Justiça para Carol! A crueldade desse lesbicídio é a crueldade heteronormativa e machista do capitalismo
Carol Câmpelo, uma jovem de 21 anos, mudou-se para o município de Maranhãozinho com o sonho de se tornar Bombeira Militar. Trouxe sua esposa e começou a trabalhar em uma conveniência de um posto de combustível. Porém, seus sonhos foram interrompidos ao ser abordada às 1h30 da madrugada de domingo (10) ao sair do trabalho. Após a abordagem, só se teve notícias de Carol ao encontrarem seu corpo sem vida na manhã de domingo.
Ela foi assassinada, encontrada sem o couro cabeludo, a pele do rosto, os olhos e as orelhas. Este brutal ataque não foi aleatório, a totalidade da violência de sua morte não foi acidental, foi proposital, foi lesbocídio!
Só até agosto foram registrados mais de 5 mil casos de violações de direitos contra lésbicas em 2023. Não são violências aleatórias, são centradas por se tratarem de pessoas LGBTQIA+, são crimes de ódio. Mesmo se tratando de um tipo de violência recorrente e sistemática, não se vê esforços suficientes dos governos para mudarem esse cenário: falta estrutura para se denunciar, investigar e até unir dados para pesquisas mais profundas sobre modos de prevenção e ação contra essa violência.
Essa falta de estrutura não é vista só em casos de violência contra mulheres lésbicas, é possível ver em outros casos de feminicídio e no assassinato e tortura de pessoas trans e travestis, violências essas que também se somam ao racismo. Temos números estrondosos de violência cotidiana contra setores oprimidos em nosso país. O Brasil segue como o país com o maior número de pessoas LGBT+ assassinadas, com uma morte a cada 32 horas; a cada 4 horas uma mulher é vítima de violência e pessoas negras têm 2.6 vezes mais chance de ser violentadas em solo brasileiro.
Isso tudo é resultado de uma estrutura machista, racista e lgbtfobica. É um projeto proposto pelo estado burguês que essas camadas sejam as mais precarizadas, as mais violentadas e que a mortes delas sigam acontecendo. Vivenciamos 4 anos de um governo de extrema direita e mesmo com a derrota nas urnas de Bolsonaro, seguimos vendo a direita recolocando seu discurso preconceituoso e violento.
Exigimos políticas de combate à lesbofobia, mais facilidade para acessar os mecanismos de denúncia, mais seriedade nas investigações desses casos, redes de pesquisa e coleta de dados. Por mais que sejam ações de redução de danos, são importantes e ainda é urgente lutarmos pelo fim desses crimes de ódio.
Exigimos ações imediatas do governo nesses casos e justiça vinda do Estado, mas é ilusório acreditar que mesmo o governo tomando essas medidas os casos iriam se extinguir. Sabemos que no sistema capitalista que vivemos, com a LGBTfobia estrutural e enraizada em nossa sociedade, isso não será possível porque nele nunca teremos direitos plenos e nem seremos considerados cidadãos, temos nossos direitos atacados todos os dias ao redor do mundo. O sistema não nos quer existindo, casando, amando, constituindo famílias e vivendo. Precisamos derrubar o capitalismo para que tenhamos nossos direitos, para que possamos viver plenamente. Precisamos de um avanço verdadeiro da sociedade para podermos ter esse mundo.
Esses casos nunca serão extinguidos enquanto houver um sistema que nos explora e nos oprime! Crimes de lesbofobia tem em suas raízes LGBTfobia e machismo estrutural, não se mata uma lésbica somente por sua sexualidade, existe o ódio por não ser agir “como uma mulher” para a sociedade, não amar “como uma mulher”. E esse agir é pago com a vida, com violência física e sexual. Temos que combater essas violências diariamente com as armas que temos em mãos, a luta. Só teremos o fim desse ciclo com a destruição do sistema capitalista e com uma revolução rumo a uma sociedade socialista comprometida com o fim das opressões!