Março Vermelho – novos Pinheirinhos virão!

Após a violenta reintegração de posse dos moradores da ocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos, levada a cabo por mais de 2 mil homens da tropa de choque de São Paulo, os movimentos populares combativos de todo país, organizados na Frente de Resistência Urbana, elegeram o mês de março como o mês para denunciar a violência policial, o papel nefasto da justiça burguesa, a criminalização dos movimentos sociais e intensificar a luta pelo direito a moradia.

O Março Vermelho, como vem sendo chamada a jornada de lutas dos movimentos populares, teve início na madrugada do dia 02 de março, com duas ocupações simultâneas organizadas pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), uma em Embu das Artes (região sul da Grande São Paulo) e outra em Santo André, no ABC.

Não esqueceremos os crimes contra o Pinheirinho

No despejo violento e ilegal do Pinheirinho, onde a polícia lançou mão de bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, balas de borracha, espancamentos, prisões de moradores e até estupros de moradoras, contou com a ordem direta do governador Geraldo Alckmin/PSDB e do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Para que nunca se esqueçam dos graves crimes cometidos pelos policias, tucanos e pela justiça paulista é que as duas ocupações foram batizadas com o nome de Novo Pinheirinho.

A ocupação Novo Pinheirinho de Embu das Artes, num terreno do CDHU com cerca de 450 mil m2, conhecido como Roque Valente, foi ocupada por cerca de 750 pessoas, em poucos dias já contava com mais de mil famílias. O que explicita o gritante déficit habitacional da região.

Esse terreno, reservado para a construção de moradias populares a mais de 20 anos, hoje serve apenas para desova de cadáveres, estupros, uso de drogas e assaltos.

A polícia tentou retirar as famílias do terreno ainda no dia 03 de março (sábado), mas a resistência das pessoas e a negociação envolvendo o CDHU e o prefeito do município evitaram que acontecesse o pior.

Na ocupação Novo Pinheirinho de Santo André, cerca de 500 famílias, a maioria da antiga ocupação Nova Palestina, ocuparam o terreno particular de cerca de 50 mil m² no Jardim Santa Cristina.A ocupação se deve ao fato da CDHU, Caixa Econômica Federal e prefeitura não terem cumpridos os acordos firmados em 2010 para a construção de 400 habitações neste mesmo terreno.

Déficit habitacional

O déficit habitacional de Santo André é de 25 mil moradias, um dos mais altos da região metropolitana de São Paulo. Não por acaso a massificação da ocupação cresce a cada hora.

Estas duas ocupações foram apenas o início da jornada de lutas do Março Vermelho, muitas outras ocupações e manifestações estão programadas para ocorrerem durante todo o mês.

Agora no dia 08 de março, os acampados do MTST de todo o estado de São Paulo estarão celebrando o Dia Internacional da Mulher em frente o Comando Geral da PM, para exigir a prisão dos policiais envolvidos no estupro das moradoras do Pinheirinho.

O Março Vermelho demonstra que a luta pela moradia, está intrinsecamente ligada a luta contra o abuso de autoridade da policia, contra a criminalização dos movimentos sociais, da pobreza e na defesa do fim da violência contra a mulher.

A vitória dos Novos Pinheirinhos depende e muito da solidariedade de todos os ativistas dos sindicatos, partidos comprometidos com os trabalhadores e de todos que defendem o direito à moradia. Toda contribuição é importante, seja ela financeira, doações de roupas e alimentos ou mesmo a visita aos acampamentos.

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