É hora de partir pra cima!
Unir as lutas por salários, direitos, serviços públicos e contra a corrupção
Dilma perdeu quatro ministros em menos de oito meses. Além do ex-todo-poderoso chefe da casa civil Antonio Palocci, Alfredo Nascimento dos transportes e Wagner Rossi da Agricultura, todos acusados de corrupção, também o “tucano” confesso Nelson Jobim (Defesa) teve que pedir as contas.
Os governistas fingem que a queda dos corruptos e do tucano é resultado da faxina da presidenta. Difícil engolir. Dilma os conhecia bem. Conviveu com suas práticas e as práticas de seus ‘partidos-quadrilhas’ desde o governo anterior, do patrono Lula. Contra a vontade, acabou tendo que responder à insatisfação popular mesmo desagradando sua base de apoio no Congresso.
Quem vem em seguida? Turismo, cidades, quem mais? A absolvição de Jaqueline Roriz na Câmara mostra que a canalha corrupta se defende. E Dilma depende deles. Principalmente num momento crítico da crise internacional que cedo ou tarde deve afetar a bonança econômica brasileira.
Se a economia começar a fazer água e o governo começar a balançar vai ser um deus nos acuda. As denúncias vão chover e o “fogo amigo” vai correr solto. A queda do prefeito de Campinas (SP), por exemplo e a crise envolvendo vereadores e prefeitos de inúmeros municípios é apenas um sinal do que pode acontecer.
É verdade que as elites ainda têm o “Pelé” no banco de reservas. Lula está mais ativo que nunca. Articulando as alianças do PT com os mesmos ‘partidos-gangues’ nas eleições municipais, impondo candidatos, segurando a burocracia sindical, tentando controlar a base governista no Congresso. Se for preciso, sai da sombra.
Cenário mais complicado para o governo
Mesmo assim, o cenário tende a ser mais difícil do que aquele da crise do mensalão. Lula então pôde contar com um cenário externo favorável ao seu modelo retrógrado de exportação de produtos primários e fomento do consumo a crédito. Mesmo com a crise de 2008/09, as exportações para a China e o pacote de ajuda estatal aos bancos e empresas permitiu a recuperação da atividade econômica e certa estabilidade. A economia por sua vez permitiu a recuperação política.
A situação agora é outra. O ciclo de crescimento baseado no boom de commodities e crédito interno começa a chegar ao seu limite.
Os trabalhadores querem sua parte
O choque entre a expectativa dos trabalhadores em receber sua parte do crescimento econômico do último período com a intenção dos patrões de pisar no freio e se preparar para situações mais difíceis tende a provocar intensas lutas sindicais.
Da mesma forma, as políticas de contenção dos gastos públicos nas vésperas da tormenta, depois da farra dos pacotes de ajuda às empresas e bancos dos anos anteriores, tende a provocar um choque com o conjunto do funcionalismo e do movimento estudantil.
As importantes lutas desse ano apontam para uma retomada dos enfrentamentos de classe mais intensos. Essa deve ser a marca do próximo período.
É para esse cenário que a esquerda socialista deve preparar-se, mesmo reconhecendo as contradições e dificuldades que ainda existem.
Nesse novo cenário, o PSOL e o conjunto a esquerda socialista, também o movimento sindical, popular e estudantil combativo, todos têm um enorme desafio diante de si.
É preciso superar a fragmentação e a acomodação dos pequenos interesses particulares. É necessário afastar todo tipo de burocratismo e promover a organização pela base, democrática e militante. É vital a construção coletiva de uma alternativa política e programática que não se limite ao melhorismo do que está aí e que não se adapte simplesmente à lógica restrita da disputa eleitoral.
Teremos a chance de superar o isolamento e a fragilidade dos últimos anos, tanto política quanto organizativamente. Essa chance não pode ser desperdiçada.
Essa edição do jornal Ofensiva Socialista busca levantar com exemplos, situações e políticas concretas alguns caminhos para encarar esse desafio. Queremos conhecer sua opinião e queremos você junto conosco nessa luta. Junte-se a nós.