Lula garante dinheiro para especuladores, mas não para os aposentados e o funcionalismo
Com a Grécia a beira da moratória e outros no mesmo caminho, a dívida pública tornou-se uma das bombas-relógio armadas pela crise internacional do capitalismo. Os neoliberais do estado-mínimo convertidos repentinamente em keynesianos perdulários para salvar a própria pele, agora querem jogar nas costas dos trabalhadores a fatura dos pacotes de ajuda a banqueiros e empresários.
Apesar de toda a propaganda de que no Brasil é diferente, para os trabalhadores pairam as mesmas ameaças e os mesmos ataques. O próximo governo burguês, seja ele encabeçado por Dilma ou Serra, terá que abrir sua caixa de maldades contra os trabalhadores para tentar garantir os interesses do grande capital.
Já hoje, em nome da responsabilidade fiscal, o governo Lula se recusa a aceitar um reajuste da aposentadoria (para os aposentados que ganham mais do que um salário mínimo) igual ao reajuste do mínimo (9,2% retroativo a janeiro). Até mesmo o acordo rebaixado proposto pelas Centrais sindicais governistas (de 7,7%) não é aceito pelo governo. Mas, quando se trata de repassar dinheiro público a banqueiros e empresários, o governo Lula esbanja à vontade.
Através da chamada DRU (Desvinculação das Receitas da União), o governo Lula cortou da Seguridade Social no ano passado mais de R$ 39 bilhões. Tudo para garantir a meta de superávit primário, ou seja, pagar aos especuladores e tubarões capitalistas que são credores da dívida pública. Segundo a Auditoria Cidadã, esse montante retirado dos trabalhadores equivaleria a um reajuste das aposentadorias 55 vezes maior do que esse tão temido pelo governo.
Além disso, um reajuste das aposentadorias seguindo o salário mínimo representaria pouco perto dos recursos que o governo abriu mão ao subsidiar empréstimos aos grandes empresários via BNDES. Para garantir crédito barato aos capitalistas, o governo emitiu títulos do Tesouro, ou seja, contraiu mais dívida, para repassar ao BNDES cerca de R$ 180 bilhões que estão indo de mão beijada para o setor privado.
Em 2008, o pagamento de juros e amortizações da dívida representou 30% do orçamento, enquanto apenas 5% foram destinados à saúde, 3% à educação e 12% para toda a área social do governo.
Segundo dados apresentados na CPI da dívida pública (formada a partir de proposta de Ivan Valente do PSOL), o gasto acumulado entre 1988 e 2009 com o serviço da dívida chega a R$ 5,7 trilhões, com uma forte aceleração no último período. Mesmo pagando todo esse montante, quando Lula assumiu o primeiro mandato a dívida pública era de R$ 687 bilhões e hoje já beira os R$ 2 trilhões.
Uma alternativa dos trabalhadores nas eleições, como a candidatura de Plínio pelo PSOL, terá que defender a imediata suspensão do pagamento da dívida pública e uma auditoria com controle dos trabalhadores, junto com a estatização do sistema financeiro com controle dos trabalhadores, como bandeiras centrais.