Admirável Brasil novo?

Algo não anda bem no Brasil “grande” de Lula e Dilma, o país do PIBão de 7,5% em 2010, do ‘bolsa família’ e da ascensão social da ‘classe C’.

Os preços sobem, afetando principalmente os trabalhadores. O governo puxa o freio de mão, aumenta juros, enxuga o crédito, desestimula o consumo. O crescimento de 2011 será metade do de 2010.

O facão corre solto. São 50 bilhões de reais de cortes já anunciados. Investimentos e gastos sociais incluídos. Nem o ‘Minha Casa Minha Vida’ ficou de fora.

No Congresso avança a proposta do governo de congelamento dos salários do funcionalismo público por dez anos. Uma nova contra-reforma da previdência já é discutida abertamente nos ministérios de Dilma.

Pra completar, na menina dos olhos de Dilma e símbolo do “Brasil grande”, as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mais de cem mil operários da construção civil de diferentes estados entram em greve, muitas delas radicalizadas, verdadeiras rebeliões, contra as péssimas condições e a super-exploração do governo e das empreiteiras.

A hidrelétrica de Jirau em Rondônia é o verdadeiro símbolo do “novo Brasil” que o lulismo tenta nos vender. Destruição do meio ambiente, super-exploração dos trabalhadores, caos social e lucros enormes para as empreiteiras.

Os megaeventos dos próximos anos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, vão deixar os ricos ainda mais ricos e os pobres ainda pior. Desalojados, sem onde cair mortos, vítimas da especulação imobiliária e da ganância das elites, milhões de brasileiros serão tratados como lixo que precisa ser retirado antes da festa.

O Brasil não é um novo país, cheio de realizações e alegrias como tentam nos vender. O Brasil ainda é um país doente socialmente. Um retrato fiel dessa realidade é o massacre de Realengo no Rio. 12 vítimas inocentes, crianças, caíram diante de mais uma manifestação de uma sociedade com sérios e profundos problemas.

Não foram os únicos nem os primeiros. Inocentes caem todos os dias sob as balas de uma polícia racista e criminosa. Ou então submetidos a condições de trabalho desumanas. Como a imprensa noticiou, foram 40 mortos nos canteiros de obras do PAC desde 2008. Ao todo são cerca de 7 mortes por dia no Brasil como resultado de acidentes de trabalho (quase 2,5 mil só em 2009), sem contar os ferimentos e doenças profissionais que arruínam muitas vidas todos os dias.

Mas, a peãozada das obras do PAC deu o exemplo. Só a luta coletiva consegue vitórias efetivas. Agora chegou a vez dos servidores federais. O movimento popular também ensaia levantar-se em várias cidades.

Generalizar as lutas, unificar os movimentos, organizar pela base e passar por cima das direções pelegas. Esse é o caminho.