Marina não é alternativa – Por uma alternativa anticapitalista e socialista nesta eleição!
A entrada de Marina Silva na corrida presidencial embaralhou a disputa eleitoral, trazendo incertezas sobre quem estará à frente do governo a partir de 2015. De acordo com recente pesquisa realizada pelo Ibope, o nome de Marina aparece com 29% de intenção de votos, 10 pontos a frente de Aécio Neves (19%). Dilma segue em primeiro lugar com 34%. No segundo turno, a mesma pesquisa aponta que Marina venceria as eleições com 45% contra 36% de Dilma.
Quando foi candidata a presidente em 2010, Marina Silva teve mais de 19 milhões de votos (19,4% da porcentagem total), ficando em terceiro lugar nas eleições daquele ano. Marina sabe como explorar as aspirações dos descontentes com a política, e tem usado isso a seu favor. Surfando na onda do sentimento anti-partido e aproveitando-se dos temas ambientais, a ex-petista está tentando fundar a Rede Sustentabilidade, um partido que tem medo de dizer que é partido. Em seu discurso, Marina diz representar a “nova política”, mas seu projeto está longe de ser algo novo.
Marina não é alternativa
Para concorrer às eleições deste ano Marina Silva filiou-se ao PSB, um partido da direita tradicional que abriga em seu interior usineiros, figuras reacionárias como Paulo Bornhausen e também oligarquias familiares.
A equipe que está assessorando Marina em seu programa econômico conta com Eduardo Giannetti, um neoliberal que já afirmou que existe uma forte convergência entre o PSB e o PSDB e propõe manter o famigerado tripé econômico baseado em metas de inflação, câmbio flutuante, ajuste fiscal e, além disso, a autonomia do Banco Central, uma exigência dos banqueiros e especuladores financeiros.
Não é à toa que setores do mercado financeiro começam a ver com bons olhos a candidatura de Marina, pois estão se convencendo que ela “beija a cruz do mercado”.
O compromisso da candidata do PSB com o sagrado mercado trará sérias consequências aos trabalhadores e jovens na medida em que cortes nas áreas sociais como saúde e educação serão realizados para garantir o lucro dos banqueiros e grandes empresários, assim como faz Dilma atualmente. Segundo Giannetti, é necessário fazer “ajustes duros”. O resultado disso será a precarização ainda maior dos serviços públicos e a piora da qualidade de vida para a maioria da população.
O vice de Marina é Beto Albuquerque, um homem com laços no agronegócio e que recebeu a missão de minimizar o perfil ambientalista de Marina, que, aliás, já se comprometeu em implementar o novo Código Florestal da bancada ruralista, criticado por ambientalistas e movimentos do campo por significar um tremendo retrocesso nas leis ambientais brasileiras.
Em 2004 Albuquerque esteve envolvido na aprovação do cultivo de soja transgênica no Brasil. Marina Silva, que era contra os transgênicos, passou a defendê-los a partir de 2008, cedendo à pressão dos ruralistas. De acordo com Marina e Beto Albuquerque, o pacto com o agronegócio está selado.
Marina rifou o meio ambiente
Quando ainda era ministra do Meio Ambiente Marina Silva fechou os olhos (e a boca) em relação à política antiambiental do então governo Lula. A transposição do rio São Francisco, antes criticada por Marina, passou a ser defendida em público pela ministra, contrariando as reivindicações das comunidades ribeirinhas e movimentos sociais, que defendiam a revitalização do São Francisco ao invés da transposição. Ainda como ministra, Marina fez vista grossa sobre as usinas de Jirau e Santo Antônio, levadas adiante por Lula e que trarão prejuízos ecológicos e humanos na região da bacia do rio Madeira.
Em relação aos direitos democráticos, Marina representa o retrocesso. É contra o casamento igualitário e contra a legalização do aborto. Ligada à igreja evangélica, a atual candidata saiu em defesa de Marco Feliciano (PSC), notório deputado federal homofóbico e racista que presidiu a comissão de direitos humanos da câmara dos deputados, dizendo que Feliciano foi duramente atacado por ser evangélico e não pelas ideias que defende.
Ao defender Feliciano, Marina tenta deslegitimar a pauta de reivindicações do movimento feminista, negro e LGBTT, criando a falsa ideia que o objetivo seria atacar os evangélicos. Marco Feliciano não foi criticado por ser evangélico, mas por defender, entre outras coisas, a “cura gay” e afirmar que “os negros são amaldiçoados”.
Dilma, Aécio e Marina são mais do mesmo
Embora Dilma e Aécio sejam os candidatos mais confiáveis da classe dominante brasileira, ambos representam projetos que já se mostram esgotados. Desde as manifestações de junho do ano passado Dilma não conseguiu recuperar sua popularidade e figura como a candidata com maior índice de rejeição, 34%, seguida por Aécio Neves, com 18%.
O governo petista foi marcado por privatizações, isenção de impostos para grandes empresas, sucateamento dos serviços públicos, estagnação e inflação na área econômica, forte repressão às manifestações contra os crimes da copa, criminalização dos movimentos sociais e ataque ao direito de greve, como foi o caso da greve do IBGE, na qual Dilma demitiu 189 trabalhadores.
Do lado dos tucanos não foi diferente. Em São Paulo e Minas Gerais a truculência foi utilizada para impor a política do PSDB. No caso paulista vale lembrar a forte repressão aos metroviários promovida por Alckmin e que culminou com a demissão de 42 trabalhadores. As prisões forjadas de Fábio Hideki e Rafael Lusvarghi também marcaram o governo tucano.
Merece destaque ainda a histórica crise de abastecimento hídrico, que está deixando milhões de pessoas, em sua grande maioria pobres, sem água em algumas regiões paulistas. O que é pior, não há solução a curto prazo para esse grave problema; pelo contrário, ele tende a se agravar no próximo período.
Ainda que os trabalhadores e jovens não tenham passado por uma experiência sob um governo de Marina Silva, há motivos de sobra para ter certeza que ela governará assim como tucanos e petistas.
O PSOL como alternativa anticapitalista e socialista
Os problemas econômicos e sociais do país não terão solução sob a lógica e os interesses dos grandes capitalistas. Para garantir lucros bilionários dos bancos e construtoras os governos de plantão retiram verbas dos serviços públicos, contribuindo para o sucateamento de escolas, hospitais, centros de assistência social, etc.
Não é a toa que grandes empresas são as maiores financiadoras das campanhas do PT, PSDB, PSB, PMDB etc. A verdadeira alternativa, portanto, pressupõe que a prioridade de um governo seja com os trabalhadores e jovens, não com empresas.
Por este motivo o PSOL defende a auditoria e suspensão do pagamento da dívida pública, para que a riqueza produzida pelo país seja destinada à maioria da população.
Acrescentamos que os setores chaves da economia deveriam passar para o controle público e a economia deveria ser democraticamente planificada para que se possa decidir onde investir e o quanto investir. Para sediar a copa do mundo, por exemplo, quem decidiu tudo foram os empresários e os governos, garantindo enormes lucros às empresas ligadas ao evento, mas nenhum benefício para a população.
Numa situação de estagnação econômica e alta da inflação pela qual está passando o Brasil neste momento, o controle democrático sobre a economia torna-se ainda mais necessário, pois as medidas adotadas até agora pelos governos e grandes empresários estão agravando o problema ao invés de superá-lo.
Vote nos candidatos do PSOL e venha construir conosco a luta pelo socialismo!