Greve vitoriosa contra demissões na InBev da Bélgica
A AB InBev/AmBev, fabricante das marcas Brahma, Skol, Antártica e Boemia no Brasil, e várias outras marcas famosas em nível mundial, detém aproximadamente 30% do mercado de cerveja do mundo, com R$35 bilhões de faturamento anual. Ela emprega 116 mil trabalhadores em todo o mundo, com um patrimônio próximo de 100 bilhões de dólares, e no intuito de aumentar ainda mais este patrimônio, aprofunda a exploração de seus trabalhadores em todo mundo.
Aqui no Brasil, desde a fusão Brahma/Skol com a Antártica, milhares de trabalhadores perderam seus empregos, e não foi diferente após a fusão da AmBev com a Interbrew da Bélgica.
Agora novamente, com a fusão com a cervejaria americana Anheuser-Busch, a direção declarou que mais ataques serão feitos contra os trabalhadores, como arrocho salarial, retirada de direitos, aumento da exploração com flexibilização da jornada de trabalho (banco de horas) e demissões de milhares de trabalhadores em todo mundo.
Aproveitando o primeiro sinal de crise, cortaram direitos, reduziram a renumeração variável (PLR no Brasil), concederam aumentos abaixo da inflação e se iniciou um processo de demissões na Europa e a conta gotas no Brasil.
A reação dos trabalhadores foi imediata na Bélgica quando a AB InBev anunciou quase mil demissões na Europa, começando pela cervejaria Jupiler, demitindo 63 trabalhadores. Os operários reagiram, prenderam 12 gerentes dentro da fábrica e exigiram abertura de negociações e fim das ameaças de outras demissões.
A partir daí, varias mobilizações nas fábricas da AB InBev foram deflagradas por toda a Bélgica. Greves e bloqueios nas portas das fábricas estão ocorrendo todos os dias. No dia 15 de janeiro, a justiça determinou que os bloqueios fossem retirados das portas das fábricas ocupadas. Os trabalhadores recusaram e os sindicatos ameaçaram realizar uma greve geral em todas as unidades da InBev da Europa caso a Justiça use a força para remover os piquetes.
No dia 21 de janeiro a empresa recou. Ela retirou todos os planos de demissões e vai retornar à mesa de negociação com um “papel em branco”. Não há garantia de que a empresa não volte a fazer novas propostas de demissões. Mas essa vitória dá um ânimo aos trabalhadores para que continuem a se organizar, mostrando que a luta compensa.
Aqui no Brasil também passamos por todo tipo de ataques feito pela AmBev, com demissões, banco de horas, ausência de programa de PLR, salários cada vez mais arrochados e não se pode descartar demissões neste início de ano.
Em algumas unidades já começaram a demitir a conta gotas, como por exemplo, em Jacareí.
Em Jacareí, onde existe a maior unidade produtiva da companhia, ativistas da oposição e Cipeiros fizeram uma moção de apoio à greve na Europa e exigiram readmissão imediata dos trabalhadores demitidos e nenhuma demissão a mais.