EUA: Trump pode ser derrotado – intensificar os protestos com uma greve de 24 horas

Militantes do Socialist Alternative (ASI nos EUA) estão nas ruas de Los Angeles e em todos os cantos do país protestando, mobilizando nossos apoiadores e lutando por uma estratégia combativa e da classe trabalhadora para fechar o ICE, libertar todos os imigrantes detidos e manifestantes presos e expulsar os militares de nossas ruas.

Nota dos editores: O texto que publicamos abaixo é um panfleto distribuído pelos militantes do Socialist Alternativeem dezenas de protestos em todo o país no dia 14 de junho, dia nacional de ação “Sem Reis”.

Os protestos em Los Angeles já se prolongam há uma semana, em resposta à brutal campanha de terror de Trump contra os imigrantes. O envio da Guarda Nacional e dos fuzileiros navais por Trump para intimidar e reprimir o movimento de protesto, que é esmagadoramente pacífico, só serviu para colocar lenha na fogueira — com protestos contra o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega) registrados em 37 cidades desde 6 de junho. Em 14 de junho, pessoas comuns vão às ruas em mais de 1.800 protestos diferentes contra os “reis” em todo o país, enquanto Trump gasta mais de US$100 milhões em um desfile militar ditatorial em Washington, DC.

Socialist Alternative nos EUA tem estado em Los Angeles e em todos os cantos do país protestando, mobilizando nossos apoiadores e lutando por uma estratégia combativa da classe trabalhadora para fechar o ICE, libertar todos os imigrantes detidos e manifestantes presos e expulsar os militares de nossas ruas.

Para muitos, esses são os primeiros protestos dos quais participam, motivados a sair às ruas diante da repressão autoritária e das brutais batidas do ICE que separam famílias. Para outros, a ascensão desse movimento explosivo e a repressão policial violenta lembram os protestos dos quais participaram durante a rebelião por justiça para George Floyd, há cinco anos.

Enquanto jovens e trabalhadores enfrentam corajosamente gás lacrimogêneo e balas de borracha para defender seus vizinhos e colegas de trabalho, os dirigentes Democratas da Califórnia, a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, e o governador Gavin Newsom, aproveitaram a oportunidade para se apresentar como apoiadores do movimento anti-ICE. É claro que isso é completamente falso. Bass não teve nenhum problema em assinar um novo projeto de lei orçamentária na semana passada, antes do início dos protestos, para reforçar a polícia de Los Angeles com 240 novos contratados, que agora estão reprimindo violentamente os manifestantes por uma causa que ela afirma apoiar. Newsom, nesta semana, gabou-se em uma entrevista ao New York Times de que tem trabalhado com sucesso com o ICE sem a ajuda de Trump, o que ele fez “mais de 10.500 vezes desde que [ele] é governador”. Isso não é novidade para o Partido Democrata; Barack Obama era conhecido por muitos na comunidade de imigrantes como “Deportador-Chefe” por deportar mais imigrantes do que qualquer outro presidente na história dos EUA.

Não podemos confiar nos Democratas ou nos tribunais para fechar o ICE e deter Trump. Precisamos urgentemente construir um movimento de massa da classe trabalhadora que construa o tipo de poder dos trabalhadores capaz de repelir a investida de ataques de Trump.

A agenda de terror de Trump

Os ataques de Trump aos imigrantes são uma parte crucial da estratégia mais ampla da classe dominante para colocar a classe trabalhadora na linha, em preparação para uma era de conflitos interimperialistas, catástrofe climática e crise capitalista cada vez maior. Além disso, uma das questões mais importantes para Trump junto a seus eleitores tem sido a imigração, em meio a preocupações generalizadas com tarifas, inflação, seu “Big Beautiful Bill” (projeto de orçamento que só atende aos bilionários) e seu fracasso em negociar a paz na Ucrânia. O aumento das batidas do ICE é uma parte central da estratégia de Trump para consolidar seu poder e mobilizar sua base. Agora, a recém-lançada e altamente militarizada “Operação em larga escala” está tentando chegar a 3 mil prisões por dia. Mais de 300 imigrantes sem documentos foram detidos em Los Angeles desde a batida policial no Fashion District na semana passada, devastando a cidade multicultural.

As batidas não se limitam a Los Angeles. Em Omaha, Nebraska, uma cidade onde os imigrantes representam um quarto da população, o caos eclodiu quando o ICE invadiu um frigorífico e prendeu 70 trabalhadores imigrantes. O site do ICE também se gaba das batidas realizadas nos últimos dias em Connecticut, Oklahoma, Louisiana e Texas, em meio a anúncios profundamente perturbadores sobre a morte de detidos.

Trump está procurando briga. As batidas do ICE continuarão e a repressão violenta aos manifestantes só vai piorar. Trump parece ansioso para ativar a Lei de Insurreição para que os militares possam prender manifestantes, em vez de se limitarem a proteger prédios federais e autoridades. O governador republicano do Texas, Greg Abbott, enviou com entusiasmo mais de 5 mil soldados da Guarda Nacional ao Texas em antecipação a mais protestos em Austin. É urgente que o movimento continue a se ampliar e intensificar para se defender contra a repressão e forçar Trump a recuar. Já há relatos de moral baixa entre os guardas e fuzileiros navais mobilizados em Los Angeles, e isso pode se aprofundar ainda mais.

Em 12 de junho, o Partido pelo Socialismo e Libertação (Party for Socialism and Liberation, PSL) e duas organizações sem fins lucrativos de defesa dos direitos dos imigrantes em Los Angeles receberam uma carta do senador Josh Hawley em nome da Subcomissão de Crime e Contraterrorismo do Senado. A carta acusava as organizações de “auxiliar e incentivar conduta criminosa” e ordenava que cessassem e desistissem de todas as atividades de protesto e entregassem todas as comunicações internas, documentos financeiros e listas de doadores. Esse ato autoritário é um ataque extremamente perigoso a toda a esquerda e deve ser combatido com toda a força do movimento. Esta carta inicial certamente é apenas a ponta do iceberg de até onde Trump e a extrema direita estão dispostos a ir para ameaçar e intimidar qualquer pessoa associada à esquerda — um novo “medo vermelho” para o século XXI.

A agenda de Trump e seu poder dependem profundamente de táticas de dividir para dominar, ou seja, colocar setores da classe trabalhadora uns contra os outros para que isso impeça nossa unidade contra o inimigo comum: a exploração e a opressão capitalistas. Nosso movimento deve se opor a isso em cada passo do caminho — a única maneira de nos defendermos dos ataques de Trump e partirmos para a ofensiva contra os bilionários para obter conquistas é construindo um movimento unificado de todos os setores da classe trabalhadora. As deportações em massa, juntamente com o aumento da retórica nacionalista, fazem parte da estratégia da classe dominante para reprimir toda a classe trabalhadora em benefício dos patrões.

O que será necessário?

Os protestos mostram que muitos trabalhadores estão absolutamente horrorizados com esses ataques contra seus colegas de trabalho e vizinhos imigrantes e estão procurando qualquer maneira de se opor a isso. A principal questão que se coloca agora é: o que será necessário para realmente parar a máquina de deportações de Trump?

Para obter vitórias contra Trump, será necessária uma ação massiva e sustentada da classe trabalhadora, que se traduz em protestos de massas, mas também em ações como ocupações e greves. Além das demandas imediatas de encerrar as batidas do ICE, retirar todas as acusações contra o presidente do sindicato SEIU-USWW, David Huerta, e garantir o direito de protestar sem repressão militar ou policial, devemos exigir o corte dos fundos federais para as forças armadas e os serviços de fronteira e redirecionar as centenas de bilhões de dólares economizados para a saúde universal gratuita, a educação pública e uma expansão maciça de moradias populares de alta qualidade. Precisamos mostrar àqueles que foram vítimas da retórica de dividir para dominar de Trump que não são os imigrantes que causam pobreza e dificuldades para as famílias trabalhadoras, é o capitalismo. Com base nos protestos, precisamos organizar encontros e assembleias de massas de trabalhadores sindicalizados e não sindicalizados e membros da comunidade para planejar a estratégia e os próximos passos.

Além de protestos de massas coordenados em nível nacional, precisamos de desobediência civil não violenta coordenada. Os protestos e ocupações durante os movimentos pelos direitos civis e das mulheres nas décadas de 1960 e 1970 foram táticas poderosas e bem-sucedidas. Além disso, os trabalhadores em todos os lugares devem se recusar a cooperar com o ICE: os sindicatos do setor de hospitalidade podem se recusar a atender agentes do ICE e tropas da Guarda Nacional, os trabalhadores do transporte público podem se recusar a transportar agentes do ICE e manifestantes detidos, como fizeram os motoristas de ônibus militantes do Socialist Alternative em Minneapolis durante o movimento BLM (Black Lives Matter). Também precisamos de greves e paralisações coordenadas, com os sindicatos que têm membros imigrantes assumindo a liderança.

Em 2019, o governo Trump paralisou o governo para financiar o muro na fronteira. Quando Sara Nelson, presidente do Sindicato dos Comissários de Bordo, convocou uma greve geral, a simples ameaça forçou o governo Trump a recuar. Mas com Trump 2.0, ameaças por si só não serão suficientes. Precisamos de uma greve nacional de 24 horas em solidariedade aos protestos em Los Angeles e contra as deportações, e as direções do movimento sindical precisam se mobilizar urgentemente para isso. É por isso que 17 membros de sindicatos em 12 cidades e 13 sindicatos nacionais lançaram uma petição pedindo aos dirigentes sindicais que intensifiquem a luta contra a máquina de deportações de Trump.

Táticas como essa, é claro, não surgem do nada — elas exigem planejamento. Assembleias democráticas de massa realizadas por sindicatos, comunidades e grupos de esquerda são cruciais para desenvolver democraticamente os próximos passos para a construção do movimento. Por exemplo, o movimento precisa de espaço para discutir e votar demandas que deem à camada mais ampla possível de trabalhadores algo concreto pelo que lutar.

Além disso, os trabalhadores em locais de trabalho sindicalizados e não sindicalizados devem discutir planos sobre o que fazer se o ICE aparecer, o que pode ser um passo para a formação de comitês de defesa contra a deportação para impedir que as batidas do ICE levem um único de nossos colegas de trabalho.

Derrotar a agenda anti-imigrante de Trump é uma tarefa gigantesca — uma tarefa que Trump fará de tudo para destruir. Mas derrotá-lo é possível. A história provou que os movimentos da classe trabalhadora têm o poder de derrubar autoritários como Trump. Devemos derrotar Trump e todo o sistema capitalista que o gerou e que perpetua a opressão e a exploração todos os dias. Essa é nossa prioridade. Se você concorda, junte-se ao Socialist Alternative hoje mesmo.

Socialist Alternative defende: 

  • Fim às batidas policiais! Liberdade para todos os imigrantes detidos e todos os manifestantes presos, e retirada de todas as acusações. Legalização imediata e incondicional e direitos iguais para todos os imigrantes sem documentos, independentemente de sua situação profissional.
  • ICE, Guarda Nacional e Fuzileiros Navais fora das nossas ruas! Direito a protestar sem repressão!
  • Precisamos de assembleias democráticas de massas organizadas por sindicatos e organizações comunitárias para planejar os próximos passos do movimento.
  • Comitês de defesa contra as deportações em todos os locais de trabalho e recusa massiva dos trabalhadores em colaborar com as operações do ICE!
  • Intensificar os protestos até uma greve nacional de 24 horas — fora ICE, fora Trump!
  • Nenhuma confiança no Partido Democrata: precisamos de um novo partido da, pela e para a classe trabalhadora como um todo.
  • Construir um movimento contra as políticas destrutivas do capitalismo e do imperialismo em todo o mundo que levam trabalhadores a sair de seus países de origem. Precisamos de uma luta internacional pelo socialismo para conquistarmos um mundo que funcione para nós, não para a elite dominante.

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