Ofensiva da mídia e governantes contra o ascenso das lutas! Lutar é um direito e um dever!

alt

Vivemos um momento histórico mais favorável para xs lutadores e lutadoras, principalmente depois de junho do ano passado. Este ano mostrou que segue o mesmo caminho, com lutas constantes, retomada da coletividade e apropriação do espaço público como: os “rolezinhos” e “isoporsaços”; explosões populares pelo direito a cidade e vida digna (água e luz), transporte, moradia, etc. Neste cenário, aqueles que detêm o poder econômico e político tentam retomar o controle da situação e a estabilidade social. Considerando ainda que este é um ano de copa do mundo e eleições.

A morte de um trabalhador, o cinegrafista Santiago, foi utilizada de forma perversa para construir uma conspiração contra aqueles que são vistos como um ameaça à “ordem”/status quo: os lutadores e lutadoras em geral, mas com um foco especial no Freixo e no PSOL.
 

Condições dignas de trabalho a categoria dos jornalistas e a todxs os trabalhadores!

 

Lamentamos a perda de Santiago e nos solidarizamos com a dor de sua família. Entendemos que a morte de mais um trabalhador, atingido por um rojão na manifestação contra o aumento das passagens no Rio de Janeiro, é um reflexo da violência policial e da truculência do governo municipal do Rio – o prefeito Eduardo Paes, que não ouviu a voz das ruas e aumentou o valor da passagem de ônibus para 3 reais. Como sempre, o lucro das corporações e empresas não pode ser afetado, mas sim quem deve pagar as contas é a população.

Santiago estava trabalhando sem nenhum equipamento de proteção, o que deveria ser garantido pela empresa que ele trabalhava, o Grupo Bandeirantes de Comunicação. Além de que ele e os demais jornalistas que trabalham cobrindo manifestações deveriam receber adicional de periculosidade. Foram inúmeros os jornalistas feridos pela truculência da polícia desde junho, incluindo um que perdeu a visão de um olho após levar um tiro de borracha.

A radicalidade da juventude reflete as enormes contradições que vivemos: por um lado a ilusão do Brasil grande, Rio vitrine do mundo, por outra a precária condição de vida da população. Para nós da LSR é necessário juntar a radicalidade da juventude com o melhor dos métodos da classe trabalhadora, como greves, piquetes, etc. Defendemos ações diretas, como ocupações urbanas e de prédios públicos, trancamento de ruas, etc., mas compreendemos que esta deve ser pensada coletivamente, justamente para evitar acidentes como o que matou o cinegrafista, mas também para que tenhamos enquanto coletivo uma estratégia de poder e táticas e planos de luta adequados para tal.
 

PSOL ameaça o projeto político e econômico da classe dominante.

 

Existe um plano arquitetado para atacar e desconstruir o PSOL. O advogado dos suspeitos de terem acertado o rojão no Santiago, que não por acaso defendeu um miliciano, usou uma estratégia que surpreende a muitos. Acusou os partidos “que levam bandeiras para os atos” de financiarem as ações violentas e pagarem 150 reais aos manifestantes. O nome do deputado estadual Marcelo Freixo e do PSOL, durante dias, foram estampados na capa dos principais jornais de grande circulação do país, os culpabilizando pelo ocorrido, uma tentativa obvia de criminalizá-los. Ora, mas por que o PSOL e o Freixo?

Nas últimas eleições para prefeito Marcelo Freixo mobilizou 15 mil jovens para fazer sua campanha sem ganharem um centavo para isso e obteve 28% dos votos, ficando em segundo lugar. Esses jovens ganharam a esperança de poder mudar este projeto político implementado pelo PMDB, nas barbas do PT, há anos no Rio de Janeiro, que só privilegia as empreiteiras, construtoras e empresas que financiam a sua campanha. Freixo derrubou um esquema de milícias no estado, propondo e presidindo a CPI das milícias. O PSOL na última eleição triplicou dobrou sua bancada, por ser reconhecido pela população como aqueles que estão construindo as lutas cotidianas, como contra as remoções, pelo direito a cidade, transporte, educação, saúde, etc.
 

Aumenta a criminalização

 

Desde o ano passado que os governantes tentam aprovar projetos que tipificam o crime de “terrorismo”, para ter mais uma arma contra as mobilizações populares, mas tinham dificuldade em obter apoio da opinião pública. Quem ganhou com a morte de Santiago foram os apoiadores de tais projetos, que possuem agora o argumento que precisavam para criminalizar o direito de se manifestar.

O secretário de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame um dia depois da morte do cinegrafista começou a pressionar o governo federal e o senado para aprovarem leis que intensificam a criminalização, afirmando que se o manifestante que acertou o artefato no cinegrafista estivesse preso nada teria ocorrido. Segundo Beltrame, é necessário aprovar um projeto que tipifica o crime para associação para a incitação ou prática de desordem. Tal lei contêm a proibição do uso de máscaras durante os protestos e está parado há três meses no Ministério da Justiça. Num caso como o que resultou na morte de Santiago Andrade, as penas ficariam entre seis e 12 anos de prisão. Também dois ou três jovens juntos em situação de “desordem pública” podem ser presos e punidos com um tempo ainda maior de prisão.

Esta intensificação da repressão já vem sendo gestada e naturalizada, como vemos com a política de internação compulsória, que permite a reclusão de moradores de rua, sem o consentimento dos mesmos, sobre a desculpa do “risco que os cracudos geram a sociedade”. Outra expressão da brutal política de segurança pública e o enorme número de “Amarildos” jovens negros e pobres das favelas que morrem diariamente sem direito a defesa.
 

Buscar a unidade da esquerda – amanhã vai ser maior!

 

Estamos em um novo momento histórico, no qual explosões de luta são constantes. Esta ofensiva da classe dominante, com a manipulação da mídia criminalizando xs lutadores e lutadoras, apontou o que esta por vir e é só a ponta do iceberg. Por isso, é tarefa das organizações e movimentos sociais e combativos dar continuidade à luta. Precisamos construir e consolidar espaços de articulação e planejamento da continuidade da luta.

A crise de referência de “ferramentas de luta de esquerda”, como partidos, movimentos, organizações que articulem as lutas, abre espaços para táticas como as black bloc, que são individuais e por isso não apresentam um horizonte coletivo de continuidades das lutas. Essas táticas muitas vezes atrapalham a construção coletiva, pois aparecem como uma falsa alternativa que substituem a necessidade da construção ampla entre os setores da esquerda.

Nós da LSR apontamos que agora é a hora de construirmos um Encontro Nacional dos Movimentos em Luta, que planeje um calendário de ações e bandeiras de luta que estejam a altura deste momento histórico! A nossa luta está só começando!

Você pode gostar...