Fora Yeda! Impeachment já!
Passados 32 meses do início do governo, os tucanos do Rio Grande do Sul jamais poderiam imaginar que chegariam a essa situação.
Yeda surgiu como a alternativa burguesa moralizadora e para fazer o ajuste fiscal num estado historicamente deficitário. Acontece que a jornada pelo déficit zero da governadora esbarrou em vários obstáculos: o calote às demandas sociais, não cumprindo preceitos constitucionais como 35% do orçamento para educação e 10% para a saúde, e a quebra de cerca de 500 milhões de reais na arrecadação.
Mas certamente o pior golpe para Yeda e seus seguidores é político: a incapacidade de formar uma equipe de governo, a qual foi quase totalmente substituída nestes últimos meses, além das recentes denúncias de corrupção e favorecimentos que acabam de vez com a estabilidade e a própria capacidade de governar de Yeda.
Manchetes em todo o país denunciam irregularidade na compra da casa da governadora, esquemas no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), os quais envolvem vários quadros da política do estado e inúmeras gravações que comprovam irregularidades nas arrecadações da campanha.
Protegida pelo sigilo judicial – absurdo por se tratar de uma figura pública – a governadora ainda resiste, apesar dos tramites de impeachment na Assembléia Legislativa, da CPI recém iniciada e da orientação do Ministério Público Federal (MPF) no sentido do afastamento da governadora pelas diversas suspeitas que pairam sobre ela.
A ação do MPF contém 207 páginas dedicadas a Yeda Crusius. O MPF afirma que Yeda, assim como os outros oito réus, participou da fraude no Detran, recebeu propina e ajudou na manutenção do esquema.
Lair Ferst, integrante da coordenação da campanha tucana em 2006, procurou o MPF no início deste ano para prestar depoimento e apontou o envolvimento dos nove demandados na fraude. Lair entregou gravações de conversas suas com o ex-assessor de Yeda, Marcelo Cavalcante, morto em fevereiro, em situação ainda nebulosa.
Com base numa das gravações feitas por Lair, o MPF ressalta que Flavio Vaz Netto, ex-presidente do Detran, teria dito que houve um “acordão” para a governadora receber 170 mil por mês do esquema de corrupção.
Os movimentos sociais, juventude e sindicatos combativos do RS vêm denunciando e fazendo muito barulho em frente ao Palácio Piratini, sede do governo.
Neida Oliveira, que é vice-presidente do CPERS (sindicato dos professores estaduais), dirigente da Conlutas e do PSOL, relata:
“A situação da governadora não chegaria à beira do caos se não fosse a força do CPERS junto com o Fórum dos Servidores Públicos. As denúncias de corrupção e a situação de calamidade que vivem os serviços públicos do Estado tomaram impulso e ganharam as ruas a partir destas entidades e só então os trabalhadores começaram a entender claramente o papel nefasto que cumpre este governo.
“Nestes mais de sete meses, os estudantes, secundaristas e universitários, e os movimentos sociais, como MTD, Via Campesina e muitos outros, juntaram-se aos trabalhadores do setor público e às centrais sindicais para derrotar Yeda e sua gangue”.
O PSOL também esteve presente no processo de denúncias contra a governadora com destaque na mídia:
“As graves denúncias de corrupção, apresentadas pelo PSOL em fevereiro, abalaram seriamente as estruturas políticas gauchas, repercutindo em todo o país. Porém, foi com a força dos movimentos que foi possível fragilizar o governo ao ponto de não ter mais nenhuma condição de promover as mudanças reacionárias que pretendia nos Quadros de Carreira dos servidores, especialmente dos professores”, complementa Neida.
“Esta luta ainda não terminou. Apesar do Ministério Público Federal ter acusado a governadora de chefiar uma “quadrilha” no Estado, a burguesia continua apoiando Yeda e a grande mídia, monopolizada aqui no RS pela RBS, afiliada da Globo, permanece blindando o governo e tentando abafar todos os escândalos. Iniciou-se agora uma CPI no parlamento. Atrasada e que, nesta conjuntura, favorece o governo, pois, as provas apresentadas à justiça pelo MPF são mais do que suficientes para o impeachment da governadora.
“Por outro lado, foi criado um Comitê Estadual pelo Fora Yeda, que terá o papel de ampliar as mobilizações, pois, até agora, apesar do grande apoio da população, as manifestações não conseguiram levar às ruas o conjunto dos trabalhadores.”