20 de novembro: Internacionalismo, Consciência Negra e Revolução Socialista

Racismo, antirracismo e luta anticapitalista no Brasil

O racismo persiste incurável no Brasil. O povo negro continua arrastado como Cláudia, exterminado como Amarildo, segue sofrendo com desemprego ou recebendo baixos salários. Vemos a impiedosa violência do Estado atropelar direitos civis e humanos, demonstrando que a inerente violência do Estado burguês atinge mais duramente negras e negros.

O estabelecimento de relações de trabalho livre ou de transição teve seu início em 1850 e culminou com a abolição da escravatura em 1888. A partir do século XX, com a modernização industrial, uma divisão étnico-racial do trabalho se manteve como fenômeno que atravessa a história do capitalismo dependente brasileiro.

A abolição não significou o fim do trabalho escravo e a superexploração da força de trabalho negra. Entre os anos de 2016 e 2018, a cada cinco resgatados do trabalho escravizado contemporâneo, quatro são negros. Além disso, mulheres negras ainda somam maioria no trabalho doméstico e ocupações degradantes e mal remuneradas continuam sendo, na sua maioria, executadas por mãos negras. O maior exemplo disso está no fato de que a maior parte das pessoas que enfrentam a escala 6×1 são justamente negras e negros.  Aquelas e aqueles que hoje se posicionam contra o fim daquela escala contribuem para manter a superexploração de trabalhadores negros. 

A manutenção da superexploração do trabalho das pessoas pretas demonstra a continuidade do racismo no Brasil. A predominância da classe trabalhadora negra em precárias condições de trabalho mostra que a economia capitalista no Brasil sempre foi e sempre será essencialmente racista. 

É por isso que um movimento antirracista tem que ser anticapitalista e, necessariamente, revolucionário e socialista no Brasil. Foi isso que o camarada Malcolm X defendeu quando afirmou que “não existe capitalismo sem racismo”. 

O dia da consciência negra

O dia 20 de novembro de 1695 é o dia da morte de Zumbi dos Palmares, um importante líder negro do Quilombo de Palmares. Esse Quilombo (localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era um território formado por trabalhadoras e trabalhadores negros que escaparam, com muita luta, de fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma vasta área e sua população alcançou o marco de 50 mil pessoas em 1670.

Aos 40 anos de idade, Zumbi dos Palmares morreu e tornou-se mártir da abolição da escravatura brasileira. Em 1995, após anos de reivindicação do movimento negro (desde a década de 1970 o movimento negro comemora o 20 de novembro), a data da morte de Zumbi foi adotada como o dia da Consciência Negra. Esta data deve representar a luta do povo negro. Zumbi, com sua comunidade e história, expressa essa luta.

O internacionalismo socialista como resposta revolucionária 

“O trabalho de pele branca não pode se emancipar onde o trabalho de pele negra é marcado a ferro”. Esta frase de Marx revela a correta postura da classe trabalhadora em relação ao combate ao racismo. O recorte classista de Marx une trabalhadores/as para além de divisões nacionais, religiosas, étnicas e raciais em uma mesma luta pela emancipação humana. Nessa direção, vemos no internacionalismo socialista dos/as trabalhadores/as o único caminho viável para uma vitória contra o capital racista.

Malcolm X, como operário na Ford, viu no socialismo o combate ao racismo e ao capitalismo. Seguindo a mesma direção, vale resgatar o legado histórico dos Panteras Negras e aqueles que viram na luta socialista o caminho para alcançar a autodeterminação do povo negro. Kathleen Cleaver destacou que o capitalismo era um problema central e, por isso, buscou construir uma coalizão abarcando brancos, latinos e asiáticos.

Hoje, diferentemente de setores identitários e divisionistas, devemos começar nossa luta antirracista compreendendo que o capital é livre e o trabalhador não.

Que o legado de Zumbi dos Palmares não seja reduzida a apenas uma consciência racial submissa ao capitalismo e que divide trabalhadoras e trabalhadores em todo o mundo, mas que seja tomada como parte da  luta coletiva, anticolonial e internacionalista contra o capitalismo. Por um mundo sem opressões e exploração, um mundo socialista!   

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