Greve SEPE: A Luta é de fato Educadora!
Depois de mais de 65 dias de uma greve histórica em todo o estado, os profissionais de educação do Rio de Janeiro encerraram a paralisação no dia 12 de agosto. Em tempos de neoliberalismo, crise econômica, capitulações organizadas pela política lulista e pela base aliada do governo, a avaliação que muitos faziam é que não havia espaço para lutas sociais significativas. Para quem fazia esta análise equivocada da realidade os profissionais de educação do Rio de Janeiro, assim como os bombeiros, provaram o contrário!
A educação parou! Assembleias lotadas, atos de rua massificados foram a tônica desta greve. Os trabalhadores e trabalhadoras da educação disseram um basta à política de Sergio Cabral de continuidade no plano de destruição da educação pública. Saíram às ruas para exigir melhores condições de trabalho. A pauta imediata foi a incorporação da gratificação do “nova escola” para todos os educadores, assim como 26% de reajuste e o plano de carreira dos funcionários.
Conquistas importantes
Conquistamos a incorporação de duas parcelas (incluindo a já prevista em 2011) para os professores, aumento de 5% e a incorporação total da gratificação do “nova escola” para funcionários assim como o descongelamento do plano de carreira. Esta última representou uma grande vitória, dobrando a remuneração de alguns funcionários que antes recebiam R$ 433. Outra conquista importante foi o aumento de 14% para os animadores culturais, assim como a garantia da equiparação da GLP (aulas extras) ao valor da matrícula do professor e o enquadramento por qualificação.
Estas foram vitórias econômicas importantes num cenário de corte de verbas. No orçamento votado na Assembleia Legislativa do RJ ao final de 2010 a proposta era de zero por cento de reajuste. De fato não atingimos os 26%, mas saímos desta greve sem nenhuma derrota. Os nossos dias não foram cortados, evidenciado a legitimidade desta greve. 95% da população, segundo o jornal O Globo, considerou esta greve justa e legítima, declarando apoio ao movimento.
Para além deste ganho econômico houve um grande ganho político. O Governador Sérgio Cabral foi desmascarado, evidenciando seu papel autoritário e descomprometido com a população carioca. As ruas foram lotadas de trabalhadores em defesa da educação e por melhores condições de trabalho.
Ações como atos de rua, ocupação da secretaria da educação, o acampamento montado na Rua da Ajuda em frente à secretaria, assim como as manifestações artísticas e as vigílias, foram capazes de evidenciar o quanto as ações mais radicalizadas e contundentes foram decisivas para atingirmos nossas conquistas.
Entretanto, sabemos que a luta ainda é longa e árdua. A tarefa dos educadores é derrotar uma política de educação pautada na meritocracia e na lógica empresarial. A educação não é mercadoria e acabar com este plano exigirá muito de todos nós.
Nós, educadores e educadoras da LSR, atuamos nesta greve, conjuntamente com os demais camaradas que compõe o campo Luta Educadora. Sem dúvida uma bela experiência, onde profissionais da educação mais experientes na luta sindical, juntamente com os novos que se aproximaram recentemente desta luta, foi capaz de possibilitar uma intervenção qualificada neste importante movimento grevista.
Foi possível constatar na prática a possibilidade de construir ações, fazer discussões, de modo democrático, solidário e com o máximo de respeito às posições e trajetórias. Neste sentido, para nós é central a construção do campo Luta Educadora como forma de combater vícios burocráticos presentes no movimento sindical e ao mesmo tempo trazer à tona elementos concretos da luta cotidiana, tendo clareza de que a luta pela educação é uma luta de toda classe trabalhadora e extrapola os muros da escola.
A luta continua!
Contudo, voltamos para a escola e para as salas de aula com um novo ânimo. A luta nos educa! Voltamos com clareza de que só a luta é capaz de garantir nossas conquistas. Continuamos em estado de greve e a nossa meta imediata é boicotar a prova do Saerj, denunciar a conexão educação e, com isso, derrotar o Plano de Metas. Esta é uma importante etapa na luta pela educação publica e de qualidade pata todos!