Campinas: nem PT, nem PSDB! Não à corrupção!

O governo Hélio foi eleito em 2004, após uma apertada disputa com a direita tradicional, simbolizada por Carlos Sampaio (PSDB). Campinas acabara de passar pela experiência de 4 anos de governo do PT marcada por alguma esperança no início e angústia no final. Com a elite da cidade dividida, Hélio foi eleito.

Entre 2004 e 2008 a situação mudou radicalmente. Hélio foi capaz de construir uma grande e ampla frente. Nas eleições de 2008 sua coligação teve 12 partidos (PMDB, DEM, PTB, PP, PPS, PR, PC do B, PT, PSC, PMN e PRP) e obteve 75% dos votos válidos.

Utilizando a concessão de bolsas e outras medidas assistencialistas, o governo Hélio foi capaz de criar uma extensa rede de cabos eleitorais nos mais diversos e distantes bairros, mas sem que isso necessariamente significasse um apoio claro às suas políticas.

Num dado momento o acotovelamento de partidos e verdadeiras máfias dentro do governo assumiu proporções gigantescas e começaram a pipocar denúncias de corrupção.

O PSOL já vinha há muito tempo denunciando situações como a dos contratos superfaturados do Hospital Ouro Verde, onde houve mobilizações de moradores da região.

Com a insistência do Conselho de Saúde, foram rejeitadas as contas da área, mas isso foi apenas a ponta de um iceberg. A situação da saúde se reproduz nas secretarias de educação e assistência social. A situação dessas três pastas nos mostra como este governo beneficia a iniciativa privada em detrimento dos serviços públicos.

O que mudou com a queda de Hélio?

Hélio acabou caindo , mas o que de fato mudou? O governo Hélio foi acompanhado de perto pelo PT.  Demétrio Vilagra, o vice-prefeito do PT que assumiu o governo, sempre esteve ao lado de Hélio e não representa qualquer mudança.

Os indícios de corrupção contra ele são fortíssimos. Já há denúncias sólidas de que Demétrio recebeu R$ 60 mil de propina, além de outras envolvendo casos de favorecimento quando Demétrio dirigia o CEASA Campinas.

Todos querem ganhar votos para as próximas eleições, por isso não podemos descartar que surjam denúncias contundentes e, ao mesmo tempo, que se alongue uma disputa jurídica.

Muita gente do PT diz que as denúncias são um ataque da burguesia conservadora, um golpe contra os trabalhadores. É claro que existe de fato uma disputa, mas entre setores da própria burguesia. Infelizmente o PT agora está adaptado ao sistema capitalista, inclusive em relação à corrupção. Por outro lado, os partidos da direita tradicional, como o PSDB, estão longe de significar uma saída.

Praticamente todos os ataques à classe trabalhadora foram feitos em comum acordo: PT em nível federal e o PSDB no estado. Toda privatização em Campinas foi feita em comum acordo entre PT e PSDB. 

Movimento apenas dentro da Câmara?

 A Câmara Municipal de Campinas se viu obrigada a tomar uma posição de cassar Hélio devido à enorme insatisfação existente. Por isso, podemos dizer que há sim uma pressão popular.

A luta pelo Fora Hélio/Vilagra não é apenas um movimento de disputa de poder nos bastidores da Câmara. Ainda que existam elementos dessa disputa, a situação reflete sim um processo de luta de classes.

O PSOL precisa justamente ser um fator de mobilização popular. A vitória real só é possível se conseguirmos levar os trabalhadores e a juventude para as ruas. Isso sim será um fator para cassar Demétrio e chamar novas eleições. Com mobilização, o PSOL torna-se uma alternativa factível para os milhares de trabalhadores de Campinas.

O PSOL pode se transformar em uma alternativa concreta. Mas não devemos subestimar a capacidade de a burguesia se rearranjar e garantir uma alternativa eleitoral forte. Na verdade, isso só pode ser combatido na medida em que se fortaleçam as lutas nas ruas.

É preciso mostrar que temos como acabar definitivamente com a corrupção, garantindo uma auditoria de todas as contas da administração pública, sob o controle dos sindicatos, movimentos e entidades estudantis e populares, e garantir um controle direto de toda a população sobre os gastos públicos.

O papel do PSOL nas lutas

O PSOL é um elemento fundamental nas lutas. Se não fosse o trabalho dos militantes desse partido na Comissão Municipal de Saúde, ou impulsionando a greve do funcionalismo, a tendência seria de que essas denúncias passassem desapercebidas e o Hélio continuaria no poder.

Portanto, reconhecemos o PSOL como um partido necessário. Mas achamos que o PSOL deva assumir uma política classista cada vez mais clara. Isso implica em priorizar a luta nas ruas, ligar as greves às questões políticas, e não apenas priorizar as eleições. Deste modo, iremos construir o partido que a classe trabalhadora precisa.  

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