Parque de Serra deixa 3,5 mil famílias desalojadas

Com ofensivos anúncios publicitários, o governo do estado de São Paulo, de José Serra (PSDB), veicula que vai construir o maior parque linear do mundo. A área, ao longo da várzea do rio Tietê, abrange boa parte da zona Leste da cidade de São Paulo. Apoiado pela prefeitura da capital, de Gilberto Kassab (DEM), o governo estadual revela que o projeto faz parte da compensação ambiental da duplicação das marginais.

A região é, contudo, habitada por mais de 3,5 mil famílias, que o governo pretende desalojar para a construção do parque.

Serra vai gastar R$ 12,5 milhões com uma empresa para fazer o levantamento do número de famílias que perderão seus imóveis. Tal verba já daria para começar a indenizar parte dos moradores. Contudo, a preocupação com o direito à moradia certamente não está nos planos centrais do governo.

Para se defenderem, os moradores estão se mobilizando em assembléias por vilas e unificadas. Além disso, formaram uma Comissão para pressionar o poder público e para encaminhar as suas reivindicações.

Os moradores da região exigem que o governo estadual garanta casa própria para todos antes de qualquer outra iniciativa em relação à construção do parque. O Movimento de Urbanização e Legalização do Pantanal da Zona Leste (Mulp) e a Terra Livre – Campo e Cidade defendem as reivindicações dos moradores e pressionam o governo para garantir casa própria para cada uma das famílias antes de desalojá-las.

Moradores são ameaçados

Alguns integrantes da Comissão dos Moradores e do MULP estão recebendo ameaças explícitas e outras mais veladas por parte de assessores de parlamentares contrários às propostas dos moradores. Segundo Ronaldo, essas ameaças colocam em risco a vida dos integrantes da Comissão de Moradores. As autoridades já foram acionadas, contudo, ainda não há nenhum parecer claro. Tais iniciativas estão sendo encaminhadas ao poder público por meio do gabinete do Deputado Estadual do PSOL, Raul Marcelo.

Para Ronaldo Delfino, do Mulp e do Terra Livre – Campo e Cidade, somente a mobilização e organização dos moradores poderá impedir que muitos fiquem sem casa para morar.

Ronaldo revela que alguns parlamentares do PT foram à região defender que as famílias aceitassem integrar o Programa: “Minha casa, minha vida”, do governo federal. “Essa proposta significa, contudo, que os moradores terão que fazer financiamento pela CEF para pagar uma nova moradia quando a responsabilidade pela perda de suas casas é do governo.”

Membros da Sub-Prefeitura de São Miguel Paulista, também parte da zona Leste, propuseram à Comissão de Moradores do Jardim Pantanal realizar, na comunidade, um “Feirão da Casa Própria”. A proposta foi repudiada pela Comissão. “A nossa exigência é uma casa por outra casa”, enfatiza Ronaldo. O movimento já conseguiu que uma Comissão de Parlamentares da Assembléia Legislativa fosse formada para acompanhar o processo. 

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