Vitória de Leher na UFRJ – Por uma universidade crítica, autônoma e democrática!
Ontem tivemos uma vitória histórica para a educação no Brasil. Roberto Leher, professor da Faculdade de Educação e Denise Fernandes Lopes Nascimento, da Faculdade de Odontologia, ganharam a consulta para reitoria na maior universidade federal do país, a UFRJ.
Leher, professor da UFRJ desde 1988, desenvolve pesquisas na linha de políticas públicas para educação e instituições educacionais. Entre 1997 e 1998, foi presidente do sindicato dos docentes da UFRJ e, entre 2000 e 2002, presidente do ANDES (sindicato nacional dos professores universitários). Em nota, ele afirmou que “a campanha foi marcada por um protagonismo estudantil jamais visto na história da UFRJ”.
Com uma vitória apertada após uma campanha com acusações e calúnias da chapa adversária, tivemos a vitória de um projeto de universidade que reforça os princípios de ampla participação popular, que não sirva as interesses privados e produtivistas, defendendo o equilibrio no pilar ensino, pesquisa e extensão e lutando pela garantia de uma universidade pública gratuita e de qualidade, contra os cursos pagos e todo tipo de precarização.
No primeiro turno, a consulta contou com três chapas: a chapa 10 da professora Angela Rocha que representaria a continuidade da gestão de Levy, a chapa 30 da professora Denise de Carvalho representando um modelo neoliberal de gestão e a chapa 20 do professor Roberto Leher com um projeto “crítico, autônomo e democrátco”. Nesse primeiro turno, Denise e Leher venceram com uma diferença pequena.
O segundo turno foi marcado por dois projetos completamente antagônicos. Dentre os pontos polêmicos, estava a posição sobre a Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), um assunto muito caro aos setores da comunidade universitária que defendem a autonomia. A candidata da chapa 30, com sua posição pró-Ebserh, causou enorme repercussão.
Um vídeo gravado pela TV Adufrj, com mais de 10 mil visualizações, registrou a fala de Denise sobre as relações da universidade com as empresas: “A formação de pessoal qualificado para fazer pesquisa no âmbito das empresas é a principal missão da universidade”.
Denise, além da sua posição pró-Ebserh, defendeu a ampliação do cursos pagos sob o argumento de que traria investimentos para a universidade, afirmando ser a favor do modelo de terceirizações e das políticas de privatizações na universidade.
Leher, tanto em suas pesquisas quanto em sua militância, tem combatido a política educacional vinda do Processo de Bolonha, em que a educação passa a ser vista como mercadoria. Sob esse viés, Leher tem se posicionado contra as políticas neoliberais que vêm tentando reduzir a qualidade do ensino nas universidades públicas com metas produtivistas advindas desse paradigma neoliberal para a educação, cercendo seus fundamentos democráticos e mercantilizando o ensino, reduzindo a qualidade da produção científica nas universidades e tornando a universidade mais excludente e menos democrática.
As universidade brasileiras têm sofrido um desmonte desde a década de 1990, no contexto de políticas neoliberais de cortes e privatizações nas áreas sociais como forma de combater a forte crise econômica mundial da última quinzena do século XX.
A partir do início da gestão do PT, o processo de precarização e privatização das universidades federais avança com o enorme investimento em programas como FIES, PROUNI, REUNI e, agora, com a possiblidade da aprovação da PL da terceirização.
Como consequência, a UFRJ, assim como outras universidades federais, vem sofrendo desde o início do ano com cortes na assistência estudantil, quase abandono da moradia estudantil e falta de pagamento para os trabalhadores já precarizados das empresas terceirizadas.
Nesse contexto, é fundamental um reitor que consiga garantir que a universidade federal mantenha sua qualidade e, principalmente, sua função social, administrando de forma democrática, na contramão da maior parte das outras universidades federais.
A vitória de Leher contou com amplo apoio de movimentos sociais e de militantes de diversas organizações e partidos de esquerda. Uma experiência histórica que comprova a eficácia de uma frente de esquerda que tanto defendemos!
Agora, é necessário pressionar para que a vitória de Leher seja reconhecida pelo governo federal, para que não se repita o que ocorreu em 1998, quando Fernando Henrique Cardoso nomeou outro candidato a reitor, diferente do que havia sido eleito pela universidade, contrariando e revoltando a comunidade acadêmica. Precisamos mais uma vez da unidade de movimentos sociais e da frente de esquerda para garantirmos essa vitória!