A (contra) Reforma Urbana de Sérgio Cabral, Eduardo Paes e Lula já começou!
O Brasil após disputar com vários países será a sede das Olimpíadas de 2016 e da Copa do Mundo de 2014. Um patriotismo de última hora foi banhado pelas lágrimas de Lula. A mídia vendeu tais conquistas como um grande meio de desenvolver o país. O fato é que não mostraram à população os métodos cruéis que seriam utilizados contra a população para transformar a cidade de acordo com os parâmetros internacionais e os reais objetivos econômicos e políticos por trás dos megaeventos.
Um projeto de cidade elitista está em andamento muito bem afinado com o grande capital, tendo como principal consequência a segregação espacial ainda mais acentuada entre ricos e pobres, a valorização fundiária urbana destinada a especulação e o desenvolvimento da exploração de serviços em áreas que antes eram dominadas em grande parte pelo comércio informal. Ou seja, as grandes empresas foram as verdadeiras protagonistas e as mais favorecidas com a vinda dos megaeventos.
Já é possível observar uma série de locais que estão sofrendo ameaças e despejos truculentos, sem que haja qualquer política pública para atender as milhares de famílias que estão perdendo suas casas. Na Restinga do Rio de Janeiro, na comunidade de Vila Harmonia, já há relatos da truculência da Prefeitura do Rio de Janeiro na remoção de famílias. Segundo relatos, a prefeitura age de madrugada e a polícia da 42ª DP tem se negado a registrar ocorrência contra as ações ilegais da Prefeitura. Um jovem chegou a ser atacado por policiais apenas por filmar a violência contra os moradores da região. A triste ironia é que as ações aconteceram justamente no Dia Internacional de Defesa dos Direitos Humanos!
No dia 17/12/2010, as demolições continuaram. Uma família que possuía uma loja e sua habitação no mesmo imóvel resistiu trancando-se em casa, pedindo ajuda contra o ataque das maquinas de demolição da Prefeitura. Enquanto isso, a Guarda Municipal se encarregou de arrombar as casas e agredir moradores. Até mesmo uma defensora pública teria sido impedida de acompanhar o processo de desapropriação. Somente com a chegada da Comissão da Alerj e da Secretaria de Direitos Humanos é que a polícia diminui, mas não cessou, a sua brutalidade contra os moradores.
O resultado se via na Avenida das Américas com pertences de famílias espalhados. Somente algumas famílias tiveram direito a caminhões de mudança particulares disponíveis pela Prefeitura.
A grande mídia saúda estes atos de banditismo de Estado como uma necessidade ecológica de preservação das áreas florestais e de diminuição da criminalidade, já que favela seria sinônimo de moradia de bandido. Interessam-se apenas pelos lobbys com as grandes construtoras e grandes corporações que terão caminho aberto para a exploração comercial das áreas onde famílias pobres estão sendo removidas. As organizações Globo, por exemplo, possuem grande interesse econômico na região da Barra da Tijuca, Recreio, Vargens, Jacarepaguá, a chamada Área de Planejamento 4. Tendo, inclusive, uma série de projetos de incorporação imobiliária em desenvolvimento.
Toda uma estrutura pública composta pela polícia, setor jurídico, financeiro estão dispostos para executar tamanha crueldade contra as famílias pobres das regiões almejadas pelo grande capital no Rio de Janeiro. Por muito menos seria possível regularizar a situação fundiária dos moradores, além de possibilitar melhorias urbanas para a região. Apesar disso, não há interesse. O que está em jogo são os balancetes dos conglomerados empresariais que pagaram a campanha de Dilma, Sérgio Cabral e Eduardo Paes e agora querem a sua parte no acordo: a exploração fundiária urbana, concessões de exploração comercial sem limites e uma verdadeira “limpeza social” com as remoções dos pobres. Esta é a verdadeira face da coalizão PT-PMDB que ilude tantas pessoas. Enquanto a propaganda de governo vende a falsa ideia de melhorias sociais com o programa Minha Casa, Minha Vida, aliás, um verdadeiro fracasso, vemos o Estado praticando crime contra os trabalhadores pobres no Rio de Janeiro.
É fundamental nos unirmos juntos aos movimentos sociais para darmos uma resposta organizada a esta barbárie imposta em nossa cidade. Temos que defender nossos direitos na defesa de um projeto de cidade verdadeiramente democrático que atenda aos interesses sociais dos trabalhadores.