Pior que a corrupção é o sistema que se esconde por trás dela!
Lavagem de dinheiro, licitações fraudadas, empresas registradas em nomes de “laranjas”, tráfico de influência, propinas, liberações para construção irregulares e formação de quadrilha: as formas de corrupção são tão variadas quanto inumeráveis. E tomaram conta da administração de algumas das cidades mais populosas do estado de São Paulo, como Campinas, Taubaté e Taboão da Serra.
Os casos de corrupção geralmente envolvem todos os escalões dos governos, dos secretários à Primeira Dama e ao Prefeito, além de empresários, como empreiteiros e proprietários de rádios. Ou seja, o problema da corrupção não se resume à esfera da administração pública, mas envolve, também, a iniciativa privada.
Quando os corruptos são descobertos, os jornais, as revistas e os canais de televisão denunciam a corrupção como se ela fosse a única responsável pelo sofrimento do povo, como se a miserável situação em que se encontram os hospitais, postos de saúde, estradas, parques e escolas públicas fossem resultado exclusivo do desvio e roubo do dinheiro público.
Evidentemente, a corrupção é criminosa e prejudica – muito! – a destinação de verbas para saúde e educação públicas. Porém, é necessário reconhecer a corrupção não somente como causa de problemas, e sim como consequência de algo maior, que gera e perpetua a corrupção: o sistema capitalista.
Como diz João Bernardo, um militante e escritor português, a corrupção é apenas um óleo que faz abrir as portas. Mas quais portas? Aquelas das Câmaras Municipais, das Assembleias Legislativas Estaduais e do Congresso Nacional, que se abrem para quem pagar mais: empreiteiras, montadoras de automóveis, latifundiários, usineiros, banqueiros, enfim, grandes capitalistas.
Para sobreviver à concorrência característica do sistema capitalista, os capitalistas recorrem a todos os meios que estão às suas mãos, inclusive compra de vereadores, deputados, prefeitos e governadores, tanto diretamente, pagando-lhes propinas, como indiretamente, financiando suas campanhas eleitorais. E quem paga essa conta, depois? Os trabalhadores, cujo dinheiro é desviado da saúde e da educação públicas para os bolsos dos empresários por trás dos políticos – e para os bolsos dos próprios políticos, claro.
Portanto, apesar de gerar uma série de problemas, a corrupção é um problema gerado pela economia de mercado, pela concorrência entre os capitalistas. Nós somente começaremos a nos livrar da corrupção quando os trabalhadores se organizarem e começarem a construir uma economia livre das leis de mercado: um sistema socialista, controlado pelos trabalhadores, em todos os locais de trabalho e em todas as esferas de decisão.
Finalmente, a corrupção, além de esconder o sistema capitalista por trás dela, serve também para afugentar os trabalhadores da disputa política pelo poder, desesperançados com tanta falcatrua. Mas que lutemos de cara limpa, então! Financiando nossas próprias campanhas eleitorais e nos organizando para além das eleições, em cada local de trabalho!
O fim da corrupção, assim como a emancipação dos trabalhadores, será obra dos próprios trabalhadores!