Eleições em Santos: Preparar as lutas e construir uma alternativa socialista independente!

Votar em Telma não é suficiente para barrar a direita e extrema direita

As eleições deste ano estão nacionalmente tensionadas pela polarização Lula e Bolsonaro. O PSOL permanece enfatizando frente ampla como a principal tática para derrotar a extrema direita. Essa tática problemática leva a coligações que ultrapassam a independência de classe e colocam o PSOL, em muitos municípios, nas mesmas fileiras de setores da direita. Em 2022, defendemos que o PSOL devia ter candidatura própria no primeiro turno, entendendo que não se tratava apenas de derrotar Bolsonaro, mas a agenda neoliberal, que a candidatura de Lula não estava disposta a enfrentar.

Defendemos que, para derrotar Bolsonaro eleitoralmente, poderíamos votar criticamente em Lula no 2º turno e, no 1º, priorizar a apresentação de uma agenda que de fato representasse os interesses da maioria, como barrar as privatizações, investimento em educação, saúde, moradia, avançar na garantia de direito ao aborto, entre outras pautas que colocam as pessoas e o meio ambiente acima do lucro de poucos.

A maioria da direção do PSOL aceitou Geraldo Alckmin como vice, e um programa extremamente limitado. Já nessa ocasião apontamos o risco de o PSOL se diluir nessa frente e comprometer os passos importantes que foram dados na direção de uma esquerda que se colocasse como alternativa aos limites do PT, que visa tirar lições da política petista de conciliação de classe e acordos com a direita, que rejeita que se rife pautas importantes das mulheres, LGBTs, negros e negras, indígenas.

Nessas eleições, dois anos depois, a lógica da frente ampla em torno do “mal menor” foi naturalizada em diversos municípios, sem sequer considerar outros fatores, nem mesmo possibilitar um debate mais aprofundado nas bases sobre como fortalecer o PSOL e uma esquerda independente nessas eleições.

Há quase três décadas, Santos é governada pela direita, tendo como consequência retrocessos graves com as privatizações e desmonte dos serviços públicos que já foram referência na cidade. A alta arrecadação tributária do município não diminuiu ou atenuou as desigualdades. Nesses anos, tivemos diversas experiências de frente única de trabalhadores, reunindo diferentes sindicatos, movimentos populares, organizações de esquerda. Cumpriram e ainda cumprem um papel importante e representativo na cidade, que deveria se expressar com candidatura própria nas eleições. Seria importante uma plataforma que expressasse esse setor combativo, que no dia a dia combate e denuncia as privatizações, defende o caminho das lutas, enfrenta as diversas formas de opressão e exploração.

Acreditamos que a candidatura de Débora (PSOL) para vereadora é a que mais se aproxima de um programa da classe trabalhadora e setores oprimidos. Seu mandato tem pautas alinhadas com as pautas do movimento negro, das mulheres, pessoas LGBT+, também da categoria de servidores municipais, além de ter cumprido um papel bastante importante de denúncia da Operação Escudo realizada ainda este ano.

Na disputa para a prefeitura, compreendemos que a ausência do PSOL e de outras candidaturas da esquerda socialista, como PSTU e PCB, deixam uma lacuna importante nesse momento. Foi um erro o PSOL se abster de ter candidatura própria e entrar na coligação, junto com partidos como PDT e PV, para eleger Telma de Souza, candidata pelo PT. Com candidatura própria, o PSOL poderia defender a municipalização do transporte com controle de trabalhadores e a plena reversão das privatizações nas áreas de saúde, educação etc.  Apesar de sua trajetória vinculada a um campo mais à esquerda, bem como apresentar pautas relevantes para a saúde pública e defender tarifa zero, existem limites na candidatura de Telma. Os partidos em sua coligação estão exclusivamente dentro do jogo institucional e não apontam uma saída baseada na organização coletiva e pelas lutas.

Como em outros municípios em que o PSOL adotou essa tática equivocada de não ter candidatura própria com um programa de esquerda pra valer, estaríamos dispostos a, no primeiro turno, apoiar e construir candidaturas alternativas que expressassem um programa socialista e de independência de classe. Na ausência dessas candidaturas, a opção pelo voto crítico em Telma de Souza expressa a rejeição à direita e extrema direita dentre as opções apresentadas.

Mas o mais importante é alertarmos os trabalhadores e todos os setores oprimidos da sociedade de que essas eleições, em si mesmas, não nos oferecerão uma saída para nossos problemas e a crise de Santos e do país. 

O voto crítico em Telma não basta. É preciso nos prepararmos para a luta que virá, ganhe quem ganhe as eleições. Somente a organização e luta coletiva poderá conquistar direitos e reivindicações. Sobre a base dessa luta independente dos trabalhadores, mulheres, negros e negras, pessoas LGBT+, poderemos construir candidaturas e uma alternativa política independente dos trabalhadores. O PSOL deveria ser um instrumento para isso. A LSR se coloca à serviço desse projeto.

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