Contra a precariedade do ensino na Unicamp
Não é nenhuma novidade o descaso dos governos e das reitorias no que diz respeito ao corte de verbas necessárias ao funcionamento adequado do espaço público, as políticas que impossibilitam a aplicação digna destes recursos para permanência estudantil e para as ações de extensão universitária.
O movimento de entrega dos espaços e das estruturas acadêmicas públicas aos programas privatizantes perpassa todas as universidades públicas brasileiras. Dessa forma instala-se a precariedade das atividades acadêmicas voltadas para o ensino público e para as pesquisas básicas. Um exemplo que manifesta a forma concreta de manifestação desse desmonte é o da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas, estado de São Paulo).
Na UNICAMP, com maior gravidade no IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas), a precariedade de que se trata se manifesta de modo gritante. Hoje, o corpo de professores e funcionários está a cada dia que passa cada vez mais reduzido devido às políticas de não reposição dos professores que há décadas vêm se aposentando.
Hoje, no curso de Filosofia da UNICAMP, existem apenas 15 professores na ativa, sendo que este número poderá ser reduzido se levarmos em conta o fato de que parte deles se aposentará até 2014. Daqui em diante, caso não seja feita uma política contínua de contratações, existe a real possibilidade de que o curso de Filosofia se desintegre por completo.
Igualmente, no curso de Ciências Sociais, mais especificamente na modalidade de Sociologia, a necessidade de contratações públicas é urgente. Tal curso, como o de Filosofia, está cada vez mais precário e em vias de ser fechado caso a reitoria da UNICAMP não atenda imediatamente a tais demandas. Além disso, o déficit de funcionários é, hoje, insuportável. O contingente de trabalhadores já aposentados deixou um déficit que não foi reposto, o que trouxe como conseqüência o acúmulo de trabalho sobre um número reduzido de trabalhadores.
A atual posição da reitoria, indicada e endossada em suas políticas pelo governo do Estado de São Paulo, é de que as atuais demandas dos estudantes pela contratação de novos quadros para o funcionalismo da universidade só serão repostas com o fim da aposentadoria destes quadros já beneficiados. Isso, por parte das autarquias da Unicamp, significa que não haverá novas contratações em número suficiente para o preenchimento de tais pendências.
Nós, da LSR, corrente esta que atua nacionalmente no “Construção”, coletivo nacional do movimento estudantil, temos como norteador central de nossas lutas diárias nos espaços acadêmicos, o fato de que são as lutas imediatas dos estudantes, a saber, as reivindicações que afetam diretamente a vida concreta da comunidade acadêmica, os fatores que podem levar as atuais batalhas políticas do movimento estudantil da Unicamp a possíveis vitórias.
Na UNICAMP, o coletivo “Construção” pautará tais questões no sentido de apontar nas reivindicações imediatas dos estudantes, funcionários e professores, os problemas gerais da universidade, buscando atingir o elo que liga o desmoronamento geral da universidade aos ataques imediatos capitaneados pelas atuais forças da reitoria e do governo do Estado paulista.