Capitalismo: catástrofe para o meio ambiente

O ano de 2005 foi um ano de catástrofes. Iniciamos o ano em campanha de solidariedade com as vítimas do tsunami na Ásia, em agosto o furacão Katrina apagou do mapa cidades inteiras na sul dos EUA, e por fim um terremoto devastador na região da Caxemira fez milhares de vítimas fatais.

Em todos esses acontecimentos vemos a incapacidade do capitalismo em garantir segurança e socorro aos atingidos pelas catástrofes, potencializando os seus efeitos.

Um pouco de história

A década de 70 figura como um marco de emergência de questionamentos e manifestações ecológicas, em escala mundial, que defendem a inclusão dos problemas ambientais na agenda do desenvolvimento das nações e das relações internacionais. Essas preocupações refletem a percepção de um conflito crescente entre a expansão do capitalismo e o os efeitos destrutivos sobre os ecossistemas naturais.

Os impactos ambientais, até então percebidos como resíduos inevitáveis do progresso e da expansão capitalista, passam a assumir uma nova dimensão. A intensificação de problemas sócio-ambientais como os processos de urbanização acelerada; o crescimento e a desigual distribuição demográfica; a expansão descontrolada do uso de energia nuclear, com finalidades bélicas ou pacíficas; o consumo excessivo de recursos não-renováveis; os fenômenos crescentes de perda e desertificação do solo; a contaminação tóxica dos recursos naturais; o desflorestamento; a redução da biodiversidade e da diversidade cultural; a intensificação do efeito estufa e a redução da camada de ozônio e suas implicações sobre o equilíbrio climático, têm impactado a opinião pública mundial e atraído atenção para uma realidade até então pouco observada.

Diante dessa situação, a sociedade foi paulatinamente pressionando a incorporação da questão ambiental aos programas de governo nacionais e à agenda dos organismos internacionais. Em 1983 a ONU divulga o conceito de desenvolvimento sustentável, ou seja, definido como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras também atenderem as suas.

Desde a primeira conferência sobre meio ambiente, realizada em 1972 em Estocolmo, até a de Joanesburgo em 2002, passando pela Rio 92, pouca coisa mudou em relação ao combate à degradação ambiental. Relatórios são apresentados, notícias alarmantes são veiculadas pela mídia, metas e prazos são estabelecidos, mas pouco se avança, o que serve apenas para dar a falsa impressão de que algo está sendo feito pelo meio ambiente e pela qualidade de vida no planeta.

Tentam ganhar tempo

Dessa forma tenta-se amenizar as pressões da opinião pública e ganhar tempo para que grandes empresas possam aperfeiçoar não as tecnologias antipoluentes, mas as que, de maneira mais sofisticada, servem para continuar poluindo. Até mesmo os especialistas em questões ambientais que participam dessas conferências reconhecem que os prazos e metas estipulados deveriam ser levados mais a sério.

Os países avançados, que por sua vez também são os maiores poluidores do planeta, em geral se comprometem muito timidamente em assinar algum acordo internacional que estipule redução na emissão de poluentes, pois isso significa despesas para as industrias. Exemplo disso foi o protocolo de Kyoto, apresentado no Japão em 1997, que passou a vigorar em fevereiro deste ano e propõe a redução em 5,2% das emissões produzidas por combustíveis fósseis até 2012 para minimizar o problema do aquecimento global. Os EUA e Austrália se recusaram a ratificar este protocolo e os demais países ricos se comprometeram com metas irrisórias se comparado ao tamanho do problema.

A verdade é que as conferências da ONU sobre meio ambiente realizadas até hoje e o conceito de desenvolvimento sustentável não passam de tímidas intenções de minimizar os efeitos da degradação ambiental, ao invés de combater suas causas.

Diante do capitalismo o conceito de desenvolvimento sustentável é insustentável. Basta lembrar que o sistema de mercado não existe para atender as necessidades das pessoas, mas para atender aos desejos dos consumidores e a lucratividade dos capitalistas. Discutir preservação ambiental significa discutir também concepção de sociedade. Cabe a pergunta: estão os países imperialistas e as elites das nações subdesenvolvidas dispostas a mudanças e sacrifícios em prol do meio ambiente e da humanidade?

Seca na Amazônia

A insanidade capitalista torna-se nítida se observarmos o que vem ocorrendo na Amazônia e em Mato Grosso. Neste Estado, cujo governador é Blairo Maggi, também conhecido por “Rei da Soja”, está em andamento um brutal processo de desmatamento da floresta amazônica, que sede lugar às plantações de soja e à criação de gado. A atual seca na região explica-se em parte pela grande retirada da cobertura vegetal que vem ocorrendo nos últimos anos. Segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) no período de agosto de 2003 a agosto de 2004 o Brasil desmatou 26.130 km2, sendo que o Estado do Mato Grosso foi responsável por 50%.

Mas isso ainda não é o pior, pois há especialistas que dizem que os dados do INPE não correspondem à realidade e afirmam que metade da floresta amazônica já foi destruída. Este sim é o verdadeiro massacre da serra elétrica!

Não é raro ouvir pessoas dizerem que a ciência e a tecnologia existentes atualmente possibilitariam a redução, e em alguns casos até mesmo a reversão, de graves problemas ambientais. Essas pessoas, em parte, estão certas. Mas só em parte.

A culpa é do sistema

Em geral as ONGs ambientalistas também compartilham dessa idéia, isto é, afirmam que a tecnologia já criou meios alternativos que minimizariam drasticamente o impacto da ação humana sobre o meio ambiente. Mas então por que os problemas ambientais vêm piorando dos últimos anos para cá? Segundo as ONGs, o problema é a população e listam uma infinidade de precauções que as pessoas deveriam adotar ao comprar seus alimentos, mobiliar sua casa, abastecer seu veículo, comprar sua roupa etc.

Não percebem que os grandes interesses econômicos do capitalismo não respeitam idéias ecologicamente corretas e muito menos incentivariam tecnologias pró-meio ambiente que ameaçassem seus lucros. A energia solar só não é utilizada em larga escala por uma razão muito simples, o sol ainda é gratuito para todos.

Tratar a questão do problema ambiental meramente do ponto de vista do avanço tecnológico e de comportamento individual das pessoas, sem levar em conta a luta contra o próprio capitalismo, significa correr atrás do próprio rabo; atacar os efeitos e não a causa dos problemas.

É uma luta pelo socialismo

Foi-se o tempo em que se dizia que teríamos de preservar a natureza para nossos filhos e netos. Previsões de impacto sobre o meio ambiente que antes eram feitas para um prazo de 100 anos, foram sendo revistas para 50, 30 e até 10 anos. A crise ambiental já bate à nossa porta!

Uma mudança rápida e profunda precisa ser feita, mas o capitalismo é incapaz de resolver os problemas que cria, seja do ponto de vista econômico, social ou ambiental. A seca na Amazônia, as queimadas de florestas por todo o planeta, a intensificação de furacões e de seu poder de destruição, assim como a extinção de espécies animais e vegetais, entre outros problemas, não terão solução sob o capitalismo, pois por incrível que pareça, tem gente lucrando muito com tudo isso.

É necessário transformar radicalmente as bases econômicas da sociedade para que possa haver harmonia e não destruição. Uma economia planificada que mobilizasse o conjunto da classe trabalhadora e da juventude num grande projeto de recuperação do meio ambiente no Brasil e no mundo é a única forma de evitar o apocalipse ambiental que se aproxima. E isso só será possível numa sociedade socialista. Somente uma sociedade organizada de acordo com os reais interesses da humanidade será capaz de garantir um futuro saudável a todas as espécies.