Ha algo podre no Distrito Federal – Fora Arruda!

As denúncias que colocaram Brasília nas manchetes de todos os jornais do país no final do ano foram desencadeadas com a operação Caixa de Pandora, no qual um (agora) ex-assessor pessoal do governador Arruda, denunciou um esquema de corrupção montado mesmo antes de o atual governo começar, no que ficou conhecido como o “mensalinho de Brasília”.

No esquema investigado pela Polícia Federal, a chefia do poder executivo, o governador José Roberto Arruda, o vice Paulo Otávio (ambos do DEM), e o assessor Durval Barbosa, eram intermediários de altas quantias financeiras que eram repassadas a ‘selecionados’ deputados da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Num esquema de propina, empresas eram favorecidas tanto pelo poder executivo, ganhavam licitações públicas e também tinham seus interesses defendidos pelos deputados nas votações da Câmara. Além destes, outros secretários do governo também estavam envolvidos no esquema.

O esquema antecede Arruda

O esquema, entretanto, foi construído antes do próprio Arruda chegar ao poder, já que a campanha desse foi irrigada com dinheiro dessas empresas fornecedoras.

Após as primeiras notícias da imprensa o que se seguiu foram vários vídeos com Arruda recebendo e entregando dinheiro a seus comparsas, alguns colocaram em meias, entre outras cenas das mais vexatórias, e a declaração absurda de que parte do dinheiro apreendido era para comprar panetones para famílias carentes da grande Brasília. Arruda continua no poder, mas teve que romper com seu partido.

Junto às denúncias, foram inevitáveis as mobilizações dos partidos de oposição, movimentos sociais combativos e demais entidades da sociedade civil indignadas com a corrupção. O PSOL-DF foi um dos primeiros a se posicionar formalmente ao lançar nota à imprensa e entrar com pedido de impeachment contra o Governador na Câmara.

Entretanto, as lutas dos trabalhadores e do povo de Brasília não podem ficar restritas à institucionalidade, pois a cassação do governador tem que se dar com 16 dos 24 deputados da câmara. Para piorar, no dia 21 de janeiro, os 8 deputados diretamente envolvidos com o ‘mensalinho’ foram afastados da câmara por determinação da justiça do Distrito Federal, esta ação, porém, não impediu o encerramento, ou pelo menos o adiamento, da “CPI da corrupção” orquestrada pelos aliados do governo Arruda, e afastando a possibilidade de um possível impeachment do governador.

Esse fato gerou um ascenso das lutas no DF que solidificou-se no movimento FORA ARRUDA. Na composição desse imenso fórum, temos várias forças, que vão desde PSOL, PSTU e PCB, ao PT, passando por entidades estudantis (como o DCE-UnB), organizações sindicais (CUT, Conlutas) e diversos grupos, entre eles também autonimistas, anarquistas, além dos movimentos sociais de luta do DF.

Série de mobilizações

Fizemos várias mobilizações até agora, com grande destaque para a ocupação da Câmara Legislativa do DF, no mês de dezembro, poucos dias depois das denúncias. Em vários desses atos, o movimento Fora Arruda tem encontrado forte repressão tanto por parte da Polícia Militar (como no confronto em frente ao Palácio do Governo), como contra pretensos ‘arrudistas’, alguns funcionários e pessoas escusas ligadas aqui ou acolá aos acusados do processo.

Assim, impõe-se para a esquerda um grande desafio. Tal desafio está mais relacionado ao foco, ao programa no horizonte a ser enfrentado. Essa é uma hora essencial para construir a denúncia contra todo o sistema não só de corrupção, mas político orligárquico e econômico de exclusão e exploração dos trabalhadores.

Desmanche dos serviços públicos

Já há muito que convivemos no DF com uma situação de desmanche do Estado nos vários serviços oferecidos à população, em vários campos: educação, saúde, transporte público, etc. As políticas neoliberais do governo são cada vez mais sentidas pela população e pelos trabalhadores do setor público, com as entidades de direito privado disputando internamente os espaços onde deveria haver servidores concursados trabalhando.

Além disso, o DF é uma terra fatiada pelos mais caros interesses mobiliários. O vice governador, Paulo Otávio, é dono de uma das maiores construtoras da região, e permanece intocado no cargo e na liderança do DEM do DF.

Percebemos também diversos locais que eram terrenos irregulares, onde foram construídas mansões que agora são regularizados, enquanto a população pobre da Cidade Estrutural é quase escorraçada, e as terras da reserva ambiental, onde fica o Santuário dos Pajés é leiloada para construção de Setor Noroeste de Habitações. Tudo isso faz parte de um projeto nítido da burguesia que pretende afastar os trabalhadores do coração do poder, o Plano Piloto de Brasília, o centro administrativo. 

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