o dedo na ferida em relação às grandes fortunas e privilégios nos ajuda a aproximar os setores mais progressistas da sociedade, uma vanguarda ativista importantíssima. Mas para ganhar a ampla maioria – dos trabalhadores e trabalhadoras – é pré-condição dar respostas e apontar saídas para os problemas do cotidiano, como o desemprego, a carestia, a violência, a deterioração dos serviços públicos e a falta de perspectiva.
Pagamos com a vida pela crise
Apontar que nossas vidas importam é denunciar o quanto este sistema opera a partir do tombamento dos nossos corpos. O brutal assassinato da camarada Marielle Franco foi a triste constatação disto. Sua morte permanece nas nossas memórias, assim como a luta e combate ao machismo, ao racismo e a LGBTfobia. Não podemos esquecer que este extermínio levou milhares às ruas, no mundo todo, justamente pelo fato de ser uma dor compartilhada por milhares de pessoas.
A questão de opressões segue sendo uma das principais pautas nas campanhas eleitorais. A própria direita é obrigada a reconhecer isso diante das estatísticas nacionais. Álvaro Dias do Podemos e Bolsonaro do PSL protagonizaram um debate lamentável sobre o papel das mulheres na sociedade, mas são forçados a colocarem o tema na agenda.
Violência a serviço dos 1%
A cada duas horas uma mulher é morta. No que se refere ao genocídio da juventude negra, em 2015, foram 59.080 assassinatos. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans. Ou seja, existem sujeitos que pagam com a vida as escolhas e os privilégios da minoria. Trata-se de um sistema que cria a vulnerabilidade de alguns sujeitos, como forma de reduzir os valores da mão de obra e de manter os padrões da normalidade conservadora na sociedade. E tudo isso para manter os sistema em funcionamento a serviço dos 1% privilegiados.
O debate de combate a corrupção surge como oratória nos discursos de todas as candidaturas. Mas, excetuando-se o PSOL, todos os partidos e coligações do congresso estavam direta ou indiretamente envolvidos com a Lava Jato. Contudo, um passo a frente é defender que parlamentar deve ter salário de trabalhador qualificado, o que indica claramente que este não deve ser um cabide de emprego, e que os parlamentares devem prestar serviço a ampla maioria da população.
Além disso, discutir a redução da jornada de trabalho, sem redução de salário é uma forma de indicar que é possível aumentar o número de empregos, sem taxar os trabalhadores, reduzindo a margem de lucro dos empresários e banqueiros. Estatizar os bancos e reestatizar as empresas privatizadas, fazendo com que o povo, a maioria, tenha o controle da economia, enfrenta na prática a política de privatização defendida pelas candidaturas de Bolsonaro e Alckmin, por exemplo.
Estas questões não são difíceis de serem pautadas para um candidato que faz parte de um movimento social que ocupa terrenos sem função social, e assim conquista a construção de moradias populares. Ou mesmo para uma co-candidata que representa os indígenas no Brasil e a luta contra a destruição da terra e demais recursos, e que fazem parte de um partido que se construiu como oposição à política de conciliação de classes do petismo e como proposta de construção de uma nova forma de fazer política, sem pacto social ou clientelismo.
As armadilhas da imprensa burguesa e a contra ofensiva
As participações de Guilherme Boulos no Programa Roda Vida e no debate da Band teve uma grande repercussão. Até mesmo os aparelhos de comunicação da burguesia, como a revista Veja e outros, tiveram que constatar o quanto o PSOL havia se destacado, por conta da objetividade e das respostas diretas, revelando que o mesmo não tem compromisso com ninguém além da classe trabalhadora.
O jornal Estado de São Paulo fez um grande esforço para não mencionar o candidato do PSOL, e inclusive o fato do mesmo ter sido o mais procurado no Google, durante e após o debate. Citam o segundo mais procurado e se quer mencionam Boulos. É evidente o medo da direita de que nós, a zebra na leitura destes hegemonistas, saímos em disparada diante do baixo nível dos demais e da postura de “mais do mesmo” presente no discurso dos candidatos e candidata.
O cenário de modo geral ainda se mantém muito aberto e nós precisamos fazer uma contra ofensiva de informação fazendo o que melhor sabemos fazer: campanha de rua, o tête-à-tête, e o convite à luta.
A disputa eleitoral como parte importante do pós-eleição
As eleições será um fator determinante para o processo pós 2018. A única certeza que temos é que independente de quem ganhar as eleições o cenário de crise está posto, e devemos estar ainda mais fortes e organizados para impedir os retrocessos e seguir na luta em defesa de nossos direitos.
Devemos sair do processo eleitoral mais preparados enquanto partido e não é cedo para termos isso em mente, que vivemos o maior processo de organização da esquerda dos últimos tempos e um dos mais difíceis. O PT com todas as contradições consegue ainda um fôlego de sobrevivência pelo fato de não ser governo e se colocar no campo da oposição. Temos a árdua tarefa, sem sermos sectários, de nos diferenciarmos do petismo, nos construirmos como real alternativa e disputar com a direita e extrema direita.
O novo projeto de país
A história nos mostra que este novo projeto só poderá ser anticapitalista e socialista e não se dará de modo fragmentado, desarticulado com outros processos na América Latina e no mundo. Ao mesmo tempo que indica como as posturas autoproclamatórias que não apontam respostas e tampouco dialogam com os problemas do cotidiano estão fadadas ao esquecimento político.
Ter clareza sobre nossas tarefas nos ajuda a pensar as melhores táticas para apresentar um programa anticapitalista, socialista e popular nestas eleições. Foi dada a largada e agora é ocupar e reocupar as ruas!