Aumento da tarifa do transporte público: quem ganha com isso?

Nem bem começou o ano e a população de São Paulo se deparou com mais um aumento na tarifa de ônibus. Trata-se de um aumento de mais de 10%, sendo que o aumento do salário mínimo foi de apenas 6,7%.

Isso significa que o transporte, que deveria ser um direito de todos, fica cada vez mais pesado nos bolsos do trabalhador e do estudante. Esse aumento não traz para a população um serviço de melhor qualidade. Nem sequer os salários dos trabalhadores das empresas de transporte aumentam significativamente.

A frase que aparece escrita do lado externo dos ônibus da cidade (“Transporte público: um direito do cidadão, um dever do Estado”) se mostra cada vez mais como uma farsa.

O dinheiro que pagamos cotidianamente pelo transporte tem como função principal garantir o lucro das empresas. Não apenas a passagem sofreu um aumento, mas também o subsídio dado pela prefeitura aumentou de 660 milhões para 743 milhões de reais.

A população foi contra o aumento

Um movimento por trabalhadores e estudantes começou a se formar para tentar reverter a situação. Houve mais de dez grandes manifestações, desde 17/01. Esse movimento contou com grande apoio de toda a população. Por onde passavam, os manifestantes eram recebidos com entusiasmo pelos usuários de transporte público, que muitas vezes se incorporavam às manifestações. Um grande exemplo disso aconteceu no dia 24/03, quando cerca de mil pessoas aderiram à manifestação enquanto ela caminhava pela Rua Brigadeiro Luís Antonio.

O movimento conseguiu forçar a prefeitura a marcar reuniões de negociação sobre o valor da tarifa. Mas isso foi apenas uma tentativa do prefeito de diminuir a força do movimento, pois não compareceu a nenhuma das reuniões. Além disso, também usou de força policial para reprimir e dispersar os manifestantes em vários momentos. A repressão, porém, não amedrontou as pessoas que estavam indignadas com o aumento abusivo, mas fez com que voltassem às ruas, lutando não apenas contra o aumento, mas pela liberdade de se expressarem.

Algumas passeatas chegaram a ter seis mil pessoas e ainda assim a mídia tinha como foco apenas eventuais confrontos com a polícia, tentando criminalizar a luta e distanciar a população do movimento.

Muitas cidades no Brasil tiveram grandes aumentos nas tarifas, como ocorreu em São Paulo. Movimentos de trabalhadores e estudantes conseguiram reverter essa situação em alguns lugares. Um exemplo foi a cidade de Belém, no Pará. Com união e mobilização da população, é possível vencer essa luta.

A mobilização tem que continuar

Mesmo conseguindo baixar a tarifa, a população não pode se desmobilizar. Outros aumentos podem vir no futuro, já que um serviço privado não tem como objetivo atender às demandas da população, mas sim elevar cada vez mais seu lucro. Para mudar de vez essa situação que deixa os usuários como reféns dos interesses de grandes empresários, é preciso que, para além de reverter o aumento, a população lute para que o transporte seja um serviço de fato público e oferecido pelo Estado.

Muitas entidades estudantis e sindicais, como o Sindicato dos Metroviários, aderiram à luta. Mas ela somente terá sucesso se os trabalhadores e toda a população também se mobilizarem e forem às ruas.

  • Pela redução das tarifas!
  • Por um transporte público garantido pelo Estado e controlado pelos usuários do serviço!
Baixada santista: contra o aumento e pelo passe livre

Após o último aumento da passagem de ônibus, entre 6% e 25% na região da Baixada Santista, no inicio do ano, estudantes e trabalhadores começaram a se organizar, realizando atos, reuniões e vídeos-debate no município de Santos e de São Vicente e criando o Comitê de Luta pelo Transporte Público da Baixada Santista – CLTP-BS.

Os principais pontos de reivindicação são passe livre pros estudantes, redução das tarifas, bilhete único para todos e pela volta dos cobradores, sem redução salarial dos motoristas.

Além das tarifas abusivas e baixa qualidade, os motoristas sofrem com a precarização e péssimas condições de trabalho. É a categoria que mais se afasta por problemas de saúde.

É o motorista que faz tudo sozinho, já que tiraram os cobradores. Em situação de assalto, a empresa de transporte só reembolsa R$30. Caso haja um roubo maior que esse, é o motorista que custeia, pois ele deveria ter colocado o dinheiro no cofre que fica ao lado de seu banco.

Além disso, eles tem uma jornada de 10 horas por dia, que chega muitas vezes à 14 horas, com paradas só de 10 a 15 minutos.

Todo apoio a luta dos trabalhadores e estudantes da baixada santista pela redução da tarifa já!

Joana Squillaci

 

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