A primeira greve do serviço público municipal em Rio das Ostras

     O Movimento de Junho abriu caminho para a reorganização dos trabalhadores no Brasil. No Estado e Município do Rio de Janeiro, o movimento grevista dos professores inspirou diversos outros setores, inclusive de outras cidades, a resgatar a greve, esta importante ferramenta de luta da classe trabalhadora. 

     Em Rio das Ostras, os trabalhadores do serviço público municipal, após uma greve dos guardas municipais; paralisação de professores; grandes movimentos de junho; ocupação de câmara; grito dos excluídos; fora Cabral; e outros diversos movimentos construídos pelos ativistas da cidade, construíram esta greve que foi motivada pela falta de diálogo do prefeito com o sindicato para tratar as questões do aumento salarial, valorização profissional e condições de trabalho.

     O prefeito, durante cerca de dois meses, não abriu diálogo, embora, já durante a greve, tenha afirmado na mídia local, TV, jornal, rádio, televisão e através de informativos da prefeitura com este fim, que “sempre esteve aberto ao diálogo”, e que “Rio das Ostras não possui dinheiro para um aumento superior ao proposto”, de 5,69%.

     A Câmara dos Vereadores aprovou o projeto enviado pelo prefeito em duas votações, em 12 e 13/11, sob muitos protestos dos servidores. O presidente da casa, vereador Nini, restringiu o número de pessoas na casa e proibiu a entrada com instrumentos que pudessem “fazer barulho”, além de proibir o uso de celular (com o intuito de não permitir a filmagem da sessão).

220% para os vereadores

     Alguns dos vereadores que eram situação no governo passado aproximaram seus discursos dos servidores para ganhar a simpatia deste setor. Carlos Afonso, antigo presidente da casa, corresponsável pela criação das quatro Secretarias que escandalizaram a cidade, pelo aumento de 220% para os vereadores, pela aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos sem a participação dos servidores, dentre outros, agora se coloca como oposição, dizendo que está do lado do servidor junto a outros vereadores.

     Do outro lado, o presidente da casa, Nini, que no governo laranja se demonstrava como oposição, inclusive “dialogando” com o sindicato, hoje aprova, junto a outros vereadores, a reposição salarial à revelia do que querem os servidores. Também mantém na casa um Regimento Interno que impede todos os assistentes de se expressarem e os populares de utilizarem o Púlpito.

     Na verdade, nenhum destes setores está do lado dos servidores. Estão criando uma guerra interna para disputa da presidência da casa. E esta guerra não é nossa! No momento que for necessário, eles se juntarão contra a população como já vimos diversas vezes nas homéricas oscilações de parceria entre Carlos Augusto, Sabino, Gelson e ‘Broder’.

     Por tudo isto, fez-se necessário um movimento grevista. Entretanto, o SindServ (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Rio das Ostras) demorou muito para dar respostas. A prática CUTista de priorizar a institucionalidade fez com que o movimento perdesse o momento histórico de modo que a greve só tenha sido deflagrada após a aprovação do dissídio.

     Em diversos outros momentos, ficou evidente que a direção do sindicato recuava quando era necessário avançar. Defendemos a construção da greve desde o início deste processo e acreditamos que a direção, muitas vezes sob o falso argumento da inviabilidade jurídica, desmobilizou setores importantes na construção deste movimento.

Aprendizados da primeira greve

     Acreditamos que o sindicato tenha de se responsabilizar pela construção da greve, garantindo a estrutura, rodando as bases para mobilizar, tomando a frente e avançando a consciência dos trabalhadores para a necessidade de ações que constranjam a inércia do governo diante do diálogo com a categoria.

     Saímos desta greve com muitos aprendizados e com a certeza de que este foi um dos momentos mais importantes da história política da cidade: a primeira greve dos servidores públicos municipais. Agora, temos de repetir os acertos e não cometer os mesmos erros rumo à construção de uma nova mobilização mais estruturada que obrigue o governo a recuar e traga novas vitórias aos servidores.

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