Só a luta pode derrotar o bolsonarismo!
Bolsonaro mostrou força no ato do dia 25 de fevereiro, mesmo ameaçado pela Justiça pela tentativa de golpe. Estamos todos na expectativa, ele vai ser preso? Não devemos confiar na Justiça burguesa, sempre ao lado do grande poder econômico. É a força da classe trabalhadora mobilizada e nas ruas que pode prender Bolsonaro, derrotar o bolsonarismo e arrancar direitos!
Desde o dia 8 de fevereiro voltou a esperança de mais da metade da população de que Bolsonaro finalmente será preso. Foi o ponto alto das investigações da PF e STF sobre a tentativa de golpe em 2022 e 2023, com a infame invasão dos Três Poderes pelas hordas bolsonaristas no dia 8 de janeiro. Após condenar 116 pessoas que participaram diretamente da quebradeira do dia 8, ou seja, muito peixe pequeno, as investigações estão chegando nos mentores do golpe: Bolsonaro, o alto escalão do seu governo e oficiais militares da ativa e da reserva.
25 de fevereiro
Entretanto, Bolsonaro deu uma resposta significativa, demonstrando relativa força política e apoio: o ato na Paulista do dia 25 de fevereiro. O ato cumpriu os seus objetivos, pois reuniu mais de 100 mil pessoas após um ano sem ações de rua dos bolsonaristas e em um momento defensivo. Além disso, mostrou muita disciplina ao não expor para a Justiça nenhuma nova prova de relação com o golpe, até na ausência completa de cartazes, faixas, camisetas, etc. A presença de governadores, senadores e muitos outros figurões, alguns que não são do núcleo duro do bolsonarismo, aumentou a importância do evento.
O bolsonarismo está vivo e forte
O bolsonarismo atualmente se encontra acuado, mas isso nem de longe significa que ele está derrotado. As bases sociais do bolsonarismo são fortes, ligadas à pequena burguesia das grandes capitais, a setores da grande burguesia e, o mais preocupante, setores populares com relações de trabalho autônomas e evangélicos, com forte predominância masculina. Se Bolsonaro pode ter perdido algum apoio nas pesquisas ou eleitoralmente, mantêm o seu principal ativo, o enraizamento social e grupos atuando cotidianamente em meio ao povo.
A ideia de que as “conquistas do governo Lula” e as instituições democráticas derrotaram o bolsonarismo tem se mostrado falsa. O ato de 25 de janeiro demonstra isso. Pesquisa da Genial Quaest mostra que 39% da população acredita ser injusta uma possível prisão de Bolsonaro e 40% não acredita que ele participou do golpe e de que a inelegibilidade dele foi um erro. Mesmo o governo Lula tendo atingido bons resultados na economia no ano passado, pouco mudou o apoio geral ao bolsonarismo, muito menos na sua base organizada. Quando aparecerem maus resultados econômicos, influenciados pela crise internacional do sistema, e houverem explosões sociais causadas pelas condições horríveis de sobrevivência do povo, a base social da extrema-direita vai prosperar e o núcleo do bolsonarismo vai saber aproveitar o momento. Só há uma saída efetiva, a retomada das ruas pela classe trabalhadora independente e organizada, pela prisão de Bolsonaro e seus apoiadores e contra qualquer anistia ao 8 de janeiro, mas, mais do que isso, com um programa de reivindicações que dê respostas aos problemas cotidianos do povo, que consiga dialogar com as suas necessidades.
A Justiça vai prender Bolsonaro?
As chances de prisão rápida de Bolsonaro não são tão grandes como muitos esperam. Teria que haver uma grande escorregada dele para que aconteça um flagrante com prisão preventiva. Uma possível prisão poderia ocorrer após o fim das investigações, o possível (mas não garantido) indiciamento dele, todo o processo de julgamento (que pode demorar meses ou mais de ano), condenação, recursos (mais alguns meses ou anos), e aí sim, a possível prisão. Existem cinco processos abertos no STF contra ele, por crimes diversos durante o seu governo, mais 17 no TSE (um deles que já causou a sua inelegibilidade) e mais um só na PF (o das joias). Esse processo do golpe é o que parece mais avançado.
A realidade é que a Justiça do sistema burguês condena e prende os pobres e negros rapidamente e deixa quase metade desses presos sem julgamento por anos. Muitos não chegam à Justiça, pois já são julgados e condenados sob a bala das polícias que matam indiscriminadamente essa população, sob a justificativa de combate ao crime. Por outro lado, a Justiça burguesa dá todas as vantagens e privilégios e dificilmente prende os cidadãos endinheirados. No caso dos políticos burgueses, muitas vezes conseguem até novos mandatos mesmo condenados pela Justiça. Então, porque devemos confiar que essa mesma Justiça vai punir os grandes do bolsonarismo, incluindo os altos oficiais das Forças Armadas? Alexandre de Moraes, nomeado por Temer, foi um dos mentores da política assassina da PM paulista durante anos.
A mesma Justiça que avalizou o golpe de 2016, condenou Lula e impediu a sua candidatura em 2018, não prendeu Temer, deixa Bolsonaro solto, impediu as investigações das rachadinhas dos filhos de Bolsonaro, não encontrou o mandante da execução de Marielle, não condenou ninguém da ditadura, sempre foi um instrumento do grande poder econômico para manipular de acordo com os seus interesses. Quando precisou de Bolsonaro, foi cúmplice de todos os seus horrores contra a classe trabalhadora.
Confiar na justiça?
Agora, dizem que serve para a tal da “reconstrução das instituições democráticas” sob o comando do governo Lula. Em breve, o poder econômico poderá usar esse instrumento novamente a favor da extrema-direita, mas sempre contra a classe trabalhadora e a favor dos seus interesses. Por isso, não devemos confiar na Justiça burguesa e sim construir uma mobilização dos trabalhadores pela prisão de Bolsonaro.
Está sendo chamado um ato no dia 24 de março Isso é importante, mas não suficiente. A luta é permanente e deve estar ligada também às reivindicações da nossa classe para resolver os seus problemas, a começar pela luta das mulheres no dia 8 de março!