Canteiros de luta – Obras do PAC em pé de guerra
O Brasil vive mais uma onda de lutas, algumas delas radicalizadas, nas grandes obras de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), menina dos olhos do governo Dilma e do “lulismo”. Somente em 2012 já foram cerca de 150 mil trabalhadores que fizeram greve nos canteiros do PAC por todo o país.
O início desse processo foi em 2011 com as explosões de greves nas obras das usinas de Jirau e Santo Antonio, em Rondônia, seguidas de greves e mobilizações em várias outras obras envolvendo trabalhadores da construção civil de vários estados brasileiros.
Depois de respaldar a demissão e perseguição de milhares de trabalhadores, a resposta do governo foi a criação da “Mesa Nacional Permanente para o Aperfeiçoamento das Relações de Trabalho na Indústria da Construção”. O objetivo era dar algumas concessões formais para pacificar os canteiros de obras. Mas, mesmo com a instauração da Mesa por decreto presidencial o que se viu foram mais lutas e mobilizações.
Os trabalhadores de Jirau e Santo Antonio paralisaram as obras no mês de março reivindicando melhores condições de trabalho e melhores salários. Em seguida vieram os trabalhadores das obras da usina de Belo Monte (que será a terceira maior hidrelétrica do mundo) localizada no estado do Pará, que entraram em greve no início de abril.
Nova greve em Belo Monte
No dia 23 de abril, a grande maioria dos sete mil trabalhadores da obra de Belo Monte estava novamente em greve reivindicando o aumento da cesta-básica, a redução dos intervalos de folga para a visita dos trabalhadores às suas cidades de origem, equiparação salarial, etc.
Em Belo Monte, os patrões representados pelo Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM), sequer acatam resoluções tomadas pela Mesa nacional da indústria da construção. Membros da Comissão de Base dos trabalhadores foram demitidos pela empresa. Cerca de 60 trabalhadores foram demitidos por envolvimento com a greve e houve forte repressão policial.
O governo Dilma, por sua vez, não faz nada para que essa situação se reverta, demostrando sua conivência com os patrões apesar da retórica de conciliação. Para piorar, promove a repressão e criminalização dos movimentos legítimos dos trabalhadores. O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Pesada do Pará, por sua vez, mostrou-se conivente com a perseguição de membros da Comissão de Base.
Além das greves nas hidrelétricas do PAC, uma poderosa greve atingiu as obras do Comperj, um complexo petroquímico da Petrobrás em construção em Itaboraí (RJ). São cerca de 15 mil trabalhadores que paralisaram a obra mesmo contra a vontade da direção do sindicato ligado à CUT e exigem reajuste salarial e aumento do vale-alimentação, além de melhores condições de trabalho.
Greves também têm sido deflagradas nas obras de reforma dos estádios para a Copa do Mundo de 2014. Oito dos doze estádios em reforma já foram palco de paralisações e greves desde o ano passado.
O papel da CSP-Conlutas e do sindicalismo classista
Construir uma base organizada para o movimento sindical combativo, classista e democrático entre os trabalhadores das obras do PAC é uma prioridade para o conjunto da esquerda.
A CSP-Conlutas tem que utilizar a Mesa nacional da indústria da construção para denunciar os acontecimentos de Belo Monte e das obras do PAC de forma geral. Tem que desmascarar a farsa representada pela ideia de pacto social promovida pelo governo, os patrões e as centrais governistas e pelegas.
As lutas dos trabalhadores nos estádios em reforma para a Copa do Mundo devem estar ligas à luta do movimento popular contra as remoções em massa e demais ataques relacionados aos megaeventos.
O conjunto do movimento sindical e popular independente de governos e patrões deve buscar a unidade de ação para fortalecer esses movimentos e apontar uma alternativa de organização para os trabalhadores.