Desastre de Fukushima: a permanente ameaça nuclear

É uma trágica ironia que o desastre nuclear de Fukushima ocorra semanas após o 25º aniversário da catástrofe de Chernobyl na antiga União Soviética, o pior acidente nuclear da história.

Logo após o acidente quase todos os especialistas pró-nucleares que foram consultados repetiam que “tudo estava sob controle”. Contudo, com o tempo ficou claro que isso não era verdade. Material radioativo estava vazando dos reatores, enquanto os bombeiros e técnicos desesperadamente tentavam resfriar o combustível nuclear e conter os vazamentos.

Ainda não há informação suficiente para tirar todas as lições desse desastre, em parte por que há uma escandalosa falta de dados disponibilizados pelo operador privado, a Tokyo Electric Power Company. No final dos anos 1980 e 1990, descobriu-se que essa empresa falsificou sistematicamente registros de problemas de segurança em seus reatores nucleares.

A principal falha do reator foi que os múltiplos sistemas de segurança falharam por uma causa comum. O terremoto derrubou as linhas de energia que forneciam eletricidade ao sistema de refrigeração, e o tsunami resultante desligou a energia a diesel.

O ponto central é que é muito difícil prever toda possível situação que, em circunstâncias extremamente raras, poderiam levar ao colapso. Mas quando surgem essas circunstâncias, é possível uma catástrofe. Esse é um dos problemas fundamentais com a energia nuclear.

O Japão é um dos países mais avançados tecnologicamente. Por exemplo, a China está planejando um drástico programa de construção de novos reatores nucleares. Apesar dos rígidos regulamentos ambientais no papel, as leis são normalmente ignoradas a nível local, graças à atmosfera de faroeste capitalista que existe ali.

Não há solução para estocar o lixo nuclear

A segurança das usinas também é apenas um aspecto do conjunto de ameaças da energia nuclear. Ainda não se projetou nenhum método seguro para estocar o lixo nuclear, o qual permanece radioativo por mais de 100 mil anos.

Após o desastre no Japão, muitos governos anunciaram que estão revendo a expansão da energia nuclear. Na maioria dos casos, isso provavelmente será temporário, já que eles não desejarão aceitar os gastos, relativamente pequenos, mas ainda assim maiores comparadas com a nuclear, em energia renovável.

É preciso construir um movimento que desafie a política nuclear da burguesia, mais uma vez mostrada como negligente com esse incidente. É preciso uma mudança na sociedade para remover a ameaça permanentemente já que, em último caso, a busca por lucros vem primeiro no capitalismo e não as necessidades e a segurança humana.

  

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