Greve nas Federais: um novo momento na luta pela educação

Em 2007, diversas ocupações de reitorias pipocaram pelo Brasil, alimentando esperanças de que uma nova fase seria deflagrada para o movimento estudantil. De fato, avanços importantes ocorreram nesse período, incluindo a criação da Frente de Luta Contra a Reforma Universitária, importante instrumento de resistência contra os ataques do governo à Educação, nesse período.

No entanto, esse avanço das lutas não se sustentou por muito tempo. Foi seguido por anos em que a luta se fez presente, mas de forma muito pontual com lutas locais nas Universidades.

Hoje vivemos um cenário que ensaia um movimento semelhante ao de 2007. UFF, UNIFESP, UFAL, UFRGS, UFMT, UFPR, UFSC, UFSM… a lista cresce a cada dia. De norte a sul do país vemos diversas federais em luta, construindo grandes atos, greves e ocupações de REItorias em defesa da educação.

Greve dos técnicos em 51 federais

Essa mudança na conjuntura de lutas iniciou-se em junho com a greve dos servidores técnicos em 51 federais ao todo, segundo os dados da FASUBRA (Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação nas Universidades Brasileiras). Em seguida, somaram-se a essa luta estudantes e docentes.

As pautas trazem aspectos gerais, como a luta histórica pelos 10% do PIB para a educação; contra o PLP 549/2009 (que prevê congelamento salarial por 10 anos dos servidores federais); contra o novo Plano Nacional de Educação (a ser aprovado ainda esse ano); discussão do Plano de Carreira Docente. Trazem também aspectos locais, muitos deles relacionados com as consequências da implementação do REUNI, uma expansão sem verba e planejamento nas diversas Universidades Federais.

A conjuntura de 2007 estava marcada por grande apoio da população ao governo Lula e era muito desfavorável para as lutas que se instalavam pelo país. Hoje, mesmo mantendo altos índices de aprovação, a situação é muito mais delicada para o governo Dilma. Isso favorece a mobilização com maior aceitação e envolvimento da sociedade.

Articulação ainda frágil

No entanto, é evidente a necessidade de amadurecimento do movimento em vários aspectos. Embora estejam acontecendo lutas por todo o país, sua articulação ainda é frágil e ainda existe uma fragmentação entre categorias, entre Universidades e entre setores combativos da esquerda. A organização da classe trabalhadora precisa avançar nesse sentido. Quem sai lucrando com a falta de unidade é única e exclusivamente o governo e setores burgueses da sociedade.

Um exemplo disso é a desarticulação entre docentes e servidores técnicos. Os servidores técnicos, em greve há três meses, sequer conseguiram uma mesa de negociação com o governo. Enquanto isso, os docentes mal ameaçaram deflagrar greve e o governo já abriu a mesa de negociação e fechou acordo, desmobilizando assim uma possível greve geral nacional, que o obrigaria a negociar com as três categorias.

É urgente darmos um salto qualitativo na coordenação dessas lutas, compreendendo que isso passa por um processo de organização democrática pela base, em que estudantes e servidores docentes e técnicos unifiquem suas pautas, tendo compreensão de que são aliados fundamentais para transformar a educação.

Esse ano de 2011 está marcado por um acirramento da luta de classes a partir do aprofundamento da crise mundial. Isso também se reflete em nosso país tanto nas lutas quanto nas contradições e debilidades do governo Dilma. É nesse contexto que enfrentamos ataques significativos ao setor da educação no Brasil.

Importantes vitórias

Algumas greves e ocupações já trouxeram importantes vitórias, como a da UFPR e da UFSC, mostrando que esse caminho é de fato eficaz. Unidade e disposição para a luta é imprescindível nesse momento para todas e todos que lutam cotidianamente por uma educação pública, gratuita e de qualidade.

  

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