Aliança com PSB em Embu traz conseqüências para toda região

A última reunião do Diretório Nacional do PSOL (DN) do dia 29 de junho aprovou um conjunto de alianças para as próximas eleições no país e no estado de São Paulo que distorcem e comprometem profundamente o perfil de partido que nos propúnhamos a construir quatro anos atrás.

Encaminhados pela Exe­cutiva do partido no estado, o DN aprovou aliança em Várzea Paulista com o PSL; em Casa Branca com o PMN; em Campo Limpo com o PSDC; em Ribeirão Preto com o PCdoB; em Tatuí com o PTN e no município de Embu das Artes o partido fechará aliança com o PSB.

PSB compõe a base de Lula e Serra

Lamentavelmente não adiantaram os alertas e preocupações de vários militantes e núcleos sobre as conseqüências dessas alianças para o futuro do partido no estado.

No caso da aliança eleitoral do PSOL com o PSB no município de Embu terá conseqüências políticas graves, pois o PSB, além de ser um partido burguês que nada tem a ver com a luta dos trabalhadores desenvolvida por nosso partido, é base de sustentação do governo Lula e seus parlamentares votaram a favor de todos os projetos que retiram direitos dos trabalhadores.

No estado de São Paulo, o PSB também é base de sustentação do governo José Serra e está comprometido com a política de privatizações das estatais paulistas e com os ataques ao funcionalismo estadual.

A prefeitura de Embu é dirigida pelo PT há sete anos e meio e tem Roberto Terassi (PSB) como vice-prefeito. Roberto Terassi é também presidente da Asso­ciação Comercial do Município.

O presidente da Câmara Municipal é dirigida por Nataniel da Silva Carvalho/ PDT, mais conhecido por Natinha, que foi do PSB e se desfiliou deste partido após perceber que Roberto Terassi seria o candidato escolhido pelo PSB da cidade. Natinha será o candidato a vice na chapa do PT nas próximas eleições.

O PSB mantém vários secretários na administração e os desentendimentos com o prefeito Geraldo Cruz/PT se devem ao rompimento de acordo feito entre PSB e PT, na qual neste pleito o PSB teria o candidato majoritário. O que deixa claro que não há nenhuma diferença política ou programática com a atual administração.

PSB atrás de repressão em Taboão

Em nossa região, a aliança assume proporções dramáticas, uma vez que o PSB dirige a prefeitura de Taboão da Serra junto com o PT, implementando uma política autoritária e truculenta contra os movimentos sociais, para citar apenas um caso, damos o exemplo do tratamento despendido ao MTST que foi violentamente reprimido pela GCM a mando do prefeito Evilásio Farias.

Em outro município vizinho, Cotia, muito provavelmente o próximo prefeito será Mário Ribeiro, que também é do PSB e já foi prefeito da cidade anos atrás. Mario Ribeiro ficou conhecido por sua campanha contra os sindicatos e ativistas do município.

O núcleo da de Taboão da Serra apresentará candidaturas a prefeito e vereador e esta aliança em Embu, nos criará uma situação política absolutamente desconfortável e constrangedora para os militantes e candidatos durante a campanha eleitoral, pois teremos que justificar porquê tanto criticamos o PSB em nosso município e ao mesmo tempo nos coligamos em Embu? Esse quadro não ajuda em nada na construção de um partido com um perfil de esquerda e socialista voltado para as lutas sociais.

Por trás desta aliança está o objetivo de manter o mandato do vereador Toninho a qualquer custo mesmo que pra isso tenha que se aliar com um setor da burguesia da cidade que se organiza no PSB.

Fechou com quem defendia voto nulo na Apeoesp

Esta lógica de manter o mandato a qualquer preço levou o grupo do vereador Toninho também a fechar chapa com o grupo Movimento Negação da Negação (MNN) que chamava voto nulo para eleições da Apeoesp, mesmo quando a posição oficial do PSOL era a de apoio a Chapa 2 da oposição.

Um dos argumentos utilizados para aprovar esta expúria aliança com o PSB no Embu deve-se a importância do mandato para a luta do MTST. É verdade, o mandato jogou um papel fundamental na defesa das famílias do acampamento Silvério de Jesus, e perder este apoio seria um grande retrocesso. No entanto, toda credibilidade acumulada defendendo os acampados de nada servirá com o partido chamando voto para um candidato da direita.

Desgaste político

Na verdade, a aliança com o PSB será um suicídio político para o vereador Toninho, pois não basta manter um mandato, é necessário manter a independência de classe e um claro perfil de oposição aos patrões e as reformas do governo Lula e de Serra.

E isso com toda certeza não fará parte da campanha Roberto Terassi.