Nenhum voto na direita e apostar na organização da classe trabalhadora!

Nota da LSR pelo voto nulo no 2º turno em Goiânia

O resultado das eleições em Goiânia deve ser analisado no interior da conjuntura nacional. O que vimos neste pleito de 2024 foi a combinação da vitória, de um lado, do fisiologismo, o qual tem no PSD seu principal representante, e, por outro, da extrema direita, a qual recebeu uma robusta votação e conquistou posições em diversas capitais do país. Ao mesmo tempo, vimos o PT perdendo prefeituras decisivas, ainda que tenha obtido um pequeno crescimento no número de vereadores. 

O crescimento do fisiologismo é, evidentemente, resultado do forte peso das emendas parlamentares, do orçamento secreto e do financiamento público de campanha – o qual criou uma nova lógica de compra de votos. No entanto, é crucial reconhecer que, acima de tudo, o maior problema destas eleições foi a ausência de uma alternativa antissistêmica de esquerda. A rejeição de um sistema apodrecido ficou para a extrema direita. Isto apenas se fortaleceu com o fato do PSOL ter adotado a tática de não se diferenciar do PT e seus governos como uma alternativa classista e de oposição de esquerda.

A opção da maioria do PSOL de Goiânia foi pelo apoio à limitada candidatura de Adriana Accorsi e pela defesa acrítica do governo Lula. Para além da infantilização da classe trabalhadora expressa em propagandas com bonecos, corações e frases moralistas, o fato é que o programa da maior parte das candidaturas do PSOL apostou na tentativa de abocanhar uma parcela do prestígio e da popularidade de Lula deixando de se diferenciar do PT. Quando muito, algumas candidaturas apresentavam algumas promessas de reforma dentro do sistema – como se após décadas de governos de conciliação de classes fosse possível a classe trabalhadora apostar, mais uma vez, em saídas dentro da ordem.

Ao se tornar um pastiche do PT, o PSOL de Goiânia assegurou a transferência de sua base eleitoral para o primeiro. Não devemos dourar a pílula: o que houve neste ano foi uma grande derrota. O PSOL em Goiás e, especialmente, Goiânia saiu menor do que entrou.

Todas as candidaturas do PSOL em Goiânia perderam espaço eleitoral e isto se deu porque não temos mais identidade própria! O balanço apresentado por uma das principais candidaturas do PSOL vendo como vitória o deslocamento dos votos de nosso partido para o PT indica o desastroso e liquidacionista caminho adotado pelo atual campo majoritário do PSOL. 

Agora para o segundo turno, parte da direção do PSOL em Goiás, aposta mais uma vez no erro. Ao invés de denunciarem a natureza de classe das duas candidaturas que disputam a prefeitura de Goiânia, dois representantes do que há de pior na política nacional, alguns tentam se apegar a um pretenso republicanismo do maior milionário que se candidatou à prefeitura de uma capital e que foi assessor especial do governo golpista de Michel Temer: Sandro Mabel (UB). Tentar apresentar um milionário golpista como uma alternativa menos pior à extrema direita bolsonarista representada por Fred Rodrigues (PL) não é apenas um erro, mas uma mentira.

A tarefa do PSOL não deve ser a de dourar a pílula para a classe trabalhadora, mas antecipar o futuro e preparar a classe trabalhadora para enfrentar os duros desafios que se apresentam no horizonte. Não importa quem seja eleito, a classe trabalhadora em Goiânia enfrentará privatizações, repressão e precarização. 

O desafio é preparar a luta e isto não será feito chamando voto em Sandro Mabel. A única alternativa que resta para o segundo turno é o voto nulo e a organização da resistência contra os ataques do próximo prefeito. Entre os representantes de Caiado e Bolsonaro, ficamos com o voto nulo e a organização da luta! 

É preciso aprender com os erros cometidos nos últimos anos e mudar radicalmente a trajetória atual do PSOL em Goiás. O PSOL Goiânia tem a chance de corrigir os erros cometidos por um setor da direção estadual e chamar a classe trabalhadora para organizar o terceiro turno das lutas contra Mabel ou contra Fred e todos os seus aliados. Qualquer posição diferente desta, é um passo adiante na liquidação do PSOL enquanto alternativa socialista e de esquerda.

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