Eleições em Campinas – voto crítico no Pedro Tourinho não é suficiente
Só com mobilização independente da classe trabalhadora podemos derrotar o projeto da direita em Campinas e avançar nas pautas da classe trabalhadora
As eleições municipais na cidade de Campinas acontecem em um momento difícil, tanto nacionalmente, como no Estado de São Paulo e na cidade de Campinas.
Nas últimas eleições de 2022, Lula saiu vitorioso no pleito apoiado na esperança de derrotar o retrocesso e o pesadelo que representava o bolsonarismo e a extrema direita. Na ocasião, o PSOL – Partido Socialismo e Liberdade – defendeu uma Frente Ampla, também sob o argumento de “derrotar o fascismo”. Passado quase dois anos de governo, a tática de defender e votar em Lula já no primeiro turno se mostrou incapaz de responder politicamente à necessidades da classe trabalhadora, uma vez que Lula optou, uma vez mais, por se aliar com àqueles que são responsáveis também pela permanência do bolsonarismo no cenário nacional, fazendo um governo de conciliação com setores da direita e o centrão e enfatizando uma agenda liberal. Derrotar Bolsonaro eleitoralmente não significou derrotar o bolsonarismo.
Nessas eleições, dois anos depois, a lógica da frente ampla em torno do “mal menor” foi naturalizada em diversos municípios, sem sequer considerar outros fatores, nem mesmo possibilitar um debate mais aprofundado nas bases sobre como fortalecer o PSOL e uma esquerda independente nessas eleições.
O PSOL Campinas, seguindo a mesma lógica do partido nacionalmente, optou uma vez mais pela Frente Ampla. Internamente nós defendemos que o partido deveria ter uma candidatura própria, com perfil militante e um programa consequente para a cidade de Campinas, um programa que sabíamos que não seria levado pela candidatura do PT. No entanto, o PSOL optou por uma coligação com o Partido dos Trabalhadores e total apoio à candidatura de Pedro Tourinho, saindo na chapa com a vice prefeitura.
Na disputa para a prefeitura, compreendemos que a ausência do PSOL e de outras candidaturas da esquerda socialista, deixam uma lacuna importante nesse momento. Foi um erro o PSOL se abster de ter candidatura própria e entrar na coligação para eleger Pedro Tourinho, candidato pelo PT. Com candidatura própria, o PSOL poderia defender a municipalização do transporte com controle de trabalhadores e a plena reversão das privatizações nas áreas de saúde, educação etc. Apesar de sua trajetória vinculada a um campo mais à esquerda, bem como apresentar pautas relevantes para a saúde pública existem limites na candidatura de Pedro Tourinho. Os partidos em sua coligação estão exclusivamente dentro do jogo institucional e não apontam uma saída baseada na organização coletiva e pelas lutas.
As eleições em Campinas serão disputadas por candidaturas da direita conservadora que já governa a cidade há muitos anos e vem aprofundando, nos últimos quatro anos nas mãos de Dário Saadi, as políticas de desmonte dos serviços públicos municipais como saúde, educação, transporte público, entre outros. Não há hoje qualquer candidatura que represente a ruptura com essa lógica privatista e neoliberal.
Como em outros municípios em que o PSOL adotou essa tática equivocada de não ter candidatura própria com um programa de esquerda pra valer, estaríamos dispostos a, no primeiro turno, apoiar e construir candidaturas alternativas que expressassem um programa socialista e de independência de classe. Na ausência dessas candidaturas, a opção pelo voto crítico em Pedro Tourinho do PT expressa a rejeição à direita e extrema direita dentre as opções apresentadas. Porém, como sempre apontamos e reforçamos, o voto crítico em qualquer candidato não basta, a eleição não resolverá os problemas da população de Campinas. Não devemos ter qualquer ilusão seja quem ganhar esse pleito, nenhuma candidatura oferece uma saída para nossos problemas.
A nossa tarefa – daqueles que defendem um projeto de esquerda e socialista – é preparar as lutas que virão após o período eleitoral. Nossa aposta e esforços devem ser na construção de lutas coletivas para conquistar nossas pautas e a transformação que a cidade necessita.
Nas candidaturas proporcionais – para vereadores e vereadoras – não lançaremos candidatura da LSR. Também não estamos construindo ou apoiando ativamente nenhuma candidatura, mas chamamos o voto nas candidaturas do PSOL – 50. O Partido apresenta candidaturas que vem da luta, se comprometem com as pautas da classe e das minorias e se colocam no campo do socialismo.
Mas reforçamos: o voto na legenda do PSOL e voto crítico em Pedro Tourinho não bastam! Somente a luta coletiva garantirá vitórias para a classe trabalhadora. Sobre a base dessa luta independente dos trabalhadores, mulheres, negros e negras, pessoas LGBT+, poderemos construir candidaturas e uma alternativa política independente dos trabalhadores. O PSOL deveria ser um instrumento para isso. A LSR se coloca à serviço desse projeto.